8º dia

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09h00 - Desta vez, pudemos acordar mais tarde e, como todas as nossas tendas estavam à sombra de umas rochas enormes, mantinham-se frescas. Estávamos, portanto, de baterias carregadas para o resto do dia, que seria preenchido com uma descida no Rio Colorado, numa zona de rápidos bastante violentos. O plano era fazermos uma mochila (para andar às nossas costas) para os dois dias seguintes. Ou seja, tinhamos de levar saco cama, colchão, uma muda de roupa, botas, sandálias, etc... E íamos ter longas e pesadas caminhadas pela frente, avisou-nos o Dave. "Por isso, tentem poupar no peso do que levam na mochila", acrescentava ele.
Entretanto, o pequeno-almoço começou a ser feito. Sim, o mesmo de sempre... mas que sabia mesmo bem, embora em Portugal eu não tenha a mania de comer este tipo de coisas. Mas era dos ares, que faziam abrir o apetite.

11h00 - Arrumados os grandes sacos no Jeep, restou-nos a mochila nos ombros para seguirmos viagem. Começámos então a caminhada, sob um Sol escaldante... só pensávamos em chegar ao Rio o mais depressa possível. O mais difícil foi a última parte, em que descemos um monte altíssimo a pique, com o Rio ali em baixo a olhar para nós. Todo o cuidado era pouco, por forma a não escorregarmos nas pedras soltas. À medida que íamos andando, as pernas tremiam cada vez mais... não de medo, mas sim de esforço, já que a descida era mesmo muito íngreme.

12h30 - Atingimos a margem do Rio e ficámos ali debaixo de umas árvores a almoçar. Muito gostavam eles de nos dar sandes e tudo servia para meter dentro das duas fatias de pão. Mas com o apetite com que estávamos, eu era capaz de comer aquelas sandes (que até eram bastante saborosas) a todas as refeições.
Depois de comermos, vestimos os coletes e entrámos nos barcos insufláveis. No meu barco ficou o Artum, a Sara e a Pia, com a guia Kelly (sim, a Heidi sardenta estava de novo connosco).

13h30 - A Kelly começa por dizer que íamos apanhar 30 rápidos!! Bem, ficámos mesmo todos excitadíssimos, já que ia ser quatro vezes mais dos que tinhamos feito no outro dia. E ainda por cima, bastante mais violentos.
Bem, a partir daqui qualquer descrição, por mais pormenorizada que seja, não faz jus ao que se passou no Rio. Foi mesmo uma sensação única, entrarmos em rápidos selvagens, rodeados de canyons enormes, com ondas de quase 3 metros, a sentirmo-nos sacudidos por todos os lados, mas sempre a remar com toda a força que conseguíamos.. "Paddle Hard" - fartava-se de dizer a Kelly.
Num dos rápidos, o barco virou-se praticamente todo de lado, tanto que eu pensei que ia mesmo virar. Vem então uma onda que me apanha a mim e à Sara, que íamos na parte esquerda do barco, e nos atira à água, no meio do rápido. Fomos levados abaixo de água e provavelmente passámos por baixo do barco. Quando vim à tona, rapidamente consegui agarrar as cordas do barco e puxaram-me para dentro. Isto tudo sem nunca ter largado o remo das mãos. Entretanto, salvámos também a Sara das águas turvas e violentas e, num ápice, recomeçámos a remar todos, de forma a sairmos do meio do rápido.
A queda na água, no meio do rápido, foi uma sensação excelente!! O melhor do dia, definitivamente.
Apanhámos mais alguns rápidos violentos e houve mesmo num, em que tentámos virar o barco, para ir tudo à água. De facto, tentámos esse rápido 2 vezes. Saímos e levámos o barco por terra, até ao início do rápido novamente, para tentarmos virá-lo. Mas o que é certo é que nos esforçámos e ninguém foi à água.

17h30 - O último rápido era daqueles de meter respeito, com enormes rochas e ondas violentas, onde era preciso ter a destreza suficiente para as ziguezaguiar. Neste rápido apanhámos um banho completo... houve uma onda que nos passou completamente por cima. À saída do rápido, ríamos que nem uns perdidos, resultado da adrenalina causada pela experiência empolgante.
Só depois de pararmos de remar é que vimos como estávamos cansados. Agora sabia mesmo bem ir o resto do caminho no barco a motor.

19h00 - Chegámos, por fim, a uma praia de areia fina e branca do lado direito do rio. Era o local do nosso acampamento. Num ápice, o pessoal que vinha connosco no barco começou a montar a cozinha, enquanto eu e o Sasha fomos arranjar lenha para acender a fogueira. Havia também umas grelhas com carvão onde se começaram a assar umas carnes, fazendo libertar um aroma que invadiu toda a praia. A acompanhar o barbecue tinhamos batata assada, cebola salteada, arroz e salada... e no fim um bolo de chocolate acabado de fazer!! O que é que nós queríamos mais??

21h00 - Depois de nos regalarmos com aquele manjar (que repeti duas vezes), fomos para perto da fogueira, que já ardia com bastante intensidade. Ali, começámos a contar histórias macabras uns aos outros, acerca de espíritos, acerca de assassinos à solta, etc. Qualquer história impressionava as raparigas do grupo e havia mesmo uma que ficava com a cara repleta de lágrimas: sim, era a Sara, a espanhola chorona. 😊 Contaram-se também diversas histórias de antigos índios ali da zona e da tentativa deles em afastar os intrusos das suas terras.

00h00 - Estivemos ali no calor da fogueira durante mais um bocado e depois fomos deitar-nos, que o dia de amanhã ia começar cedo. Desta vez não tinhamos as tendas connosco e, portanto, dormimos sob um céu repleto de estrelas, apenas com o saco cama. Foi espectacular, o facto de adormecer a olhar para as estrelas e para uma lua cheia enorme, que iluminava completamente o rio, dando-lhe uma tonalidade prata.

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Photos

A longa caminhada
Aqui vamos nós em filinha, tentando aguentar o imenso calor e só a pensar numa coisa: RIO!!

Preparados para a descida
... e o rio também preparado para nos engolir. É pena não ter fotos (ainda) dos rápidos fantásticos. Assim que tenha, ponho aqui.

Rio abaixo a motor
Depois da tempestade... a bonança. Cansados que estávamos, sabia mesmo bem ir de boleia no barco a motor.