Finalmente Santiago de Compostela


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June 23rd 2012
Published: September 29th 2012
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Merecido descansoMerecido descansoMerecido descanso

Depois de um longo dia de caminhada, mesmo com o frio, só se consegue andar de chinelos mesmo.
A única mudança que programamos fazer em relação ao roteiro do guia foi fazer em 3 dias um percurso sugerido para 2 dias, nos 67km que antecedem Leon. Com o físico melhor nessa altura do caminho, até poderíamos encarar os dois dias, mas achamos mais prudente evitar possíveis contusões por um excesso de confiança. As manhãs estavam bem frias nessa etapa da jornada e chegamos a nos arrepender de não termos trazido luvas. Mas o tempo melhorou ao longo do dia e fomos muito bem neste trecho. Passamos Sahagun, famosa por suas igrejas feitas com tijolos à vista e que estava preparando terreno para sua corrida de touros (similar à de Pamplona, mas realizada no dia de San Juan) e paramos em Bercianos del Real Camino. O pueblo não tinha nada demais, mas foi uma grata surpresa porque o albergue local era administrado por dois irmãos que proporcionavam um ambiente muito acolhedor, oferecendo uma paella comunitária, servida com muito vinho e animação, e um bom café da manhã (tudo isso em mais um daqueles albergues cujo preço de estadia é voluntário, no valor de doações que o peregrino quiser/puder pagar).

Daí para a frente, o caminho começa a mudar de
Textura da castilhaTextura da castilhaTextura da castilha

Detalhe de uma casinha típica dos pueblos da região de León.
figura. O trecho de caminhada até Santiago é cada vez mais curto e concentra mais pontos “turísticos”. A cada um ou dois dias você acaba se deparando com uma cidade de maior porte, sempre com mais monumentos a visitar e com mais peregrinos iniciando a jornada.

O perfil geral dos peregrinos começa a mudar. Há uma redução na idade média. Enquanto nós estávamos atingindo o nosso auge físico, o pessoal com mais idade já estava começando a sentir a soma dos dias. Muitos jovens, com um interesse mais esportivo ou turístico, geralmente com menos tempo de férias, começar a se juntar ao grupo nessa fase final de peregrinação. O número de espanhóis também aumenta bastante. Surgem alguns grupos maiores de peregrinos fazendo o caminho (ou um trecho dele) juntos. É interessante ver e comparar a postura e o estado de espírito deles em contraste com aqueles que já estão há algum tempo na jornada. É muito diferente. Com o tempo se fica mais solidário, sereno. E se aprende a respeitar o caminho. Ele acaba colocando muita gente no seu devido lugar.

A primeira dessas cidades de maior porte é León, que, assim como Burgos, tem uma catedral lindíssima, com vitrais espetaculares. E assim como em Burgos, chegamos a León em um domingo e, mais do que isso, num Corpus Christi. Por isso, o centro da cidade estava tomado por desfiles e outras atrações, como uma feirinha medieval cheia de jogos e artigos da idade média. Foi em León que assistimos à estreia da Espanha na Eurocopa. Também foi em León que comemos um belo Menu do Dia, com lagostins e bacalhau (na Espanha os restaurantes costumam oferecer a refeição do dia, em geral com preços em torno de 8 a 12 euros, incluindo um primeiro e um segundo prato, sobremesa, pão e bebida – água ou vinho). Por fim, foi em León a única vez que tivemos que ficar em quartos separados, já que o albergue da cidade tem um andar só para homens, outro só para mulheres.

Dois dias depois de León, chega-se a Astorga, cidade de origem romana e que ainda abriga algumas ruínas dessa época, além de uma bela catedral ao lado de um também belíssimo palácio episcopal, obra de Antonio Gaudi, que mistura estilos medievais e modernistas. No caminho de Astorga, há uma passagem interessante pela bonita Ponte de Órbido, onde, em 1434,
Ponte de ÓrbidosPonte de ÓrbidosPonte de Órbidos

Onde, há séculos atrás, se realizaram duelos de cavaleiros.
se realizou um célebre torneio de armas (daquelas em que os cavaleiros se desafiavam com lanças) e que é relembrado todos os anos no local, com simulações do combate (evento que por pouco não pegamos, já que vimos a estrutura da festa sendo montada no local). Foi mais ou menos neste trecho que conhecemos outro peregrino figuraça, o Fernando, um Sevilhano falante de vinte e poucos anos que estava começando o caminho por ali e o fez inteirinho com uma bandeira do Betis amarrada na cintura, ficando como uma saia do seu amado clube.

Depois de Astorga, o cenário árido tipicamente castelhano começa a ganhar vida e dar lugar para um ambiente mais próprio da Galícia. As paisagens começam a cobrir-se de uma vegetação mais abundante e úmida. Começam a surgir os primeiros morros e as primeiras casinhas de pedras, típicas da região noroeste espanhola. O dia termina em Foncebadón, um pueblo quase fantasma, praticamente no topo de uma montanha. Muitos dos peregrinos hospedam-se em outros pueblos antes do pico. A população local limita-se a algo como dois cavalos, uma cabra, algumas vacas e o pessoal dos dois ou três albergues abertos, que, segundo nos disseram, também se mudam
Bela cidade de AstorgaBela cidade de AstorgaBela cidade de Astorga

Visão do parque da cidade para as muralhas, palácio episcopal e catedral
dali durante o inverno. Há muitas ruínas de casas abandonadas, destroçadas. O ambiente é interessantíssimo: pouquíssimas pessoas, uma bela e bucólica paisagem que vai ao longe. Não se ouve mais do que o som do vento soprando de um lado a outro do pueblo, quase sem obstáculos à frente. Na manhã seguinte, após pouco tempo de caminhada, com direito à bela vista do nascer do sol a partir do cume da montanha, chega-se a uma pequena cruz de ferro, erguida no ponto mais alto de todo o caminho francês. Abaixo dela, uma verdadeira montanha de pedrinhas deixadas ali pelos peregrinos buscando sorte em sua jornada, repetindo o gesto antigo dos galegos que passavam ali para irem trabalhar nos campos de cereal castelhanos.

Na descida da montanha, entramos na região do Bierzo, com pueblos muito arrumadinhos e simpáticos pelo caminho que nos leva a Ponferrada, mais uma cidade pela qual passamos neste trecho. O grande destaque ali é o Castelo dos Templários, que está em ótimo estado de conservação e que é um dos melhores exemplos de arquitetura militar da famosa ordem de monges guerreiros.

A região do Bierzo é famosa pelas suas frutas e isso fica claro durante
O castelo templárioO castelo templárioO castelo templário

Super bem preservado, reina absoluto em Ponferrada. Com certeza vale a visita.
o caminho, que margeia inúmeras plantações de árvores frutíferas das mais diversas, como uvas, peras, maçãs, pêssegos, figos e muitas outras, todas elas ainda meio verdes, prestes a amadurecer. Todas, exceto uma: a cereja. O pecado da gula dos peregrinos. Não é exagero dizer que chegamos a quase enjoar de comer tantas suculentas e deliciosas cerejas que encontramos em carregadas cerejeiras na beira das trilhas percorridas naqueles dias.

O cartão de visitas da Galícia é a temida subida que leva ao Cebreiro, o primeiro pueblo da região. Dias, semanas antes de chegarmos ali, o grupo de brasileiros que estava fazendo o caminho na mesma época que a gente falava da tal subida. Provavelmente alguém que os preparou para o caminho passou maus bocados por ali, porque segundo os discursos parecia que a subida do Cebreiro era coisa de outro mundo, daquelas que separam os homens dos meninos. E que passado este desafio, já teríamos praticamente chegado ao nosso destino final, porque o que viria dali para frente era mamão com açúcar.

Pois para nós, nenhuma dessas previsões se concretizou. A subida, de fato, é íngreme e desafiadora, principalmente por se tratar dos oito últimos quilômetros de um dia
PonferradaPonferradaPonferrada

Belo castelo de ordem templária que, ao ser explorado, nos transporta através dos anos e traz uma sensação quase real da época.
de 28 percorridos. Some-se a isso o fato de estar chovendo e a trilha ser predominantemente dominada por barro, tem-se o cenário perfeito para o terror de muitos. Porém, para nós é justamente o oposto. Acostumados com os úmidos parques nacionais brasileiros, isso foi como finalmente chegar às divertidas trilhas no meio do mato que tanto nos inspiram. No final de um dia como esses, a sensação é sempre de dever cumprido. O último trecho da subida premiou o Fe com sua primeira e insuportável bolha no pé e ainda o relembrou das antigas contusões de futebol mal resolvidas no tornozelo - mostrando mais uma vez que se você tem alguma dessas contusões não totalmente curadas, é bem provável que ela apareça mais cedo ou mais tarde no seu caminho para dizer um “olá” – mas apesar disso, chegamos muito bem ao charmoso e místico pueblo do Cebreiro.

Apesar de estar todo montadinho para ser um destino turístico, cheio de e lojinhas de souvenires e restaurantes dando as boas vindas para a maravilhosa cozinha galega, o povoado parece ter algo de mágico. O ar frio no topo das montanhas ocultas por uma névoa cristalina, as casinhas todas de pedra,
FoncebadónFoncebadónFoncebadón

Ruínas em uma imensidão silenciosa.
no estilo das antigas palhoças celtas, e as rústicas tabernas por todos os lados, ainda trazem um autêntico ar medieval. Na manhã seguinte, o nascer do sol visto de cima das nuvens, acompanhado de um café com leite quentinho em uma dessas tabernas, foi um momento especial.

Mas nem tudo são rosas no Cebreiro. Chegar da desafiadora trilha, ainda com as bochechas vermelhas da subida, num dia frio, molhado e lamacento, e descobrir que acabou a água quente no albergue ou que as máquinas de lavar estavam quebradas não foi tão legal assim. Também ficamos sabendo que alguns peregrinos tiveram dinheiro roubado dentro do albergue.

A partir do Cebreiro, entramos na última semana de caminhada, toda percorrida na Galícia. Quase todo o caminho passa regiões mais montanhosas, ou seja, voltamos a conviver diariamente com as subidas e descidas. Normalmente, são trilhas em matas mais densas, intercaladas com vários pequenos pueblos, onde facilmente se cruza com a famosa “rubia galega”, uma vaca amarelada muito comum na região e que, segundo os galegos, é fonte da melhor carne do país. A constante presença delas na pista torna a passagem por alguns pueblos muito mais “bostosa”, com mosquinhas nos
Bosques verdes galegosBosques verdes galegosBosques verdes galegos

Mata fechada, alta umidade e mudança nas cores deixam a trilha mais parecida com a das matas brasileiras.
saudando a cada novo pueblo. E falando na melhor carne do país, a Galícia também é famosa por ter os melhores frutos do mar do país, além de excelentes frutas, pães, queijos e vinhos. Vale a pena aproveitar esse trecho para tirar a barriga da miséria e tomar um bom vinho com uvas Mencia, um delicioso queijo de Arzua, um saboroso Caldo Galego ou, o melhor de todos, o fantástico Pulpo à feira.

Faltando 100kms para Santiago, entramos naquele trecho mínimo “exigido” a ser percorrido para que o peregrino possa ganhar a Compostelana ao chegar no final do caminho. Isso torna o percurso bem mais povoado e muda ainda mais o perfil dos peregrinos. Algumas excursões e vários grupos de amigos em férias começam a aparecer. No início de cada dia fica evidente a maior quantidade de pessoas disputando cada espaço nas trilhas, muitos com o espírito mais competitivo de quem ainda acha que tem que chegar na frente dos demais. Porém, ao longo do dia, as pessoas vão se dispersando, cada qual adotando seus ritmos naturais de caminhada.

Conhecemos várias pessoas muito interessantes nesse final do caminho e já fomos nos habituando com alguns companheiros de mais
Sobre as nuvens no CebreiroSobre as nuvens no CebreiroSobre as nuvens no Cebreiro

Depois de uma bela subida em baixo da chuva, nada como um solzinho e pés para o ar para descansar.
“longa data” na peregrinação. E são perfis de pessoas completamente diferentes entre si que eventualmente podem ser vistos reunidos em um bate papo, o que enriquece muito a troca de experiências. Um grande exemplo é de um senhor Português de oitenta anos de idade que estava fazendo parte do caminho pela enésima vez porque estava entediado em casa. Uma pessoa de muita experiência, repertório e incrível bom humor que serve como um daqueles verdadeiros professores da vida simplesmente pelo exemplo que dá naturalmente. E são inúmeros casos, de diversas idades, nacionalidades e com diferentes histórias de vida que vão se encontrando ao longo do caminho, uma, duas ou diversas vezes.

Santiago ainda estava chegando, mas já sabíamos que esta experiência tinha valido muito a pena e mexido com nossas cabeças. Não existe milagre ou mudança drástica, mas o longo período em contato consigo mesmo, enfrentando as próprias limitações, restringindo suas posses a uma mochila e seus luxos aos cuidados básicos do dia a dia, tudo isso faz você curtir cada vez mais cada pequeno momento de prazer ao longo do dia, lidar cada vez melhor com seus obstáculos, enfrentar seus demônios com cada vez mais paciência e serenidade. Não
Amanhecer no cebreiroAmanhecer no cebreiroAmanhecer no cebreiro

A névoa do amanhecer dá um tom místico e o silencio traz a sensação de paz. Adoramos acordar e respirar o ar puro do topo da montanha.
sabemos se isso se passa para todo mundo, porque cada um faz o seu caminho, à sua maneira. Os motivos que nos levam até ali são diversos, assim como as formas em que nos portamos diante das dificuldades. O grau de desafio é muito maior para uns do que para outros. Seu nível de abertura ou sensibilidade para cada estímulo também. Para nós foi uma experiência sensacional, que nos ajudou a entrar de cabeça em nossas novas fases de vida, com espírito novo. Longe de ser a primeira ou última trilha de nossas vidas, longe de ser a primeira ou última vez em que refletimos sobre nossas vidas. É difícil de explicar, mas foi uma experiência especial que levaremos para o resto dos nossos dias. Muitas pessoas se “viciam” no caminho, fazendo-o várias vezes. Nós não pensamos assim, já que há muita coisa nova a ser vivida neste mundo. Mas quem sabe? Um outro dia, um outro trecho, de bicicleta, de repente?....

Chegamos a Santiago de Compostela no dia 23 de junho de 2012 bem cedo. Nos preparamos para chegar a tempo da missa dos peregrinos, celebrada ao meio dia de cada dia. Meio que sem perceber o que
Monumento do monte do GozoMonumento do monte do GozoMonumento do monte do Gozo

Último dia do caminho, monte do Gozo há meros 5 Km de Santiago
estava acontecendo fomos avançando. Passamos pela parte nova da cidade, depois entramos no centro histórico, todo medieval, cheio de pessoas descobrindo os segredos das ruelas rodeadas por casarões de pedras. Não sabíamos bem para que lado seguir, mas fomos seguindo nossos instintos, rumo ao coração da cidade. Sim, ela estava ali, soberana, indiferente à sua busca, seu esforço para chegar. Uma mesma catedral para moradores, turistas e peregrinos. Nos aproximamos, subimos as escadas. Assistimos à missa, abraçamos o santo, vimos o túmulo, pegamos a Compostelana (sim, nós fomos oficialmente perdoados de todos os nossos pecados!). Nada. Revimos muita gente, inclusive aqueles que há tempos não encontrávamos ao longo do caminho – parecia inexplicável, mas estavam todos ali, mesmo aqueles que haviam ficado para trás ou que tinham acelerado e chegado dias antes. Fica um clima de celebração e despedida do período compartilhado com todos ali presentes.

Após tanto tempo de peregrinação, chegar ao destino traz uma sensação diferente. Por um lado é a conquista de um objetivo, mas por outro, quando seu objetivo é a própria jornada, fica uma certa sensação de final de um ciclo que estávamos curtindo cada vez mais. A chegada à catedral foi apenas mais
Santiago de CompostelaSantiago de CompostelaSantiago de Compostela

A catedral é o símbolo de superação do peregrino. A conquista de uma meta e o marco da finalização de um ciclo e de abertura de muitos outros.
um capítulo desse belo capítulo de nossas histórias. Um capítulo que nos ajudou a construir um pouquinho mais de quem nós somos hoje. Um capítulo que acabou naquela noite, iluminado pelas fogueiras que aqueciam toda a cidade. Sim, era noite de São João, uma festa intimamente ligada com as festas pré católicas de solstício de verão, onde as fogueiras eram acendidas para “dar mais força ao sol”. Muitas sardinhas na brasa, muito vinho, muita gente pulando as fogueiras, muita música e performance de toda a parte – além das gaitas celtas, havia canções de visitantes de todo o mundo, inclusive o contagiante samba brasileiro. A noite ia longe. Mas não para nós, que éramos peregrinos.


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Marco de distânciaMarco de distância
Marco de distância

Verdes e floridos campos galegos.
Parada obrigatória...Parada obrigatória...
Parada obrigatória...

Bercianos del Camino: Um grande exemplo de como gestos de voluntariado podem fazer enorme diferença na vida de outras pessoas. Nos divertimos muito esta noite!
Catedral de AstorgaCatedral de Astorga
Catedral de Astorga

Bonito prédio imbricado no centro da cidade
Palácio Episcopal Palácio Episcopal
Palácio Episcopal

Estilo orgânico com formas inspiradas na natureza, marca registrada do mestre Antôni Gaudi
Dois últimos templários....Dois últimos templários....
Dois últimos templários....

Ponferrada - Castelo
Último dia de jornadaÚltimo dia de jornada
Último dia de jornada

Caminhando confiante rumo ao destino: a sensação de uma bela experiência vivida e o dever cumprido. Simples e gratificante.
A catedral de Santiago de CompostelaA catedral de Santiago de Compostela
A catedral de Santiago de Compostela

Belissima, mas o caminho é muito mais que o ponto de chegada.


12th October 2012

Parabéns!!!
Fico muito feliz que tenham tido esta experiência! Me orgulho de vocês aqui dentro do meu coração. Torço para que a continuida de seus caminhos seja de muita valia. Beijos muito amorosos prá vocês!
28th October 2012

Parabens
Finalmente terminei de ler sobre o Caminho de Santiago. Obrigado por compartilhar a experiencia atraves deste blog. Muito legal terem comecado por ele. Ate breve
6th December 2012

Cumpadres queridos, que experiência maravilhosa heim! E corajosa tbém! Só fiquei curiosa para saber uma coisa: volta como? À pé tbém? Sério, não sei!

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