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Published: February 6th 2008
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Abaixo
Depois da subida mais uma rápida contemplação.Bom, sento eu na frente do computador com a difícil tarefa de escrever sobre Pucon. Tenho tempo, vamos embora da cidade hoje, nosso ônibus sai às 20:30 para Santiago. Já deixamos o camping e estamos esperando na cidade. Até configurei o teclado para português para conseguir colocar todos os acentos. Espero que a mudança gramatical recém-ocorrida (aconteceu mesmo?) não faça com que o meu português esteja errado.
O que dizer sobre Pucon? Poderia dizer que é uma espécie de Campos do Jordão na Patagônia chilena. Quais as diferenças? Neve muito perto, vulcão, raftings e outras coisas, uma paisagem infinitamente mais bonita e também mais barato que Campos. Mais quais são as semelhanças? Há muito luxo, a arquitetura e os bares espelhados pelas ruas lembra bastante a cidade brasileira, os carros chiques, a cidade pequena, o clima (embora faça bastante calor já que estamos no verão).
Ao olhar o movimento na rua imaginei que muitas pessoas que aqui estão não sobrem o vulcão, De fato, não é uma subida fácil, a cidade tem mais atrativos, muitas pessoas do Chile parecem passar férias aqui, já muitos bares, restaurantes, outras aventuras, caminhadas, e até um lago perto onde as pessoas vão se

Início
Início da subida.banhar, como uma espécie de praia mesmo. Ao subir o vulcão, apesar de ter bastante gente subindo, confirmamos que é pouco comparado ao número de pessoas que estão em Pucon. Melhor assim.
Sobre a subida do vulcão, resolvemos fazê-la sem guias. Buscamos autorização na sede da Conaf e conseguimos. É necessário, todavia, que se tenha capacete, crampon e piolet para subir. Além destes equipamentos que são obrigatórios, é bom ter uma boa bota impermeável e polainas.
Sendo assim, alugamos o capacete, crampon e piolet, pagamos um Transfer que nos leva até o começo da subida, pagamos a entrada do parque (e gastamos uns 60 reais nisto tudo) e fomos para lá. A subida começa com um teleférico que sobe alguns metro e economiza uns 30-45 minutos de uma subida não muito agradável por rochas, ou melhor, por rochas muito arenosas, quiçá vulcânicas. Bom, não pagamos os 20 reais do teleférico e subimos caminhando. Depois começa-se alternar um trecho de rocha e trecho de neve e gelo por cerca de meia hora. Após isto segue-se uma duas horas caminhando por somente gelo. A trilha é bem marcada, muitos grupos sobem e não é difícil a subida. Não colocamos crampon

Vista
Vista de outros vulcões, meio da subida.em nenhum momento para subir, sequer calça impermeável, apenas uma polaina que poderia também ser dispensada nesta subida. O último trecho, de 50 metros, é somente por rocha, até a boca do vulcão.
Chegando ao topo, não conseguimos ver lava, mas podíamos escutar seu barulho, ver sua fumaça e sentir um cheiro horrível e tóxico da fumaça. Não se deve passar mais de uma hora no cume. Chegamos lá em tres horas e meia de caminhada, ao todo, demos uma volta inteira no cume (que é bem amplo), comemos um pouco e logo descemos. A sensação de chegar em um cume de uma montanha e ver um buraco no meio, sabendo que neste buraco tem lava, ouvindo o barulho da lava, é realmente impressionate. E tudo isto com neve ao lado. Existe neve inclusive no cume do vulcão.
Olho para a cara do Rodrigo, no cume, e nos perguntamos, como descer? Muitas pessoas estavam descendo de skibunda, em tobogãs naturais pelo gelo. Estávamos sem guia, sem experiência em caminhadas no gelo e com receio de rasgar nossas calças impermeáveis (muitas das calças alugadas são rasgadas, outras companhias de turismo colocam um reforço na calça para descer). Decidimos descer

Gelo
Início do trecho sobre gelo.caminhando. E, por falar em caminhar, devo fazer um parênteses sobre caminhar no gelo. Esta foi a segunda vez que caminhamos no gelo (a primeira foi no vale do silêncio no Torres Del Paine). Mas esta vez foi de fato considerável. Caminhamos por bastante tempo, subimos uma montanha alta (sáo 2.800 metros, pouco mais, sendo que o desnível que vencemos é 1.400 metros), e descemos a montanha. A sensação é realmente maravilhosa, como já antecipei quando escrevi sobre o Torres. O pé afundando, o cuidado que tem que se ter a cada passo, as escorregadas, a subida sempre em S para não vencer um desnível muito grande, mas ir subindo aos poucos. O ápice do montanhismo, a mistura perfeita entre aquilo que o montanhista precisa ter: cuidado, paciência e experiência. Não, não temos experiência no gelo, por isso aumentamos o cuidado e a paciência. Aprendemos com o passo dos outros. Mas ainda temos que descer, a subida foi fácil.
Decidimos colocar os crampons e descer caminhando. Há três maneiras seguras de se descer, na minha opinião. A primeira é descer de skibunda, desde que se tenha uma segurança e uma explicação prévia de como parar a descida com o

Subindo
Xuxa subindo pelo gelo.piolet. Deve-se ir freiando a descida no tobogã com o piolet, nunca se deve ficar com medo da velocidade e tentar parar no meio da descida (vimos algumas pessoas capotando por causa disto, outras simplesmente perdendo o piolet no meio da descida). Também não se deve apoiar toda a perna no chão, é necessário ir freiando também com os pés. Geralmente no final da descida não é necessário fazer a manobra pra parar (que é girar o corpo e cravar o pilet com a outra parte - uma parte freia, que é a parte que se usa pra apoiar no chão durante a caminhada, e a outra parte serve para cravar o piolet no gelo em caso de quedas), o corpo para sozinho quando se esta freiando bem com o final da inclinação do tobogã. Bom, mas tudo isto coletei de algumas observações e de conversas com os guias e com o pessoal do parque, não fiz a descida de skibunda. A segunda maneira segura é colocar o crampon e descer caminhando. A terceira maneira segura é descer escorregando de pé, sem crampons, por uma neve mais fofa, fora do trajeto principal da subida (para não bagunçar a trilha) e

Cume
Vista do vulcão Villarrica ao nosso fundo, ainda falta um bom tanto até o cume.não tão inclinada. Este jeito exige, ao meu ver, mais técnica e confiança do que os outros dois.
Bom, como já antecipei, colocamos os crampons e descemos caminhado. Caminhar de crampon é fácil, em minutos já é possível ganhar bastante segurança. Eu ganhei segurança em segundos, e em minutos já estava uns 100 metros abaixo que o Ro. Comecei a seguir o passo de uns guias que estavam sem crampons, escorregando de pé. O crampon dificultava eu escorregar, mas consegui acompanhar os guias até o momento que eles foram fazer o skibunda. Depois segui sozinho. Ganhei bastante confiança e fui cortar um trecho da trilha bem marcada, já no final da descida principal, por uma diagonal mais curta, mas muito inclinada. Mesmo com os crampons, escorreguei e comecei a cair, mas logo cravei o piolet no gelo e consegui cessar a descida. Foi legal também cair e ver que é possível ter segurança com os piolets. Mas, em geral, o que aprendo é que não se deve descer por trechos muito ingrimes, a não ser que se descida de fato pelo skibunda.
Por fim, chegando ao final da descida, que depois deste trecho principal em gelo começa a

Subir
Subir e subir pelo gelo, isto é legal.alternar entre neve e rocha, e já estávamos sem crampons, é que nos demos conta de quão louco tinha sido tudo. Finalmente podíamos liberar a adrenalina e relaxar. Comemoramos a experiência de caminhar sobre o gelo por tanto tempo, a experiência de subir um vulcão, ver coisas maravilhosas, enfim, comemoramos a oportunidade de esta vivenciando toda esta viagem maravilhosa. Espero que as fotos possam dizer um pouco melhor tudo isto que tentei colocar em palavras.
por Xuxa
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Yara
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Loucura
Filho as fotos são lindas, e realmente a sensação deve ser única, mas quase fiquei louca em pensar que em alguns dias vai subir mais alto. Aproveitem, tomem cuidado os dois e saiba que mesmo de longe, apenas por fotos, vcs estão me proporcionando momentos felizes, e aqui como vc mesmo diz abro um parenteses, e preocupantes. Grande beijo e muitaaaaaaaa saudade.