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Published: November 15th 2008
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Presidente Lula
Confindustria, Roma. No dia 11 de Novembro 2008, participei do “Forum de Negócios Brasil - itália” que incluia um encontro com o Presidente Lula, na
Confindustria de Roma.
Apesar da “organização” all’italiana, com a qual não consigo me acostumar, o evento foi muito produtivo.
O Presidente Lula, mito da esquerda européia falida, forte e carismático, era esperado com ansiedade e foi muito aplaudido.
Atualizei meus dados e constatei orgulhosamente que o Brasil é cada vez mais gigante, estável, rico e poderoso. Os danos da crise atual no Brasil é brincadeira de criança perto do que está acontecendo na Europa, porque as leis brasileiras não dão a mesma margem para especulação. O Presidente Lula, ao explicar nosso sistema bancário, ouviu gritos de "bravo!" e mais aplausos. Infelizmente, porém, os italianos presentes perderam um pouco o foco da apresentação no final de tudo e acho que sei por quê.
O Brasileiro parece uma metralhadora ao falar dos seus problemas e erros, mas quando fala dos seus feitos e glórias, quase se envergonha. Me vem em mente a imagem de “Jeca Tatu” nas páginas dos livros de Monteiro Lobato, de cabeça baixa diante do latifundiário. Procura uma justificativa para dizer o quanto cresceu. Coloca-se em
Emma
O Presidente Lula no palco. posição humilde, supervaloriza o seu interlocutor, começa a elogiar-lo para dividir com ele os seus acertos.
E assim, Paulo Skaf, presidente da FIESP, "lamentou-se" da forte entrada dos espanhois no setor bancário Brasileiro - Santander (que feio!), como que dizendo, "olha a oportunidade que voces perderam!", e praticamente atribuiu e agradeceu a Francesco Matarazzo, o progresso de São Paulo (e do Brasil).
Opa! 'pera ai! Mas não é a do “Chico”, assim como a do simpático português Valentim Diniz, fundador do Grupo Pão de Açucar, mais uma, de tantas outras histórias de imigrantes bem-sucedidos no Brasil?
Os imigrantes chegaram e ainda chegam nas “terras Brasilis” em busca de salvação ou de fortuna, receberam e recebem toda a nossa cooperação e tantas vezes conseguiram e conseguem até em dobro o que queriam... e NÓS é que agradecemos?
Recentemente ocuparam nossa costa de norte a sul (basta trazer 50 mil míseros dólares e receber visto permanente), com pousadinhas e restaurantinhos, fazendo rios de dinheiro... e NÓS é que agradecemos?
Naquela época, quem é que comprava a banha de Matarazzo ou os doces do “seu Santos”? Quem lhes alugou casa e loja? Quem trabalhou e fez crescer seus negócios? Quem
lhes emprestou dinheiro e lhes deu crédito? Os povos e os bancos italianos e portugueses?!?!?
O agradecimento precisa achar rapidinho uma via de retorno, isso sim!
De fato, nos EUA, os imigrantes aproveitam o “Thanksgiving Day”, para agradecer aos norte-americanos as oportunidades que lhes foram dadas alí, e não o contrário. Bem, me parece óbvio: “eu te deixo entrar (legalmente, claro!) e te ofereço uma oportunidade, agora aproveita e faça o melhor que puder!”
Certo, agradecer sempre SE te deixa entrar e sempre SE te oferece uma oportunidade, coisa que, por acaso, não acontece com os imigrantes na itália (mesmo se legais), muito pelo contrário!
Emprego? Faxineira e lava-pratos, não importa se voce é engenheiro!
Aqui ninguém nos agradece pela nossa produção nem pelos impostos absurdos que pagamos todos os meses. Mais fácil é encontrar “caras-tortas”, “costas viradas” e anúncios do tipo: “Aluga-se apartamento. Não estrangeiros.”
Matarazzo recebeu o título de Conde, porque o dinheiro que ganhava no Brasil, no auge dos negócios em 1917, ele mandava para a Itália para alimentar a 1ª Guerra Mundial. Um império assim tão sólido, virou fumaça sem muita explicação... por que será?
Oras, basta com esse “baba-ovismo”... que coisa mais cafona!!!!
O Brasileiro talvez pensa que esse é um modo educado, amigável de ser, mas só ele é assim, ninguém entende. Nenhuma outra sociedade que eu conheça se comporta desse jeito. E na visão dos outros, acredite, faz o papel do “puxa-saco” ou do “capacho”, pronto para ser sacaneado!
O evento foi mais ou menos assim: de um lado os Brasileiros, pulando slides, correndo preocupados com o tempo, pois começamos com 1 hora de atraso (que dúvida!), enquanto os italianos subiam no palco e não paravam mais de falar! Mas de quem era a apresentação afinal????
A Ministra Dilma Rousseff, em Português e Inglês impecáveis, mostrou rapidamente idéias e números do PAC, deixando que o público tirasse suas próprias conclusões. É mais elegante, eu sei, mas não impressiona!! É preciso ilustrar o que se diz, comparando com dados antigos, com dados de outros países, enfatizando conquistas, dando exemplos reais, impostando a voz, movimentando o corpo... o cursinho de “como falar em público, do Al Gore”, não faria mal!
Por sua vez, o Sub-secretário de Economia e Desenvolvimento italiano, Adolfo Urso, dissimulado como o governo que representa, subestimou seus interlocutores, e sem um slide, fonte ou prova que fosse, mas com voz grossa e peito inchado, olhou nos olhos do público e contou um monte de vantagens infantilóides "minha bicicleta é mais bonita que a sua", tipo “a itália é o primeiro do mundo nisso e naquilo; está na frente da Alemanha e França nisso e naquilo”... Affff
Tenho certeza que os Brasileiros acreditaram em tu-di-nho!!
O público italiano, porém, se agitou nas poltronas, pois era tudo balela, para impressionar a comissão Brasileira e para total irritação dos universitários no auditório, que assistiram recentemente, ao invés de crescimento econômico, o mais vergonhoso corte de verbas para a Educação.
Claro que não é pra mentir e contar vantagem de criancinha, mas precisamos ser mais enfáticos, diretos e não perder o foco nos próprios interesses.
O Brasil veio apresentar a continuação de um plano iniciado em 2007, que me pareceu muito interessante, para concretizar o sonho do “superpower brasuca”: PAC - Plano de Aceleração do Crescimento, e suas oportunidades para investidores externos na construção de estradas, ferrovias, extração de petrólio do pré-sal, produção de etanol, etc.
Alguns italianos conscientes, contudo, comentaram que a visita foi meio perda de tempo, pois a itália não tem hoje a menor condição técnica, econômica e principalmente moral para participar do PAC. Talvez a comissão Brasileira também soubesse disso e não fez uma apresentação melhor... sei lá!
Só sei que o Brasil estava alí, pedindo apoio à uma entidade (Confindustria) cuja presidente, Emma Marcegaglia, na manhã do próprio evento, foi chamada a responder ao Fisco, pelas suas 17 contas correntes secretas na Suiça.
O Brasil estava alí, dizendo que queria aprender com um empresariado que, segundo o XI relatório da
Confesercenti, mantêm suas empresas nas mãos de criminosos, sempre mais perigosos por causa da crise.
O Brasil estava alí, buscando investimentos de um país em crise profunda e recessão, PIB negativo ha anos, altissima taxa de desemprego, sistema politico vergonhoso...
E qual cooperação para extração no pré-sal ou para montar usinas de àlcool o Brasil pode pedir a um país que não tem reservas e importa o caríssimo petróleo que usa? E que pensa que o Etanol é uma maravilhosa invenção Made in USA, do governo Bush, como eu já cansei de ouvir?
Como o Brasil pode trabalhar em união com um país que não sabe fazer nem mantêr estradas, que além de ruins e perigosas, são construídas por pequenas empresas “super-boladas”, favorecidas por este ou aquele político aparentado, quando não são totalmente mafiosas?
Acordos para construir ferrovias? Mas ninguém contou para a Ministra Rousseff que a itália há tempo não faz ferrovias aqui e que a
Trenitalia está à beira da falência?
Eu fico pensando... o trabalhador Brasileiro é honesto, se preocupa em dar o melhor de sí para garantir seu emprego, procura fazer tudo certinho e tem um alto senso de responsabilidade.
O empresário Brasileiro se preocupa em treinar e reciclar seus funcionários, trabalha em um mercado livre, com o perfume do concorrente sempre no ar e sabe que não pode falhar.
Que sinergia o Brasil pode haver com um país que trabalha na base da improvização, onde a competência acadêmica e profissional beiram o ridículo, onde os empregados se penduram nos sindicatos e fazem o mínimo impossível, onde a ganância e a desonestidade substituem a responsabilidade, e o conceito de mercado não existe além de uma rede de cartéis, máfias e leis reguladoras que protegem cada setor?
E pra completar, o Presidente Lula disse que combinou com Silvio Berlusconi , que sequer foi recebê-lo no cerimonial de chegada, de desenvolver projetos em outros países.
Um primeiro-ministro detestado por toda a Europa, metido em escandalos de todos os tipos, motivo de chacota no Parlamento Europeu, extremista de direita, racista, xenófobo, que envergonha italianos famosos, enfim felizes de terem abdicado à cidadania italiana (Carla Bruni). Um chefe-de-Estado que manobra o povo através da mídia impressa e eletrônica, que é toda sua. Será que o Presidente Lula não notou a ínfima cobertura jornalística que lhe foi dada, nos seus dias por aqui?
Um figurão que manipula o parlamento através de uma rede de corrupção e favorecimentos, para aprovar e modificar leis que o salve das condenações e acusações contra ele. Um “governante-empresário”, que utiliza a máquina do governo com o objetivo de favorecer suas próprias empresas e a de seus discípulos, tantos também condenados, indagados, enviados à justiça. O homem que colocou a itália de joelhos após seu primeiro mandato, mas que ao mesmo tempo enriqueceu incrivelmente e se livrou da prisao.
Pirou, Luis Inácio?
FIQUE LONGE de Berlusconi! O senhor já teve péssimas experiências com corrupção, dinheiro na cueca e tal, dentro do seu próprio partido, durante o seu mandato... afaste-se de confusão!
O Brasil não tem NADA a esperar, nem a copiar da itália. Ao contrário, tem muito a ensinar, posso garantir. Eles é que precisam de muita ajuda para sair da montanha de lixo em que se meteram.
E de fato, ouvimos todos neste mesmo evento, que desde a visita do Presidente Lula em 2005, para apresentar as reformas que favoreceriam investimentos estrangeiros, o resultado foi que a itália aumentou em 40%!s(MISSING)uas exportações para o Brasil, mais do que todos os outros países para aos quais exporta. Ué!?! Mas não somos nós o pobres?
Enquanto isso, por aqui, para se achar uma latinha de guaraná ou uma farinha de mandioca, temos que escalar o
Appennino!
O Presidente também disse no evento, que os italianos imigraram pra pegar febre amarela no Rio Grande do sul... Até tu, Lula??? Por favor! Eles foram é fugir da derrota, da miséria total e do abandono no qual a “tão adorada” itália os deixou! E levaram tantas novas doenças (malária, lepra, ancilostomose, bouba); e chegaram com tanta melancolia que pintaram para os seus descendentes um quadro que aqui nunca foi exposto. Os próprios italianos dizem por aqui, que a itália dos imigrados é inventada, e pior... os detestam, os chamam de "traidores", "covardes", "gentalha"... !!! Seus descendentes gastam rios de dinheiro pela cidadania, mudam para a italia achando que serao recebidos como contavam seus avos e sao tratados como "seres inferiores"... boom... cai o castelinho!!! E lhes esta' bem, pra deixarem de ser tontos!!!!
Ah, mas e o Governador do Mato Grosso do Sul, André Puccinelli, gente! (Nome de batismo: Andrea Puccinelli. Mas ia pegar mal, né? Andrea no Brasil é de menina!). Tão orgulhoso de ser italiano, encheu a boca para convidar os empresários compatriotas a passarem até 30 dias de férias no Brasil, TUDO por conta do governo! "Aeeeeeeeee!!!"
Sim, sim o mesmo governador que cortou o programa social do estado em 2007 por "falta de verbas". O negócio me pareceu assim: "eu te mostro aqui uma ótima oportunidade de ganhar dinheiro na casa dos tontos que me acolheram (e elegeram) e ainda te pago para ir lá conferir se é verdade." E tudo dito em italiano fluente, "não esqueço minha língua-materna", disse ele. Que fique bem claro!
E' mesmo incrível como os Brasileiros se consideram tão “irmãos” dos neandertalianos, sem saber, porém, que é uma estrada de mão única, onde quem ousa pegar a contra-mão, encontra pela frente repugnação, antipatia, preconceito e tanta, tanta indiferença.
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Lucinha Fontes
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Amiga este era longo! kkkkkkkk
Mas LINDOOOOO!!!!!!!! Que orgulho de ser sua amiga. KJ para presidente do Brasil! T adoro. Lucinha Fontes