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Ao deixar os ônibus turísticos de lado e viajar de carro pelo interior da Turquia, pudemos perceber facilmente o porquê de a entrada desse país na União Européia ser tão questionada. Por mais que os turcos não gostem, a terra fundada por Ataturk nos idos de 1923 não é Europa; e não há muito o que discutir. Mas também não é Ásia. Apesar de ainda não conhecermos o restante, imaginamos que a Turquia faz jus à região em que se encontra e fica muito mais próxima de seus irmãos do Oriente Médio do que de qualquer vila do sul da Itália ou cidade grande da Alemanha.
Do paraíso de Oludeniz, seguimos de carro para Pamukkale, outro desses milagres da natureza que a Turquia tem e que são muito difíceis de serem explicados. No caminho, passamos por pequenas vilas muçulmanas de deixar qualquer mulher ocidental constrangida. Nas ruas, à vista, homens, homens e mais homens. Mulheres, todas dentro de casa ou, no máximo, na roça, que é essencialmente onde elas trabalham. Nas lojas, restaurantes e hotéis, apenas membros do sexo masculino. É possível dizer, sem exagero, que durante os 20 dias que passamos por aqui tivemos contato, se tanto, com umas
três turcas.
É verdade que fomos sempre super bem tratados e que os turcos adoram brasileiros. Chegamos a ter certas vantagens, como não pagar para entrar em uma igreja na Cappadocia, pelo simples fato de sermos do país do futebol. Mesmo assim, a parte feminina da nossa dupla de viajantes sai da Turquia com sentimentos contraditórios. Adorou a capital, a natureza da costa, as praias, as geografias únicas de Pammukale e Cappadocia. Mas achou o ambiente do país, de certa forma, em alguns locais, um tanto quanto carregado. Principalmente nas pequenas e médias cidades e vilarejos longe do litoral.
As mulheres todas cobertas, troncudas, rudes (exceções existem, é claro), escondidas dentro de casa ou na roça. Homens por toda a parte, jogando gamão, conversando, vendendo. As mesquitas chamando os seguidores em alto e bom tom cinco vezes ao dia. Dezenas de prédios feiosos e quase nada coloridos. Tudo contribui para criar uma atmofesra um pouco negativa que não se vê nas cidades turísticas da costa ou em Istambul e um certo desconforto para as viajantes ocidentais. De qualquer forma, é justo dizer que tudo isso, esse contraditório entre o moderno e o retrógrado, o islamismo e o ocidente,
o turístico e o local, só torna o país ainda mais fascinante e digno de uma visita.
Pamukkale Agora, vamos à parte que geralmente mais interessa, a turística. Pamukkale, ou castelo de algodão, é mais uma daquelas atrações espetaculares que só a Turquia quer ter. Numa explicação bem simplista, o lugar é um conjunto de piscinas termais de origem calcária (CaCO3) que com o passar dos séculos formaram bacias gigantescas de água cristalina que desce em cascatas numa colina branca e muda de cor conforme a luz do sol. Sacou? O resultado é espetacular: as águas caem sobre uma série de degraus, formando cascatas solidificadas e bizarras. Segundo consta, Pamukkale é um dos fenômenos mais originais encontrados na natureza.
Antigamente, quando a água era abundante, era possível nadar nas piscinas, todas de água morna. Hoje em dia, com resorts tendo desviado boa parte da fonte do lugar para oferecer a seus clientes tratamentos e piscinas termais, a maioria da montanha branca está seca. Guardas tentam impedir, nem sempre com sucesso, que os turistas não resistam à tentação e relaxem nos pequenos lagos.
Como se não bastasse, logo acima da montanha, no mesmo espaço (inteiro declarado Patrimônio
da Humanidade pela UNESCO), estão as extensas e impressionantes ruínas de Hierápolis, antiga cidade grega fundada no século II antes de Cristo que chegou a abrigar mais de cem mil pessoas, incluindo uma boa fatia de judeus.
De Pamukkale, partimos para nossa última parada na Turquia, e a mais turística, a cidade de Kusadasi. É lá que ficam as ruínas de Ephesus, disparado as mais visitadas do país. Na temporada, de junho a agosto, com vôos vindos de toda parte da Europa e até 800 navios de cruzeiros por ano ancorados no porto, o município de 70 mil habitantes chega a ter, em um dia, quase um milhão de pessoas.
Efes (Ephesus em turco) é realmente impressionante. Uma das antigas cidades do Mediterrâneo melhor preservadas (incluindo as gregas), foi fundada no século I antes de Cristo e abrigava 250 mil moradores. Mas é atração para os ônibus de turismo. E como nós somos muito chatos, apesar de termos ficado impressionados, não conseguimos deixar de nos incomodar com o acúmulo de gente e guias andando amontoados.
Por isso, Aphrodisias, sítio tão impressionante quanto, mas muito mais isolado, ganhou a nossa preferência. Paramos no local meio sem ter programado,
caras
e bocas depois de nos certificarmos que não iria atrasar muito nossa viagem de Pamukkale de volta à costa. A cidade, que ainda está sendo descoberta e escavada por pesquisadores, abrigava apenas 15 mil habitantes. Mesmo assim, era dona do maior estádio da antiguidade do mundo, com capacidade para pouco mais de 30 mil pessoas, que recebia competidores e expectadores de toda a vizinhança. Muito bem preservado, o estádio impressiona. Assim como o museu construído no local, que contém diversas estátuas retiradas há não muito tempo e ainda praticamente intactas.
Por essas e outras, apesar de todos os poréns aqui citados, a Turquia merece a visita de qualquer um interessado em turismo. E sim, alugue um carro e rode pelas pequenas cidades muçulmanas, vale o choque de cultura e as pérolas descobertas pelo caminho são de tirar o fôlego.
Próxima parada: agora sim, Europa.
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Gabriel
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Tinta
Claaa.... parece q derrubaram uma latona de tinta branca nas pedras... que descuido.....kkkkk Muito legal esse lugar!!!