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Se houvesse uma competição tipo Hall da Fama para personagens históricos, a Turquia seria uma das líderes. Ou ao menos teria pretensão para tanto. A nossa ignorância nos fez alugar um carro em busca apenas de alguns dias de sol e água fresca, tentando descobrir praias lindas e escondidas na Riviera Turquesa. Encontramos algumas. O que não sabíamos é que iríamos nos deparar com mais ruínas do que o imaginado, sem contar a casa que morou Maria e a cidade onde teria nascido um tal de Baba Noel, o velhinho que todos pensam vir do Pólo Norte e que os turcos dizem ter nascido aqui, mas que, para nós, em comum mesmo com a Turquia só tem as cores branco e vermelho.
A casa de Maria é motivo de peregrinação já faz algumas décadas. Trata-se, na realidade, do local onde ela teria passado seus últimos dias, trazida pelo apóstolo João. Não existem indícios de que ela realmente tenha vindo à Turquia, mas de qualquer maneira a lenda virou história e três Papas já fizeram visita oficial ao local. Um gigantesco muro acumula alguns milhões de papéis com pedidos dos fiéis. Pedimos encarecidamente o título da Libertadores em nome da felicidade
de 15 milhões de pessoas, mas houve um problema na entrega do pedido, é o que nos foi dito.
Já Papai Noel tem sua origem ligada à cidade-jeca de Demre, um amontoado de casas estranhas com uma igreja (de São Nicolau, o Noel da realidade), e um museu, sem contar várias estátuas e fotos do bom velhinho. Reza a lenda que o tal Nicolau ficou famoso por fazer caridade para crianças pobres, presenteando-as à época do Natal. De novo, existem apenas indícios de que o sujeito existiu, mas não que ele seja o mesmo Noel que os finlandeses juram ser deles. Legal, aqui, são as ruínas de Myra, nos cafundós de Demre. Trata-se de mais uma cidade de antes de Cristo, dos mesmos Lycias citados no post anterior, absurdamente preservada, e inteira talhada nas montanhas.
Às praias. São realmente lindas. O mar é de um azul-esverdeado por quase toda a extensão do litoral, e por mais que seja uma área bastante turística, ainda é visivelmente subexplorada, já que a propaganda é mais favorável à Grécia. Grandes montanhas, muitas com picos nevados, percorrem toda a costa, em uma geografia que por vezes nos fez lembrar da Nova Zelândia. Nesse
trecho, partimos da simpática Kas, que é mais ou menos a síntese das cidades do Mediterrâneo: ruelinhas de paralelepípedo, uma ruína aqui e ali, casas subindo o morro, restaurantes estrategicamente alocados, uma pequena marina e uma água linda. Logo em frente, e por alguns euros, é possível fazer um day trip para uma ilha grega. Nem fomos.
Praias, como conhecemos na nossa terra tropical, quase não existem. São geralmente um amontoado de pedras com algum acesso à água. Isso, claro, descontando Kaputas Beach, uma das mais bonitas que cruzamos na viagem. A primeira visão é do alto, da estrada. Seu acesso se dá após uma descida de 180 degraus. É uma pintura verde-azulada e de água ainda bem gelada para abril, o que não nos impediu de desbravarmos o Mediterrâneo pela primeira vez. A outra pérola é Oludeniz. Meio-vila, meio parque nacional, faz sucesso graças à localização, aos pés de duas montanhas, e a uma faixa de areia que divide o mar em dois, formando uma lagoa natural de cor indescritível.
Essa região, englobando todas as praias, é a mais turística da Turquia, mas raramente tivemos de dividir a areia com muita gente. Julho e agosto são os
meses de pico e quando os preços triplicam. Muitos hotéis fecham nessa entresafra, e outros abrem apenas para a meia-dúzia de gatos pingados que se arriscam a aparecer. Foi numa dessas que descolamos um quarto esperto, com TV a cabo e frigobar, por 8 míseros euros. As ruínas também ficam praticamente vazias. Não mais, claro, que a cidade-fantasma de Kayakoy. Literalmente no meio do nada, essa vila era habitada por gregos até o começo do século passado. Depois que Turquia e Grécia definiram questões territoriais e acertaram a troca de populações, em 1923, os gregos foram para casa e os turcos, sabe-se lá por qual razão, decidiram não habitar o local. E a Turquia ganhou suas primeiras ruínas do século XX.
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Julio
non-member comment
Azuuul
Caraca, olha que absurda a cor dessa água. E meio pretensiosos esses turcos hein? =P Casa da Maria e do papai noel? Só falta falar que Jesus na verdade também é turco!!!Eles querem monopolizar o natal!!!! heuaheaua Brincadeiras à parte, os lugares parecem sensacionais! E gostei da descrição da "típica cidade mediterrânea..."rsrs beijos e abraços