Caronando pela Espanha


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April 11th 2011
Published: June 20th 2011
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Foi amor a primeira vista: quando vi o que o meu Mentor http://thedromomaniac.com/alternative-travel/hitchhiking/escreveu sobre a filosofia da carona, simplesmente, tive que ir próprio testar! E putz, xonei!!! Tudo comecou com minha prima em Londres (se vcs tiveram lido a história de Londres, já sabem porquê, se nao, resumindo: a minha querida prima de segundo grau me cobrou 15 pounds por noite por ter usado a cama inabitada do ap dela: facada direta no olho esquerdo), e a grana para as próximas 3 semanas apertou consideravelmente. A idéia abstrata de pegar carona já estava em mente pouco antes de sair de Aalen, mas voltou com mais forca devido às circunstâncias monetárias-familiares inesperadas, e simplesmente, abracei a idéia quando estava em Barcelona: vou daqui para Valência de carona, ponto!

Ter fé e mentalizar que vai dar certo é o primeiro passo! Trust me.

No meu último dia em Barcelona, voltando do show fodíssimo do Pink Floyd Australian Cover, lembrei que tinha que levar o instrumento mais importante do caroneiro: achei um pedaco de papelao no lixo, e chegando em casa, escrevi: “Viajando dirección Valencia”. Laptop, Google earth – rota de carro – barcelona e valencia, 350km, vi que tinha uma pista para a saída no finalzinho de uma cidade vizinha colada em Barcelona, vi a estacao de trem mais próxima dessa pista, e fé em Deus, vo arranjar uma carona! Valencia é a terceira maior cidade da Espanha, e certamente, muitas pessoas vao pra lá!

Quando respondi pra a família onde estava hospedado que iria para Valencia caronando, eles ficaram meio preocupados comigo, perguntaram se eu estava tao mal de grana assim, e que achavam bem difícil algum espanhol parar (o que foi verdade!) ou sei lá, mas respondi que queria ver de qualé e ter um pouco de adrenalina, e foi isso, e muito mais o que rolou!

Chegando na última estacao de trem, o mapa do google earth desapareceu de minha cabeca na hora ao chegar perto da autopista, pois ela não parecia nem um pouco com a simples e bela vista de cima que havia visto no google earth: várias entradas, viadutos, baloes: PQP, onde eu monto meu camper point???? Ai perguntando para mais pessoas, caminhando e dando uma espiada nos lugares, cheguei ao melhor lugar que achei, numa juncao de uma rua com a autopista, onde os carros poderiam freiar, e realizarem sua boa acao do dia: darem carona para um pobre viajante...

e depois de 2 horas torrando no sol, foi exatamente isso que não aconteceu! 😊

Acho que a primeira vez caronando é a mais legal, a mais emocionante,...pisar no desconhecido, queira ou não, é algo instantaneamente memorável, e isso é uma das coisas que fazem a vida ser legal de ser vivida, e putz, se aprende muita coisa na primeira vez, certo??? Pois mesmo pesquisando em alguns blogs sobre o assunto, nada se compara à experiência no momento. Foi lá então, embaixo do sol espanol torrante, com a plaquinha levantada, polegar pra cima, uma mochila pesada e mais uma sacola pesada com alsas rasgadas no chao, o ser aqui alegremente sorria com o polegar estendido para os vários carros que passavam pela pista. Depois de uns 15 minutos, um caminhao e outro carro chegaram a parar, mas iam pra muito perto e não podiam me ajudar muito, mas só o fato de alguém parar, já anima bastante o caroneiro, dando esperancas para uma futura certa carona, e de novo: pensamento positivo é uma das coisas mais importantes no processo.

Bem, se parar pra pensar, me imaginando dentro de algum carro passando por mim, tinha que rir, prq a cena já era bem engracada: me sentia um palhaco mongol parado ali, com o polegar estendido pra cima: pois todo mundo que passava me olhava. Alguns mostravam um polegar pra cima sorrindo também, outros acenavam, alguns-vários, com muita forca de vontade, ignoravam minha presenca em sua visao, outras criancas riam e me olhavam até o carro não conseguir mais me ver (certamente, viria a pergunta depois dentro do coche: “papa, o que passa de errado com lo tio em la autopista?”), outros balancavam a cabeca, outros balancavam o dedo, outros de cara feia faziam um movimento de circulo com as maos, que não entendia mesmo o que significava (podia até ser coisa bem importante, mas sei lá, foda-se), motociclistas sempre interagiam, outros businavam... estava me divertindo bastante no comeco: eu sorria, acenava, pulava... mas depois de uma hora e meia ali torrando no sol, a coisa comecou a me preocupar um pouco, pois tinha combinado que iria chegar por volta das 20:00 com minha couchsurfing hospedeira em Valencia, e sendo que de Barcelona hasta Valencia são 350 km, ou seja, quase 4 horas de viagem, assim, tinha um prazo a ser comprido, e depender da boa vontade de algum bondoso motorista espanhol de parar, isso não era nem um pouco guay.

Ai que botei a ideia plano B em acao: ir para uma pista de MUITO menor movimento, perto da onde eu estava, mas onde os carros poderiam facilmente ler a minha plaquinha, apreciar o meu sorriso brasileiro, e parar o carro, e foi isso justamente o que aconteceu: um cara da república dominicana parou seu coche, disse que estava indo para uma cidade 40 km dali, mas que passava por um posto relativamente movimentado, e concordei que seria a melhor opção, dando também uma nova esperanca ao caroneiro aqui.

O litoral rochoso da Espanha é um coisa linda, recheado de grandes formacoes rochosas e várias delas pertinhas da praia, com vários cliffs pelo caminho, fera! Bem, a diversao acabou rapidinho quando fui largado nesse posto dessa cidadezinha nova, pois significava que tinha que encarar o sol novamente e que havia ainda MUITO chao pela frente..mas vamo lá!!! Eis que depois de uns 15 minutos, um carro que ia abastecer leu minha plaquinha de valencia, já acenou para mim, e parando para abastecer, me perguntou: Holá, que tal? hablas
Jornal da cidadeJornal da cidadeJornal da cidade

"nós vivemos a vida - velhos, sao os outros"
espanho!? De donde eres? Ai eu, já achando o sotaque do cara meio estranho pra ser de espanhol, respondi:
-Si si, hablo, e soy Brasilenho!
-“Poooorra caaaara, sô brasileiro também caralho! E tu é brasileiro com essa cara de gringo? Chega ai, é nóis indo pra valencia! Tu é sortudo hein rapaz! ahhaha”

O paulista era um figura, o cara largou a carreira de químico, onde ele trabalhava em desenvolvimento de tintas no Brasil, ou algo assim, pra ir pra espanha ser auxiliar de cozinha: “mas num volto não ae... Brasil? Muito paraaaadooo, nada pra fazeee, aqui na Espanha trabalho que nem um cao, mas essa europa é muito doida ai!” Figuraaassa, estava ele e a namorada boliviana nos dias de folga indo passar uns dias em Valencia, e lá fui eu junto no banco de trás! Eeeee!

Chegando em Valencia no finalzinho da tarde, encontro a casa da menina do couchsurfing, e como sempre: couchsurfing é MUITO fera, a galera que faz parte do site é gente finissima,! Arranjo uma janta, algumas cervas, troco ideia bacana com a galera da república internacional com quem ela mora, durmo de boa, como um café da manha leve, e massa! Não pago nada!

Hostel? Nem se for muito barato!

E o engracado é que ela é uma estudante alema no programa erasmus (se você leu o texto: educacao na alemanha, saberá o que é isso, se não sabe o que se trata, o leia! :p), e está passando 6 meses em Valencia, e ainda: com o sobrenome Behr! Putz, qual é a chance de encontrar uma prima minha para me hospedar em Valência no Couchsurfing? Isso foi coincidência! :p

Depois de dar uma passeada na famosa cidade tecnológica, e uma caminhada no centro e pelo rio que não existe mais (isso é bem engracado, esse rio deu uma enchente braba durante a ditadura do tio Franco, que o cara ficou tao puto, que simplesmente, resolveu desviar a água que forma do rio da cidade, e transformou o espaco em um comprido e agradável parque. Comédia! E ainda, pedindo informacoes para as pessoas, elas usavam o rio como ponto de referência, mas na realidade, não existe rio algum, só o caminho o qual ele fazia antigamente! Ehêê!)

Javea é uma cidadezinha a uma hora ao sul de Valencia, e fui lá passar mais 4 dias com uma prima do meu avô, cujas famílias têm maior contato, e que por sorte, ela estava nesses dias na casa de verao dela junto com seu marido, mó coincidência também, por pouco que os não encontrava mais! (e dessa vez não quis caronar, pois o onibus estava barato, e não queria estressar meus idosos anfitrioes, e também esperar minha barrinha de sorte voltar a encher, pois depois da cagada de chegar em Valência caronando, certamente ela estava toda esgotada! Recomendacao SÉRIA: se for caronar um dia, nao seja louco que nem eu e comece numa distância de 60 a 100 km,ta mais que bom para primeira vez!) :p Voltando, lá em Javea foram dias bem legais, o casal de velhinhos eram amorosos e muito engracados, contavam histórias de família, minha tia-avó explicava prazerosamente quem era quem , quem tinha casado com quem, quem se suicidou, quem mora aonde, ligou alegremente para vários parentes e me fazia falar com todos eles (meus lugares para me hospedar na Europa se duplicaram naqueles dias! Yeah!), e ao ouvir as mesmas perguntas sempre, já fiquei um pouco entediado sobre esse assunto no final... Mas realmente achei interessante saber das histórias, pois eu queria ouvi-las mesmo, e essa tia adorava contar-las (qual tia nao gosta também?), e muitas delas, que eu ouvia desde crianca sobre minha família européia distante, fazem mais sentido, e de certa forma, isso é especial.

Mas contra minhas expectativas, eles eram muuito legais, velhinhos engracados aqueles! :p Voltei a comer direito também, praias beeem mais bonitas que as de Barcelona, e com águas beeeem geladas (o mediterraneo todo é assim: quase ninguém na água... engracado para nós brasileiros...), clima agradável (*** de acordo com o Wikipedia, após uma pesquisa feita nos anos sei lá o que, Javea ficou em segundo lugar na categoria – cidades de clima mais agradáveis do mundo – atrás somente de quem? De quem? De quem? Nosso Rio de Janeiro! =D pessoal riu muito quando falei isso, após pesquisar informacoes sobre a cidade na net! E no bairro deles, o que menos tinha era espanhol: só dava alemao, holandes, inglês, frances... comédia! Mas casas de verao são muito comuns em cidades menores no sul da Europa, pois depois de passar esse prazeroso inverno na Alemanha, entendo perfeitamente o porquê! :p

E assim, a parte 1 do meu mochilao aéreo se foi! Saí de Aalen tremendo de nervosismo, para voltar depois com a maior pinta de mochileiro: torrado de sol (minha cor “defalut” no Brasil), seguro do que fazer/proceder nas cidades, e me sentindo já O profissional de viagens! Pois claro, depois de 25 dias, e todo dia, e digo, TODO dia, aprendendo e vendo várias coisas novas, estava morto de cansaco, mas ao mesmo tempo, com toda a energia do mundo para encarar o que vier pela frente! Minha cabeca havia se transformado numa esponja de experiências e informacoes, e estava curtindo muito! A primeira parte foi caracterizada por dias de extrema correria e muitas vezes fome (Londres e Barcelona), e outros total vacations relax, com famílias que faziam questao de cuidar 24 horas do visitante distante! 😊

Outra grande preocupacao dessa grande viagem, e que muitos me perguntam, é o infeliz e inevitável lado financeiro da coisa. Bem, gastei um pouco mais que o previsto (que já sabia que seria um dos meses mais caros da Viagem toda), pois em Londres, o transporte e a hospedagem foram beeem mais caras do que eu esperava, e viajando com aviao, querendo ou não, se gasta com locomocao, etc. Mas mesmo assim, fiquei orgulhoso de mim mesmo sobre os gastos, e no final da viagem, do dinheiro que tinha meio que planejado, sobraram ainda 5 €! Yeah!

Quem quiser dicas e dados de custos exatos, por favor, entre em contato, será o maior prazer te ajudar! 😉

Agora estou no meu segundo dia da fase 2, e ESSA SIM que vai ser Punk-Hardcore: 4 meses mochilando. E para piorar a situacao, não planejei as coisas nem com metade da antecedencia e preparacao que eu fiz para Inglaterra/Espanha, pois claro, estava viajando, e não na vida boa rotineira de Aalen: cerveja, festinhas de despedidas, cerveja, viagens pequenas, mais cerveja... e com todo o tempo do mundo para planejar coisas... (bem, agora aprendo também!) Mas estou confiante que as elas darao mais que certo! Tive o gostinho de mochilar - relativamente sem muita pressa - pela Europa, e perdi muito do medo que tinha na cabeca sobre viagens de forma geral...

Mais outra consideracao: é claro que essa viagem não é o típico mochilao que os nossos amigos fazem, ou que você encontra por ai em relatos de viagem na net, ex: Europa – 21 dias – 12 PAÍSES! Porra, nessa, você passa quase mais tempo em aeroporto e se locomovendo do que curtindo o lugar. O fera é relaxar, entrar no clima da cidade, e não chegar correndo, tirar umas fotos clichês nos pontos “principais” pra postar no facebook e dizer que conheceu a cidade.(...) Mas também, sei que são muitos os poucos com o meu privilégio de disfrutar de tanto tempo (sim,é foda: 1 mês de férias do trabalho é muito matador....) e de tantos lugares possíveis para se hospedar também...

Como diria o meu amigo samurai: na guerra, temos que usar todas as armas que temos disponíveis! Né?

Tirei 4 dias de intervalo em Aalen entre fase 1 e fase 2 para fazer minha outra mala grande terrestre (que não rolava de levar comigo sem pagar taxa extra pela Ryanair), e isso já foi o suficiente para que meu mode mochileiro ON desaparecer, pois somente um dia fora da rotina frenética de mochileiro, que estava acustumado, me fez muito preguisoso, e até sem muita animacao inicial... blééé´....=( mas sei que tenho que entrar na rotina frenética para pegar o pique novamente! Aí mermao...aí.... aí...

Aí é isso, chega de escrever e vai dormir, Erik!

Grande abraco!!!

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