"Senta que la vem historia" - Vale do Loire - I


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France's flag
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March 7th 2009
Published: March 21st 2009
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Boa parte da história da realeza francesa se passou no Vale do Loire.
Para começar a falar da região a partir dos chateaux, que são mais de 1.000 (grandes, pequenos, suntuosos, extravagantes, conservados ou em ruínas), eles foram construídos a partir do Séc. X como fortificações de pedra (fortalezas de proteção), até o esplendor daqueles edificados 500 anos depois.

Quando os reis franceses iniciaram a construir seus castelos naquela zona, a nobreza, sem querer se afastar do poder, os seguiram sem pestanejar. E nem precisava, é uma região de clima agradável, fértil, naturalmente rica, estrategicamente plana, perto de Paris. Por isso, não é de se estranhar que neste lugar se encontrem centenas de exuberantes castelos e residências de conto de fadas.

Aterrizando no Aeroporto de Orly, a melhor coisa a fazer, é alugar um carro com navegador, catar uns mapas e começar a aventura. É muito fácil guiar na França!

No verão, os châteaux do Loire, classificados Patrimônios da Humanidade/UNESCO, atraem milhares de turistas do mundo todo, interessados em conhecer como viviam os nobres que influenciaram o destino daquela imponente nação do Velho Continente. As manias dos monarcas, suas preferências e muito do aparato que servia tal ostentação
O inicioO inicioO inicio

ir direto pra Bordeaux e mergulhar nos vinhos, também não era ma' idéia....
foram preservados e ajudam a ilustrar o período áureo de conquistas e revoluções. No inverno a frequência turística diminui (apesar da garoa, eu não acho nada mal) e maioria dos turistas são parisienses que vão passar o fim de semana. Porém, os melhores meses para viajar pela Europa são junho e setembro.

Nossa intenção era conhecer a maior quantidade de castelos possível, mas as visitas são longas e cansativas e no fim acabamos visitando aqueles mais importantes. E não foram poucos!

Primeira parada: Blois - Não só de castelo vive Blois. A cidade è um amor e vale a pena visitar-la inteira. Cheia de jardins, deliciosas casas de chá e um bistrot recomendadissimo: “Le Bistrot du Cuisinier”...bom demais! Toda a região é cheia de hotéis e de chambre d’hôtes, versão francesa do Bed&Breakfast. Tem de todos os preços e tipos. Você pode escolher dormir uma noite num hotel de rede internacional, num autêntico castelo ou numa casa simples. Em Blois dormimos no charmosíssimo chambre d’Hôtes da Madame Maris Escoffre, que fala um ótimo ingles, adora contar sua história naquela casa e tem apartamentos encantadores na mansarda, com móveis e objetos antigos e quadros fascinantes, chá e biscoitinhos caseiros esperando pelos hóspedes e um café da manhã delicioso. Dá uma olhada: http://16placesaintlouis.free.fr

O Castelo de Blois mistura os estilos gótico, gótico flamejante, renascentista e clássico. De longa História, pertenceu a diversos reis e foi também onde o Arcebispo de Reims abençoou Joana d'Arc, em 1429, antes de partir com o seu batalhão para combater os ingleses em Orléans.
A sua mais famosa peça de arquitetura é a escadaria em espiral, na ala de Francisco I. Moda da época, a escada era símbolo de riqueza e poder, pela sua dificuldade de construção e por isso eram exibidas do lado de fora. O reis podia ser vistos enquanto subiam e desciam, mas jamais passavam ao térreo.
Quando Francisco I subiu ao trono, sua esposa, Cláudia de França, mandou mobiliar Blois com a intenção de deixar o Château d'Amboise. Francisco I então iniciou a construção de uma nova ala e criou uma importante biblioteca. Depois de parir 8 filhos, o primeiro aos 15 anos, a rainha Cláudia morre estremada no parto do último, em 1524. Assim, o Rei se muda de Blois e a biblioteca se vá para Fontainebleau para tornar-se Biblioteca Nacional.
O Château de Blois acolhe também uma peça
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as chaves da cidade
muito interessante, uma parede de madeira, tipo gabinete, cheia de portinhas onde Catherine de Médicis, mulher de Henrique IV, pouco amada pela corte francesa, por ser italiana e não nobre (era uma parente do Papa da vez), supostamente, guardaria os seus venenos. Um modo simples e cruel de exterminar opositores. Mas o "chamber of secrets" na realidade tinha um propósito bem mais banal: exibir objetos preciosos aos seus convidados.

Château de Chambord - Magnífico, colossal! Delírio de ostentação real de Francisco I! A visita ao castelo revela os aposentos reais, os quartos das valetes e a Grande Escada, formada por duas espirais em torno de um nó, em que as pessoas de fora conseguem ver os que sobem ou descem, mas estes jamais se cruzam. A engenhosidade da escada faz supôr a alguns que tenha havido seu projeto inspirado pelo mestre Leonardo Da Vinci.
Ao percorrer as salas, entramos por diferentes épocas de glória do castelo, descobrindo os vestígios dos personagens que marcaram sua história.
Francisco I, instalou os seus aposentos na ala norte. Victor Hugo conta na sua obra "O Rei se diverte", 1832, que Francisco I foi abandonado por uma amante (coisa impensável na realeza) e desolado,
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Feira de produtos biologicos. Paes franceses ma-ra-vi-lho-sos!
escreveu com un diamante no vidro do seu quarto "Souvent femme varie - Bien fou est qui s'y fie!" (as mulheres são voluveis como o vento, tolo é quem confia nelas!). Mais tarde a história foi copiada na ópera Rigoletto, de Giuseppe Verdi, 1851, e a famosa canção "La donna è mobile Qual piuma al vento...", porém na voz de um tal Duque di Mantova, não do Rei Francisco I, para não ferir a moral da nobreza francesa, da qual a Italia dependia. O quarto mais luxuoso é o de Luís XIV, o Rei Sol, que terminou as obras do palácio. O Estado francês comprou a propriedade dos herdeiros do conde de Chambord em 1930 e criou em torno o maior parque natural fechado da Europa. A reserva é cercada por uma muralha de 32 quilômetros construída ainda no tempo da nobreza para proteger a área que abrangia a residência real e o bosque de caça.

Cheverny - O château foi aberto ao público em 1922, è ainda habitado pelas herdeiros da familia de Henry Hurault, que hoje vive dos bilhetes que vende na entrada e dos aluguéis de salas para festas. Por isso conserva a beleza e a
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vista do nosso chambre d'hotes
riqueza dos móveis e a autenticidade na decoração, incluindo tapeçarias de Fiandre do Séc. XVII, um magnífico relógio Luís XV e um baú Luís XIV. O parque que circunda Cheverny, pode ser visitado em barco e com carrinhos elétricos de abril a novembro. Belíssimos também os cães de caça, criados no canil de frente ao Castelo. A caça é uma tradição que esta família conserva intocada. Cheverny é também utilizado como modelo para Hergé desenhar Moulinsart, a casa de campo do Capitão Haddock, dos quadrinhos de Tintin.

A região do Loire è famosa também pelos seus vinhos e a maioria das cantinas podem ser visitadas sob pedido. Em Cheverny, a setembro, algumas caves permitem aos visitantes de ajudar na vendêmia, feita ainda à moda antiga, com a tesourinha.

Perto de Cheverny, a Saint-Georges-sur-Cher passamos a noite em outro chambre d’Hôtes, ex-residência de um padre que teve de fugir durante a revolução francesa, abandonando, obviamente, a capela adjacente, mobília e muitos objetos ainda em exposição. Conversei muito com os fantasmas da casa naquela noite.

Château de Chenonceau - Este é um dos castelos mais bonitos do Vale do Loire e talvez aquele que carrega a história de alguns dos personagens mais polêmicos da monarquia francesa. O Castelo das Damas, como é conhecido, foi erguido no século XVI, a partir de um moinho e de um modesto domínio feudal. As mulheres e amantes dos vários proprietários do castelo transformaram-no num palácio dedicado ao prazer.
Alí viveram ainda a rainha Catherina Di Médicis e a amante de seu marido, Diana de Poitiers, para quem o rei presenteou o château. Que abusado! Depois da morte de Henrique II, em 1559, Catherina, agora rainha da França, expulsou a “vagaba” e a mandou para o castelo de Chaumont-sur-Loire. Eu a teria mandado para bem outro lugar!! Nas paredes de alguns cômodos é possível ver as iniciais H e C, de Henrique II e Catherina, que entrelaçadas formariam um D e alguns afirmam seja o de Diana.
Sobre a ponte que ligava Chenonceau à outra margem do rio Cher foi construída uma galeria. Catherina achava o château muito pequeno e pretendia construir outro castelo na margem oposta para uni-los com essa galeria. Séculos mais tarde, durante a Primeira Guerra Mundial, o espaço serviu de enfermaria para centenas de soldados franceses feridos. Dizem que das janelas lançavam iscas no Loire e pescavam diretamente o almoço.
Chateau de BloisChateau de BloisChateau de Blois

o simbolo de Henrique II, Catherina de Médicis e... Diana?

No último andar, um quarto todo pintado de preto e detalhes do luto real, abrigou Louise de Lorraine, esposa do rei Henrique III, assassinato pelo monge Jacques Clément, em 1589. Após a morte do marido, Louise decidiu se recolher em Chenouceau para rezar, por nada menos que 11 anos, até sua morte. Sempre vestida de branco, segundo o protocolo de luto real, ficou conhecida como a “Rainha Branca”.
Do lado de fora, dois jardins clássicos completam a beleza da construção. O maior leva o nome da preferida do rei Henrique II, Diana de Poitiers. O menor e mais íntimo foi construído para a rainha Catherina. A decoração dos jardins é totalmente renovada na primavera e consome mais de 130 mil bulbos de flores. Não esqueça de entrar (e tentar sair) do Labirinto de arbustos de Catherina Di Médicis.





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Chateau de BloisChateau de Blois
Chateau de Blois

pés da cama do rei
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Chateau de Blois

Renascimento, gotico e classico colados um no outro
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vista do Castelo
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Chateau de Blois

vitral contando a bençao de Joana D'arc. Os vitrais contam sempre uma estoria e geralmente se leem debaixo para cima, da esquerda para a direita.
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Chateau de Blois

de fora imita os balcões de San Pietro (Vaticano).
Chateau de ChambordChateau de Chambord
Chateau de Chambord

a escada em espiral
Chateau de ChambordChateau de Chambord
Chateau de Chambord

o quadro de Leonardo da Vinci que morre nos braços de Francisco I era a vontade do Rei. Na verdade este estava longe e Leo morreu sozinho durante o sono.
Chateau de ChambordChateau de Chambord
Chateau de Chambord

Canaletas externas de escorrimento da chuva, NENHUM detalhe foi deixado sem decoraçao.
Chateau de ChambordChateau de Chambord
Chateau de Chambord

estufa de ceramica para aquecimento


23rd March 2009

Estamos indo para Paris na Pàscoa. Adorei suas dicas dos castelos. Quem sabe nao damos um pulinho là? Beijocas!
23rd March 2009

Ahhh... legal.
Reserve no minimo 5 dias para ver os principais castelos, então.
4th July 2009

castle
oh,the castle is so so so beautiful!!!\(^o^)/~\(^o^)/~\(^o^)/~
19th May 2010

Visitei os Castelos do Vale do Loire
Em dezembro/2008 fui a Paris e visitei os castelos,passeio inesquecível!
1st August 2010

a riqueza de detalhes em sua narrativa é excelente!

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