O carro-chefe do Vietnã

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É impossível falar de Ho Chi Min City sem comparar essa megalópole de 10 milhões de habitantes e cinco milhões de motocicletas, coração financeiro do Vietnã, com sua irmã bastarda do norte, Hanói. Enquanto a última, com suas vielas, chapéus de palha e berço do comunismo guarda resquícios de um passado em que teima perpetuar, a primeira direciona seus holofotes para o futuro, com grandes arranha-céus, shopping centers e sedes de multinacionais dando a tônica do que será o país daqui para frente. Apesar disso, sinais dos anos 60 e 70 ainda são vistos em quase todos os cantos. É o contraste entre o moderno e o tradicional, um resumo do Vietnã que conhecemos nessa viagem e um indício de um país que tende a mudar muito daqui pra frente.

Ho Chi Min City (ainda Saigon para basicamente todo mundo que vive aqui) e Hanói polarizaram a história do país no último século. Do ponto de vista vietnamita, coube a Saigon o papel de inimigo, ao alinhar-se com os Estados Unidos na luta contra os comunistas do Norte e seus comparsas do Vietcong, infiltrados no sul. O resultado está nos livros, e em 1975 a cidade sucumbiria aos revolucionários. Se levado em conta o resultado econômico, porém, Saigon venceu a guerra com folga - quase 70% do PIB do vem do sul.

Cidade de bonita arquitetura e largos bulevares, Saigon talvez careça do charme de Hanói, mas compensa ao abrigar imperdíveis atrações ligadas à guerra. O Palácio da Independência, por exemplo, é mantido praticamente como no dia em que os comunistas cruzaram seu portão a bordo de um tanque para comemorar a vitória, há 35 anos. Além dele, existem poucas experiências como uma visita ao War Remnants Museum. Como a tradução indica (Museu dos Remanescentes da Guerra), trata-se de um espaço dedicado não à guerra em si, mas aos resultados práticos dela na vida dos vietnamitas até os dias de hoje. Assim, há uma sessão inteira com fotos das vítimas das armas químicas utilizadas pelos americanos, sobretudo o napalm e o agente laranja.

Durante a guerra, os EUA despejaram 174 litros dele pelas florestas do país na tentativa de acabar com guerrilheiros do Vietcong. Mataram sobretudo civis. A crueldade torna-se maior ao se tomar conhecimento que apenas 75 gramas (uma colher de chá) é suficiente para se matar uma cidade com oito milhões de habitantes. Há poucos anos os veteranos americanos afetados pelos agentes químicos conseguiram uma compensação milionária do governo Bush, mas muitos vietnamitas ainda sofrem com abortos, má formação dos membros e outras doenças que se propagam em gerações - ainda no fim da década de 90 crianças nasciam sem pernas, braços ou com todos os membros atrofiados. Outro destaque fica para a sessão dos locais ainda afetados por áreas minadas, que continuam a mutilar centenas a cada ano. Apenas em Saigon vimos mais aleijados do que talvez no resto do país inteiro.

Debaixo da terra

Nos anos anteriores e durante a Guerra dos EUA, guerrilheiros do Vietcong construíram túneis subterrâneos que iam das imediações de Saigon até o Camboja e o Laos. Eram utilizados para o transporte de armas e mantimentos e serviam de abrigo contra os bombardeios inimigos - os Vietcongs saíam à noite para realizar atos de ataque ou sabotagem. Alguns desses túneis ainda existem e são uma das principais atrações turísticas do país. Não é para os fracos. É uma experiência claustrofóbica caminhar a 40 metros de profundidade nos Cu Chi Tunnels e seus 200 km de extensão, e isso considerando que boa parte desses caminhos subterrâneos foram alargados para os ocidentais. Na superfície, ainda é possível ver as crateras feitas pelos B-52s americanos na fútil tentativa de desmembrar essas conexões.


The English version is coming soon...

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Photos

Saigon
catolicos sao comum por aqui

Ho Chi Min
everywhere

Palacio
jardins

Vitima de quimicos
nascido 20 anos depois

sandalia vietcong
a Gooc vende por 40 reais em SP

Comments

[Driks]

Que triste ...

[Grê]

Triste
mesmo...