17 de Abril de 2008 - onde a autora descobre o terceiro senão do Reino Unido; as magníficas sopas de pimento vermelho e a actividade caritativa das igrejas locais; Juan, o rapaz do México; uma aula de Beckett; porque é a Banoffy Pie a tarde da


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September 29th 2008
Published: September 29th 2008
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A famosa performance de BeckettA famosa performance de BeckettA famosa performance de Beckett

imagem cortesia de s. tigris
uma biblioteca a sério de muitos, muitos pisos; o Writer’s Square e a omnipresença da história sangrenta da Irlanda do Norte; o Hamilton’s, pub católico; o Campeonato Mundial de Pong e o Homem Mais Belo do Mundo que nos convidou a assistir à final no John Hewitt; as discotecas irlandesas, VIP pass para a Thompson’s e a diminuta roupa e pudor das irlandesas; as sandes da Subway e porque é que a Vodafone só entrega mensagens de roaming muitas horas depois de serem enviadas.

Mais uma vez, acordar cedo e à pressa, para a aula de American Noir com o professor Andrew e o seu sensual sotaque britânico. Deuses, as minhas hormonas topam um inglês à distância. Estavam a discutir o livro de James Ellroy, LA Confidential, e como tinha visto o filme há pouco tempo e tinha gostado, consegui seguir minimamente a conversa. Quer dizer, pelos vistos o filme é muito, muito diferente do livro, e fiquei na dúvida se para melhor ou pior. Para a Sónia, que adora livros policiais, Ellroy é o Demónio e LA Confidential a sua Bíblia. No mau sentido. Ela não viu o filme e não consegui convencê-la a vê-lo. Ainda dizem que
Christine e o terror da Queima de CoimbraChristine e o terror da Queima de CoimbraChristine e o terror da Queima de Coimbra

É a que não está trajada, é assim tão difícil descobrir???
Hollywood destrói a literatura… Qualquer coisa que junte o Russell Crowe com o Guy Pierce tem, necessariamente, de ser bom. Melhor que um livro que, pelo que percebi à minha volta dos olhares ansiosos e pouco comunicativos, muita pouca gente leu até ao fim.

Três alunos fizeram uma apresentação sobre o livro, cada um tendo como função comparar a obra com algo que podia ter tudo a ver ou nem por isso. Essays de três páginas que distribuíram alegremente pelos colegas (os tópicos da coisa), e por isso também eu tive direito a uns papéis que pensei imediatamente copiar descaradamente para o meu trabalho de Seminário (sobre filme noir, para as quatro pessoas no mundo inteiro que não sabem disso). Só para terem uma noção, vou procurar e transcrever o tema aqui, para verem bem o quão diferente é o sistema de ensino… Ok, encontrado. O tema da dissertação era ‘In what ways might Michel Foucault’s critique of power or Louis Althusser’s thinking on ideology be a useful starting point for discussing LA Confidential?’ Ouch, certo? Pois. É melhor nem começar a explicar em que consistia o programa do semestre (que a Sónia teve a amabilidade de me enviar), porque senão…

No intervalo - dez minutos, e dez minutos apenas! -, esgueirámo-nos para o PFC, que é o bar do sítio. Self-service, agarrei num iced bun e num grande copo de café, paguei - ? pounds and ? pe, love - e sentei-me com a Sónia, para me sentar e desfrutar um dos cafés mais horríveis que alguma vez tive o prazer de provar. Terceiro senão! Argh. Um contraste amargo acentuado ainda mais pelo iced bun que era bom, certo, mas nada de magnífico. E pelo que dizia o Scott, aquele era dos sítios que servia uma coisa mais parecida com café em Belfast… medo…

Depois da segunda parte da aula - onde a Sónia exprimiu alegremente o seu ódio pelo livro -, corremos para a igreja que servia almoços grátis às quintas. Sim, há sítios que servem almoços grátis a determinados dias, para estudantes, essa classe social desfavorecida (e não, não estou a ser irónica). Quando chegámos, bem cedinho, corremos para as sopas (de cogumelos e de pimentos, eu escolhi a de pimentos), que vinham em copos (e sim, é uma óptima maneira de comer sopas), para uma peça de fruta (yehhhhh!), chá ou café para
Belfast view IBelfast view IBelfast view I

Yehhhh.. não parece uma vilazeca?
beber à refeição (??????), e chocolates, muitos chocolates. Eu ainda trouxe um cachorro quente, a Sónia a alternativa vegetariana que não era só uns pedaços de alface como costuma ser cá. Ahhhhh… eu nem sou grande apreciadora de sopas, mas aquilo era d.e.l.i.c.i.o.s.o. Pronto, beber chá à refeição deve ser das coisas mais estranhas do mundo, mas em Roma faz como os romanos e lá enfiei aquela coisa pela goela abaixo. Acrescente-se o facto que parecem só conhecer o chá preto - as maravilhosas variantes que temos por aqui, com aqueles sabores tropicais e mentosos e etc e tal? Nápias.

Ao almoço travámos conhecimento com uma parte da comunidade Erasmus em Belfast. Um casal americano/irlandês (mesmo casado, estranho…), de quem não me lembro dos nomes, e o Juan, mexicano, com quem partilharíamos a maior parte dos dias, alegremente na maioria, estranhamente para o fim, quando começámos a ver sinais de alerta no ‘stalker alarm’ da Sónia. Lembro-me que falaram das diferenças culturais entre as cerimónias de casamento nos vários países, e o povo latino ficou escandalizadíssimo ao ouvir o rapaz americano dizer que um casamento de 100 pessoas nos Estados Unidos era visto como um Grande Casamento. Deuses. Isso
Belfast view IIBelfast view IIBelfast view II

As famosas coisas amarelas ao fundo...
cá é a definição de casamento íntimo e de família marada que está de mal com o casal…

Depois do almoço estivemos a fazer tempo no PFC à espera do Scott, que talvez - cerca de 20% de probabilidades - aparecesse por lá para falar com a Sónia do suposto essay, que a iria perseguir durante muito tempo, ainda mais do que o pretendente mexicano (eu, como especial afligida por stalkers, não devia gozar com estas coisas, mas pronto…). O Scott acabou por não aparecer, mas aproveitámos para arranjar uns mapazinhas de Belfast para moi, e também para olhar para as lojas de recordações da Universidade de Queens, todas fora do meu orçamento (casaquinho militar ainda à vista).

De tarde iríamos ter uma aula de Beckett com uma das grandes especialistas na matéria, da qual só apontei o primeiro nome: Anne. Éramos muito poucos, porque o resto da turma estava envolvido na representação de uma peça aparentemente polémica sobre Judas Iscariotes… Além de mim e da Sónia, estavam lá a Christine (eslovena, com quem iria conviver mais intensamente durante a malfadada Queima das Fitas) e a Julianne (americana, companheira de viagem do fim-de-semana), curiosamente ou não as companheiras de grupo da Sónia, para a performance de Beckett para a qual eram precisos (ou não, mas ficou giro) sapatos de pontas de ballet. O tema da aula era ‘Beckett and the Radio’ e falámos de uma coisa quase completamente desconhecida por cá (ok, tirando as variedades de rádio que o meu bisavô gravava cassetes e cassetes…), o teatro de rádio. Ouvimos um pouco de uma peça gravada, que Anne depois emprestou o cd às alunas (advertindo severamente que tal não era para copiar - bem, eles aqui não são brandos nas regras anti-pirataria…), e eu tive o meu momento de glória suprema ao responder de forma brilhante e de inteligência superior porque era 1927 um ano de extrema importância para o cinema (e porque raio a rádio perdeu popularidade depois disso). É evidente que não vou partilhar a minha resposta com os leigos… Google it!

Depois da aula ficámos sozinhos na sala a usar equipamento tecnológico, outra coisa impensável no nosso pedaço de estrume à beira mar plantado. Sim, sem professora, que apenas nos avisou para termos cuidado e não ficarmos trancadas dentro das instalações, porque era francamente aborrecido. (sim, pelos vistos ficar trancado dentro de edifícios e parques é um hobbie nacional frequentemente experimentado por estrangeiros com pouca noção de tempo). A Julianne esteve assim a mostrar algumas músicas que poderiam ser utilizadas na performance, enquanto a Sónia e a Christine se degladiavam pelo seu conceito do que poderia ser a coisa. Como a Christine era, das três, a única que não tinha tido contacto com aulas de ballet e saias de tule rosa quando era pequena, estava bastante reticente a gastar 60 libras (certo?) nuns sapatos de pontas. Isto porque, como eu vim a aprender - salvando a minha viagem de ser um compleeeeto deserto intelectual… just kiddin’ - convinha que os sapatos de pontas fossem novos e moldados aos pés da sua dona através de exercícios, para evitar lesões seríssimas. Daí a vantagem evidente em gastar um ror de dinheiro numa coisa que podia ser adquirida em segunda mão por muito menos moedinhas. É claro que me apercebi estar no país da minha vida, onde pequenos luxos como este - i.e., comprar coisas novas por bom dinheiro - são justificados cientificamente. Aposto que também conseguirei arranjar um dia uma boa explicação científica para gastar 800 e tal libras naquele famoso casaco da Burberrys que toda
Eu e a GuinessEu e a GuinessEu e a Guiness

Uma foto-cliché, para variar :D
a gente que tem contacto comigo está farta de ouvir falar…

Agora a sério, se fosse eu, também nem pensava duas vezes em gastar mais para não ir a chorar para o hospital agarrada a um tornozelo. De qualquer maneira, lá estivemos a ouvir muitos, muitos tipos de música, e por fim, quando a fome nos venceu, fomos para casa. A Julianne foi atraída aos aposentos da Sónia (e meus provisoriamente) com a promessa da famosa Banoffy Pie, e tenho de dizer que o cacho de bananas que vi cruelmente afastado de mim foi bem gasto, porque a coisa é uma delícia. Não tenho a certeza de que uma mão irlandesa ou inglesa faça melhor que a Sónia (depois de olhar para o que eles chamam ‘pastelaria’ fiquei muito assustada), e terei um dia de tirar as dúvidas. O certo é que hmmmmmm… maravilhoso. A Julianne também teve um encontro gastronómico de choque com aquela coisa que parecia um queijo que a Andreia me fez levar (e que estava recheada de fios de ovos) e com o chouriço vegetariano congelado (sim, duas comedoras de alface comigo na cozinha! Começo a sentir um mal-estar carnívoro…).

Entretanto, segundo os meus apontamentos, este foi o dia em que saímos antes de jantar para ver a famosa Queen’s Library (digo antes de jantar porque as fotos ainda têm luz), que é um edifício em estilo TUDOR com uns dez andares cheios, repletos de livros. Arrrrhghghgghg… Fomos ao sétimo, para eu poder contemplar a secção de cinema que envergonha de longe a SEC de Coimbra (ui!). Além de todos os livros BFI, os argumentos, os livros sobre cinema polaco, sobre noir, sobre tudo e mais alguma coisa, incluindo dois livros em português sobre cinema português que NÃO EXISTEM EM COIMBRA, bem… que hei-de dizer? Tinha chegado ao céu. Infelizmente o meu Visitor’s Card não me permitia requisitar, e a Sónia tinha o armário cheio de livros da biblioteca dos quais precisava para as aulas. Sim, porque o limite de empréstimos são 9 livros, tirando os dvds (estes com um prazo de 24 horas…). E as fotocópias eram 5 pence cada, uma roubalheira. E eu a olhar para o Shakespeare’s Lives de Schoenbaum… aaaararhghghghghg. Fuck, fuck, fuck…

O elevador era aterrorizador. Depois de ver a secção de teatro e cinema descemos ao rés-do-chão, numa sala que eu julgava cheia de livros sobre música, tal era o seu enorme tamanho (eles têm um óptimo colégio de música no campus). Bem, parece que os livros sobre música estavam noutra sala. O que eu tinha à frente eram PARTITURAS. Aquilo tudo. Bem, eu sei quem é que ia ter um enorme orgasmo por entrar aqui… Vasculhei as estantes. A coisa começava nos primórdios do século sete, se não estou em erro. Quando passei pelo XIII e XIV comecei a respirar com dificuldade, porque estavam ali ORIGINAIS. Assim, à mão de alunos e visitantes. Pensei, ‘ok, mas aposto que isto chega ao século XVIII e pára’. Nope. Século XIX, século XX (perto das partituras havia livros sobre os compositores, alguns só, de referência) e no extremo mais extremo da última das estantes, estiquei o braço, tirei ao acaso e dei por mim a olhar para as enormes partituras do Kontakte do senhor Karlheinz S. Stockhausen. Partituras do Stockhausen à minha frente. Ok, não era a primeira vez que via partituras do senhor, mas assim, numa sala de estudo numa universidade… deuses, esta gente é avançada demais, estão a assustar-me. Vá, onde é que está a candid camera?

Fui arrastada para fora da biblioteca, fomos para casa comer (o quê? Não faço a mínima ideia. Possivelmente bacalhau fresco…), e depois fomos ter com o Juan para sair. A Sónia fazia questão de me mostrar a desgraça das discotecas irlandesas, além que tinha uns passes VIP para a Thompson’s (uma das discos que fechava mais tarde, às… 3 da manhã. É claro que havia uma que fechava às 6 da manhã, o Kremlin, que tinha uma estátua do Lenine à porta e tudo, mas era uma disco… gay.). Mas como as discotecas só metem piada a partir de certa hora, fomos passar um bocado de tempo a um bom e católico irish pub, o Hamilton’s. Estivemos a falar das diferenças culturais entre países, e eu provei a minha primeira Guiness (que parece, de consistência e cor, mousse de chocolate). Ficou provado que, uma vez que é suposto ser das melhores cervejas do mundo, que eu não gosto mesmo nada de cerveja. Saídos dali, fomos ver o Writer’s S quare, para a dose de história irlandesa diária, porque isto de turismo só recreativo não vai com a minha cara nem, felizmente, com a da Sónia. Hmmm, sim, saí de cá uma expertttttt….

Quando vínhamos de lá, arrastando-nos lentamente para fazer tempo, passámos à porta do John Heuitt, outro pub, onde estava um ser celta à porta, bebendo a sua pint (diz-se ‘paint’ e não sei se alguma vez me habituarei a isso) com o ar mais cool deste mundo. É evidente que tanto eu como a Sónia nos sentimos impelidas para saltar para cima dele, mas tivemos de nos conter dada a presença do Juan e possíveis interferências dali nas relações internacionais México-Portugal. A dignidade nacional acima de tudo. O ser, como descrever? Parecia saído de um sonho. A cara mais perfeita de sempre, olhos verdes, nariz aquilino, cabelos louros médios, mais saudáveis que os de muitas raparigas (sim, era LOURO, seria um bocado complicado não o ser, já que estávamos na IRLANDA, certo???), magro mas não anoréctico, vestido numa de negligé chique meets desportivo meets intelectual de Bloomsbury ao fim de semana.. e aí ele fala. Fala com a voz sensual mais orgasmicamente carregada de sotaque irlandês de que há memória. E por momentos essa voz é tão esplendorosa, tão celestial que nem eu nem a Sónia percebemos puto do que ele está a dizer, nem para quem. Mas como éramos as únicas pessoas na rua, cravámos os olhos nele e esperámos que o ser milagrosamente repetisse o encantatório. Do you wanna see the Pong World Championship Final? Tínhamos percebido, mas o significado da aparição estava ainda para além da nossa compreensão. What do you meen by Pong?, ouvi a Sónia dizer, ela que pelos vistos consegue resistir a louros irlandeses (fumadores, já disso? Foi a primeira e única pessoa que vi a fumar durante toda a estadia…) melhor do que eu. I mean… Pong. E abriu a porta. E lá dentro, no meio de uma algazarra que por terras lusas apenas poderia ser entendida como a final do campeonato entre o Sporting e o Benfica, ou algo nessa linha, estava o World Championship Of Pong. Sim, Pong. O jogo de computador dos anos 80. Aquela coisa na berra antes de chegar o russo Tetris. Pong. Um campeonato de Pong. Com comentadores. E claques. E um vencedor com uma coroa de bolas de ping-pong. O que faz sentido. Eu sei que ninguém acredita. Então vejam o vídeo (isto na esperança de o conseguir uploadar…). Pois, eu sei. A loucura.

É claro que depois deste impressionante contacto com a cultura desportiva irlandesa impunha-se convidar o ser irlandês para vir connosco ao Thompson’s, mas qual quê. Totós. Inda por cima com passes vips a mais… E eu, que podia pela primeira vez jogar o trunfo da estrangeira exótica… Argh. Totó em casa, totó para sempre.

Lá fomos para a ou o Thompson’s, e tiritei assustada ao olhar para o que as irlandesas consideram roupa, que eu, com o meu desconhecimento latino, facilmente confundiria com uns panos de lavar loiça, ou do pó, agarrados por uns frágeis alfinetes. Enfiada no enorme casaco peludo da Sónia (ainda estou a perceber como é que ela mo emprestou…), digamos que toda a gente olhava para nós, em vez de para as raparigas laranja semi-nuas à nossa volta. Algumas lembraram-me roupa de casamentos. Outras strippers de despedidas de solteiro. Lá entrámos e levámos o nosso carimbo vip. Fomos lá para cima. Cá em baixo o espaço estava atulhado de gente…

Lá em cima, do varandim, observei com curiosidade os hábitos de acasalamento do habitat. Sentia-me no meio de um documentário da National Geographic. Se puderem, ponham o main theme enquanto lêem esta parte, para entrarem no espírito…

Está? Ok. Passo à descrição. Mesmo à nossa frente, bem à beira da varanda, estavam dois seres do sexo feminino com aquilo que dificilmente passaria por roupa. Uma, mais engraçadita, tinha um tecido branco a modos que a cobrir as partes pudendas, enquanto que a amiga, mais anafadita, tinha, se bem me lembro, um top amarelo bem justo e uns calções que, se fossem de outro tecido, passariam por cuecas. Ora as minhas atenções centraram-se na tipa de branco, já que era a que dava menos nas vistas observar. Atrás um grupo de machos observava interessado os movimentos dançantes da fêmea, que parecia confundir a noção de dança com um show de strip, e a barra da varanda com um varão de… vocês sabem.

Aproxima-se o primeiro macho da fêmea, agarra-se a ela e dançam juntos uma coisa que, dentro da minha experiência reservada, passaria bem por preliminares. Atenção, eu por momentos julguei que o macho fosse namorado da tipa, mas não. Ainda ouve troca de fluidos salivares, após o que o macho se retira e aparece outro, mais matulão e que faria um sucesso aqui em Portugal como segurança de uma das discotecas da moda. O processo foi semelhante, até que chega o macho anterior. Ainda julguei que ia ter o prazer de assistir à minha primeira luta num club, mas não. Ensanduícharam-se com a tipa, numa de alegre partilha, e tudo de positivo que me ocorreu pensar foi que este país era muito à frente em direitos de mulheres. É claro que em conversa posterior com a Sónia tive de voltar atrás nos meus pensamentos.
A música, apesar de comercialóide, era-o na Irlanda, portanto praticamente desconhecida para mim, o que foi bom. Às três da manhã em ponto a disco fechou (é mesmo verdade! Que choque!), e saímos. Mais uma vez me arrepiei com o ar encalorado das raparigas seminuas que iam saindo da Thompson’s - não, o conceito de casaco também não é comum por estas bandas - e como estava positivamente esfomeada, fomos a uma cadeia de sandes com o apropriado nome de Subway, para eu comer uma enorme sandes com um toque italiano de orégãos. Yehhh.

À vinda para os arredores da Queen’s, tivemos um momento policial quando o Juan recebe uma mensagem de ameaça do namorado de uma vizinha. Pelos vistos não era a primeira vez, por isso ele foi falar com os polícias mais perto (sempre polícias perto, como é que eles conseguem?), enquanto eu e a Sónia ficámos a falar sobre as maravilhosas condições de segurança de Belfast comparado, sei lá, com Lisboa ou Porto. Passaram uns bons minutos até que as duas nos apercebemos que estávamos a falar inglês uma com a outra e quando o Juan voltou estávamos ainda a rir da nossa enorme estupidez anti-patriótica. E como o dia seguinte ia ser preenchido por um tour turístico a sério, que iria começar com a experiência de choque do pequeno-almoço irlandês, convinha irmos dormir. Não, a Sónia não tinha aulas à sexta. Pois, eu sei. Snif.



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