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Published: September 29th 2008
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uma biblioteca a sério de muitos, muitos pisos; o Writer’s Square e a omnipresença da história sangrenta da Irlanda do Norte; o Hamilton’s, pub católico; o Campeonato Mundial de Pong e o Homem Mais Belo do Mundo que nos convidou a assistir à final no John Hewitt; as discotecas irlandesas, VIP pass para a Thompson’s e a diminuta roupa e pudor das irlandesas; as sandes da Subway e porque é que a Vodafone só entrega mensagens de roaming muitas horas depois de serem enviadas. Mais uma vez, acordar cedo e à pressa, para a aula de American Noir com o professor Andrew e o seu sensual sotaque britânico. Deuses, as minhas hormonas topam um inglês à distância. Estavam a discutir o livro de James Ellroy, LA Confidential, e como tinha visto o filme há pouco tempo e tinha gostado, consegui seguir minimamente a conversa. Quer dizer, pelos vistos o filme é muito, muito diferente do livro, e fiquei na dúvida se para melhor ou pior. Para a Sónia, que adora livros policiais, Ellroy é o Demónio e LA Confidential a sua Bíblia. No mau sentido. Ela não viu o filme e não consegui convencê-la a vê-lo. Ainda dizem que
Christine e o terror da Queima de Coimbra
É a que não está trajada, é assim tão difícil descobrir??? Hollywood destrói a literatura… Qualquer coisa que junte o Russell Crowe com o Guy Pierce tem, necessariamente, de ser bom. Melhor que um livro que, pelo que percebi à minha volta dos olhares ansiosos e pouco comunicativos, muita pouca gente leu até ao fim.
Três alunos fizeram uma apresentação sobre o livro, cada um tendo como função comparar a obra com algo que podia ter tudo a ver ou nem por isso. Essays de três páginas que distribuíram alegremente pelos colegas (os tópicos da coisa), e por isso também eu tive direito a uns papéis que pensei imediatamente copiar descaradamente para o meu trabalho de Seminário (sobre filme noir, para as quatro pessoas no mundo inteiro que não sabem disso). Só para terem uma noção, vou procurar e transcrever o tema aqui, para verem bem o quão diferente é o sistema de ensino… Ok, encontrado. O tema da dissertação era ‘In what ways might Michel Foucault’s critique of power or Louis Althusser’s thinking on ideology be a useful starting point for discussing LA Confidential?’ Ouch, certo? Pois. É melhor nem começar a explicar em que consistia o programa do semestre (que a Sónia teve a amabilidade de me enviar),
porque senão…
No intervalo - dez minutos, e dez minutos apenas! -, esgueirámo-nos para o PFC, que é o bar do sítio. Self-service, agarrei num iced bun e num grande copo de café, paguei - ? pounds and ? pe, love - e sentei-me com a Sónia, para me sentar e desfrutar um dos cafés mais horríveis que alguma vez tive o prazer de provar. Terceiro senão! Argh. Um contraste amargo acentuado ainda mais pelo iced bun que era bom, certo, mas nada de magnífico. E pelo que dizia o Scott, aquele era dos sítios que servia uma coisa mais parecida com café em Belfast… medo…
Depois da segunda parte da aula - onde a Sónia exprimiu alegremente o seu ódio pelo livro -, corremos para a igreja que servia almoços grátis às quintas. Sim, há sítios que servem almoços grátis a determinados dias, para estudantes, essa classe social desfavorecida (e não, não estou a ser irónica). Quando chegámos, bem cedinho, corremos para as sopas (de cogumelos e de pimentos, eu escolhi a de pimentos), que vinham em copos (e sim, é uma óptima maneira de comer sopas), para uma peça de fruta (yehhhhh!), chá ou café para
Belfast view I
Yehhhh.. não parece uma vilazeca? beber à refeição (??????), e chocolates, muitos chocolates. Eu ainda trouxe um cachorro quente, a Sónia a alternativa vegetariana que não era só uns pedaços de alface como costuma ser cá. Ahhhhh… eu nem sou grande apreciadora de sopas, mas aquilo era d.e.l.i.c.i.o.s.o. Pronto, beber chá à refeição deve ser das coisas mais estranhas do mundo, mas em Roma faz como os romanos e lá enfiei aquela coisa pela goela abaixo. Acrescente-se o facto que parecem só conhecer o chá preto - as maravilhosas variantes que temos por aqui, com aqueles sabores tropicais e mentosos e etc e tal? Nápias.
Ao almoço travámos conhecimento com uma parte da comunidade Erasmus em Belfast. Um casal americano/irlandês (mesmo casado, estranho…), de quem não me lembro dos nomes, e o Juan, mexicano, com quem partilharíamos a maior parte dos dias, alegremente na maioria, estranhamente para o fim, quando começámos a ver sinais de alerta no ‘stalker alarm’ da Sónia. Lembro-me que falaram das diferenças culturais entre as cerimónias de casamento nos vários países, e o povo latino ficou escandalizadíssimo ao ouvir o rapaz americano dizer que um casamento de 100 pessoas nos Estados Unidos era visto como um Grande Casamento. Deuses. Isso
Belfast view II
As famosas coisas amarelas ao fundo... cá é a definição de casamento íntimo e de família marada que está de mal com o casal…
Depois do almoço estivemos a fazer tempo no PFC à espera do Scott, que talvez - cerca de 20% de probabilidades - aparecesse por lá para falar com a Sónia do suposto essay, que a iria perseguir durante muito tempo, ainda mais do que o pretendente mexicano (eu, como especial afligida por stalkers, não devia gozar com estas coisas, mas pronto…). O Scott acabou por não aparecer, mas aproveitámos para arranjar uns mapazinhas de Belfast para moi, e também para olhar para as lojas de recordações da Universidade de Queens, todas fora do meu orçamento (casaquinho militar ainda à vista).
De tarde iríamos ter uma aula de Beckett com uma das grandes especialistas na matéria, da qual só apontei o primeiro nome: Anne. Éramos muito poucos, porque o resto da turma estava envolvido na representação de uma peça aparentemente polémica sobre Judas Iscariotes… Além de mim e da Sónia, estavam lá a Christine (eslovena, com quem iria conviver mais intensamente durante a malfadada Queima das Fitas) e a Julianne (americana, companheira de viagem do fim-de-semana), curiosamente ou não as companheiras
de grupo da Sónia, para a performance de Beckett para a qual eram precisos (ou não, mas ficou giro) sapatos de pontas de ballet. O tema da aula era ‘Beckett and the Radio’ e falámos de uma coisa quase completamente desconhecida por cá (ok, tirando as variedades de rádio que o meu bisavô gravava cassetes e cassetes…), o teatro de rádio. Ouvimos um pouco de uma peça gravada, que Anne depois emprestou o cd às alunas (advertindo severamente que tal não era para copiar - bem, eles aqui não são brandos nas regras anti-pirataria…), e eu tive o meu momento de glória suprema ao responder de forma brilhante e de inteligência superior porque era 1927 um ano de extrema importância para o cinema (e porque raio a rádio perdeu popularidade depois disso). É evidente que não vou partilhar a minha resposta com os leigos… Google it!
Depois da aula ficámos sozinhos na sala a usar equipamento tecnológico, outra coisa impensável no nosso pedaço de estrume à beira mar plantado. Sim, sem professora, que apenas nos avisou para termos cuidado e não ficarmos trancadas dentro das instalações, porque era francamente aborrecido. (sim, pelos vistos ficar trancado dentro de edifícios e
parques é um hobbie nacional frequentemente experimentado por estrangeiros com pouca noção de tempo). A Julianne esteve assim a mostrar algumas músicas que poderiam ser utilizadas na performance, enquanto a Sónia e a Christine se degladiavam pelo seu conceito do que poderia ser a coisa. Como a Christine era, das três, a única que não tinha tido contacto com aulas de ballet e saias de tule rosa quando era pequena, estava bastante reticente a gastar 60 libras (certo?) nuns sapatos de pontas. Isto porque, como eu vim a aprender - salvando a minha viagem de ser um compleeeeto deserto intelectual… just kiddin’ - convinha que os sapatos de pontas fossem novos e moldados aos pés da sua dona através de exercícios, para evitar lesões seríssimas. Daí a vantagem evidente em gastar um ror de dinheiro numa coisa que podia ser adquirida em segunda mão por muito menos moedinhas. É claro que me apercebi estar no país da minha vida, onde pequenos luxos como este - i.e., comprar coisas novas por bom dinheiro - são justificados cientificamente. Aposto que também conseguirei arranjar um dia uma boa explicação científica para gastar 800 e tal libras naquele famoso casaco da Burberrys que toda
Eu e a Guiness
Uma foto-cliché, para variar :D a gente que tem contacto comigo está farta de ouvir falar…
Agora a sério, se fosse eu, também nem pensava duas vezes em gastar mais para não ir a chorar para o hospital agarrada a um tornozelo. De qualquer maneira, lá estivemos a ouvir muitos, muitos tipos de música, e por fim, quando a fome nos venceu, fomos para casa. A Julianne foi atraída aos aposentos da Sónia (e meus provisoriamente) com a promessa da famosa Banoffy Pie, e tenho de dizer que o cacho de bananas que vi cruelmente afastado de mim foi bem gasto, porque a coisa é uma delícia. Não tenho a certeza de que uma mão irlandesa ou inglesa faça melhor que a Sónia (depois de olhar para o que eles chamam ‘pastelaria’ fiquei muito assustada), e terei um dia de tirar as dúvidas. O certo é que hmmmmmm… maravilhoso. A Julianne também teve um encontro gastronómico de choque com aquela coisa que parecia um queijo que a Andreia me fez levar (e que estava recheada de fios de ovos) e com o chouriço vegetariano congelado (sim, duas comedoras de alface comigo na cozinha! Começo a sentir um mal-estar carnívoro…).
Entretanto, segundo os meus
apontamentos, este foi o dia em que saímos antes de jantar para ver a famosa Queen’s Library (digo antes de jantar porque as fotos ainda têm luz), que é um edifício em estilo TUDOR com uns dez andares cheios, repletos de livros. Arrrrhghghgghg… Fomos ao sétimo, para eu poder contemplar a secção de cinema que envergonha de longe a SEC de Coimbra (ui!). Além de todos os livros BFI, os argumentos, os livros sobre cinema polaco, sobre noir, sobre tudo e mais alguma coisa, incluindo dois livros em português sobre cinema português que NÃO EXISTEM EM COIMBRA, bem… que hei-de dizer? Tinha chegado ao céu. Infelizmente o meu Visitor’s Card não me permitia requisitar, e a Sónia tinha o armário cheio de livros da biblioteca dos quais precisava para as aulas. Sim, porque o limite de empréstimos são 9 livros, tirando os dvds (estes com um prazo de 24 horas…). E as fotocópias eram 5 pence cada, uma roubalheira. E eu a olhar para o Shakespeare’s Lives de Schoenbaum… aaaararhghghghghg. Fuck, fuck, fuck…
O elevador era aterrorizador. Depois de ver a secção de teatro e cinema descemos ao rés-do-chão, numa sala que eu julgava cheia de livros sobre música,
tal era o seu enorme tamanho (eles têm um óptimo colégio de música no campus). Bem, parece que os livros sobre música estavam noutra sala. O que eu tinha à frente eram PARTITURAS. Aquilo tudo. Bem, eu sei quem é que ia ter um enorme orgasmo por entrar aqui… Vasculhei as estantes. A coisa começava nos primórdios do século sete, se não estou em erro. Quando passei pelo XIII e XIV comecei a respirar com dificuldade, porque estavam ali ORIGINAIS. Assim, à mão de alunos e visitantes. Pensei, ‘ok, mas aposto que isto chega ao século XVIII e pára’. Nope. Século XIX, século XX (perto das partituras havia livros sobre os compositores, alguns só, de referência) e no extremo mais extremo da última das estantes, estiquei o braço, tirei ao acaso e dei por mim a olhar para as enormes partituras do Kontakte do senhor Karlheinz S. Stockhausen. Partituras do Stockhausen à minha frente. Ok, não era a primeira vez que via partituras do senhor, mas assim, numa sala de estudo numa universidade… deuses, esta gente é avançada demais, estão a assustar-me. Vá, onde é que está a candid camera?
Fui arrastada para fora da biblioteca, fomos para casa
comer (o quê? Não faço a mínima ideia. Possivelmente bacalhau fresco…), e depois fomos ter com o Juan para sair. A Sónia fazia questão de me mostrar a desgraça das discotecas irlandesas, além que tinha uns passes VIP para a Thompson’s (uma das discos que fechava mais tarde, às… 3 da manhã. É claro que havia uma que fechava às 6 da manhã, o Kremlin, que tinha uma estátua do Lenine à porta e tudo, mas era uma disco… gay.). Mas como as discotecas só metem piada a partir de certa hora, fomos passar um bocado de tempo a um bom e católico irish pub, o Hamilton’s. Estivemos a falar das diferenças culturais entre países, e eu provei a minha primeira Guiness (que parece, de consistência e cor, mousse de chocolate). Ficou provado que, uma vez que é suposto ser das melhores cervejas do mundo, que eu não gosto mesmo nada de cerveja. Saídos dali, fomos ver o Writer’s S quare, para a dose de história irlandesa diária, porque isto de turismo só recreativo não vai com a minha cara nem, felizmente, com a da Sónia. Hmmm, sim, saí de cá uma expertttttt….
Quando vínhamos de lá, arrastando-nos lentamente
para fazer tempo, passámos à porta do John Heuitt, outro pub, onde estava um ser celta à porta, bebendo a sua pint (diz-se ‘paint’ e não sei se alguma vez me habituarei a isso) com o ar mais cool deste mundo. É evidente que tanto eu como a Sónia nos sentimos impelidas para saltar para cima dele, mas tivemos de nos conter dada a presença do Juan e possíveis interferências dali nas relações internacionais México-Portugal. A dignidade nacional acima de tudo. O ser, como descrever? Parecia saído de um sonho. A cara mais perfeita de sempre, olhos verdes, nariz aquilino, cabelos louros médios, mais saudáveis que os de muitas raparigas (sim, era LOURO, seria um bocado complicado não o ser, já que estávamos na IRLANDA, certo???), magro mas não anoréctico, vestido numa de negligé chique meets desportivo meets intelectual de Bloomsbury ao fim de semana.. e aí ele fala. Fala com a voz sensual mais orgasmicamente carregada de sotaque irlandês de que há memória. E por momentos essa voz é tão esplendorosa, tão celestial que nem eu nem a Sónia percebemos puto do que ele está a dizer, nem para quem. Mas como éramos as únicas pessoas na rua, cravámos
os olhos nele e esperámos que o ser milagrosamente repetisse o encantatório. Do you wanna see the Pong World Championship Final? Tínhamos percebido, mas o significado da aparição estava ainda para além da nossa compreensão. What do you meen by Pong?, ouvi a Sónia dizer, ela que pelos vistos consegue resistir a louros irlandeses (fumadores, já disso? Foi a primeira e única pessoa que vi a fumar durante toda a estadia…) melhor do que eu. I mean… Pong. E abriu a porta. E lá dentro, no meio de uma algazarra que por terras lusas apenas poderia ser entendida como a final do campeonato entre o Sporting e o Benfica, ou algo nessa linha, estava o World Championship Of Pong. Sim, Pong. O jogo de computador dos anos 80. Aquela coisa na berra antes de chegar o russo Tetris. Pong. Um campeonato de Pong. Com comentadores. E claques. E um vencedor com uma coroa de bolas de ping-pong. O que faz sentido. Eu sei que ninguém acredita. Então vejam o vídeo (isto na esperança de o conseguir uploadar…). Pois, eu sei. A loucura.
É claro que depois deste impressionante contacto com a cultura desportiva irlandesa impunha-se convidar o ser irlandês
para vir connosco ao Thompson’s, mas qual quê. Totós. Inda por cima com passes vips a mais… E eu, que podia pela primeira vez jogar o trunfo da estrangeira exótica… Argh. Totó em casa, totó para sempre.
Lá fomos para a ou o Thompson’s, e tiritei assustada ao olhar para o que as irlandesas consideram roupa, que eu, com o meu desconhecimento latino, facilmente confundiria com uns panos de lavar loiça, ou do pó, agarrados por uns frágeis alfinetes. Enfiada no enorme casaco peludo da Sónia (ainda estou a perceber como é que ela mo emprestou…), digamos que toda a gente olhava para nós, em vez de para as raparigas laranja semi-nuas à nossa volta. Algumas lembraram-me roupa de casamentos. Outras strippers de despedidas de solteiro. Lá entrámos e levámos o nosso carimbo vip. Fomos lá para cima. Cá em baixo o espaço estava atulhado de gente…
Lá em cima, do varandim, observei com curiosidade os hábitos de acasalamento do habitat. Sentia-me no meio de um documentário da National Geographic. Se puderem, ponham o main theme enquanto lêem esta parte, para entrarem no espírito…
Está? Ok. Passo à descrição. Mesmo à nossa frente, bem à beira da
varanda, estavam dois seres do sexo feminino com aquilo que dificilmente passaria por roupa. Uma, mais engraçadita, tinha um tecido branco a modos que a cobrir as partes pudendas, enquanto que a amiga, mais anafadita, tinha, se bem me lembro, um top amarelo bem justo e uns calções que, se fossem de outro tecido, passariam por cuecas. Ora as minhas atenções centraram-se na tipa de branco, já que era a que dava menos nas vistas observar. Atrás um grupo de machos observava interessado os movimentos dançantes da fêmea, que parecia confundir a noção de dança com um show de strip, e a barra da varanda com um varão de… vocês sabem.
Aproxima-se o primeiro macho da fêmea, agarra-se a ela e dançam juntos uma coisa que, dentro da minha experiência reservada, passaria bem por preliminares. Atenção, eu por momentos julguei que o macho fosse namorado da tipa, mas não. Ainda ouve troca de fluidos salivares, após o que o macho se retira e aparece outro, mais matulão e que faria um sucesso aqui em Portugal como segurança de uma das discotecas da moda. O processo foi semelhante, até que chega o macho anterior. Ainda julguei que ia ter o
prazer de assistir à minha primeira luta num club, mas não. Ensanduícharam-se com a tipa, numa de alegre partilha, e tudo de positivo que me ocorreu pensar foi que este país era muito à frente em direitos de mulheres. É claro que em conversa posterior com a Sónia tive de voltar atrás nos meus pensamentos.
A música, apesar de comercialóide, era-o na Irlanda, portanto praticamente desconhecida para mim, o que foi bom. Às três da manhã em ponto a disco fechou (é mesmo verdade! Que choque!), e saímos. Mais uma vez me arrepiei com o ar encalorado das raparigas seminuas que iam saindo da Thompson’s - não, o conceito de casaco também não é comum por estas bandas - e como estava positivamente esfomeada, fomos a uma cadeia de sandes com o apropriado nome de Subway, para eu comer uma enorme sandes com um toque italiano de orégãos. Yehhh.
À vinda para os arredores da Queen’s, tivemos um momento policial quando o Juan recebe uma mensagem de ameaça do namorado de uma vizinha. Pelos vistos não era a primeira vez, por isso ele foi falar com os polícias mais perto (sempre polícias perto, como é que eles conseguem?), enquanto eu e a Sónia ficámos a falar sobre as maravilhosas condições de segurança de Belfast comparado, sei lá, com Lisboa ou Porto. Passaram uns bons minutos até que as duas nos apercebemos que estávamos a falar inglês uma com a outra e quando o Juan voltou estávamos ainda a rir da nossa enorme estupidez anti-patriótica. E como o dia seguinte ia ser preenchido por um tour turístico a sério, que iria começar com a experiência de choque do pequeno-almoço irlandês, convinha irmos dormir. Não, a Sónia não tinha aulas à sexta. Pois, eu sei. Snif.
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