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Published: January 13th 2011
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Cadillac: nada a ver com a famosa marca americana! Cadillac é uma antiga vila fortificada cujo château era, no século XVII, um dos mais belos da França, com suas oito magníficas lareiras em mármore policromado.
Não foi preciso mais do que essa pequena descrição, escrita na seção turística do meu mapa da Gironde (quem me conhece sabe bem o quanto gosto de mapas – até o momento tenho de todos os departamentos franceses que já visitei =D), para aguçar a curiosidade. Para facilitar, era possível ir de trem, em cerca de 30 min de viagem – enfim, uma boa ideia para um passeio curto.
A presença do château fez com que a Fran e a Tany ficassem empolgadas, então combinamos com os outros a ida num sábado de manhã. Bem de manhã – no trem das 7h30! Quem me conhece sabe que isso não seria problema, se não fosse um sábado pós-soirée: depois de ir dormir quase às 5h, não houve despertador que desse jeito. Felizmente! As meninas nos fizeram o favor de acordar na hora, ir até a estação e... descobrir que o tal trem das 7h30 não circulava aos sábados! Para não dizer que foi de todo ruim, pelo menos elas aproveitaram a ida ao centro e passaram na feira – nada mais justo do que trocar algumas horas de sono por um punhado de verduras frescas :P Enfim, após muitas
idas e vindas, resolvemos seguir adiante com o plano, e logo no começo da tarde nós 4 – eu, Fran, Fernando e Rodrigo (a Tany acabou que ficou dormindo) – embarcamos no trem rumo a
Cadillac.
Para situar: a vila de Cadillac foi fundada no final do século XIII, durante o período de dominação inglesa na Aquitaine, por um representante do rei da Inglaterra. Da época, a cidade conserva ainda parte de suas muralhas, e o traçado geométrico das ruas centrais, algo que era inovador no momento. Posteriormente, no final do século XVI, o local foi escolhido pelo Duque de Epernon para a construção de seu palácio, e com esse vieram os anos de glória da ‘cidade’. Atualmente, Cadillac conta com pouco menos de 3000 habitantes e faz parte da região vinícola de Bordeaux (os Bordeaux AOC), com destaque para os vinhos brancos secos e licorosos, sendo marcante a presença de pequenas produções familiares.
Bem, verdade seja dita: o trem não passava por Cadillac, mas sim Cérons, uma vila menor ainda situada na margem esquerda da Garonne, mas nada que uma ponte e uns 2 km de caminhada não resolvessem. No caminho, algumas ruas
fantasmas (era um sábado à tarde e não havia ninguém nas ruas além de nós!) e umas plantações de milho, para contribuir com o aspecto rural da paisagem.
Felizmente, ao atravessarmos o rio, o ambiente mudou: já havia vida nas ruas, restaurantes e lanchonetes. Resolvemos parar em um kebab que havia no caminho (não lembro o nome, mas era o único, e no único caminho possível, então...) – delícia! Foi sem dúvida o melhor que já comi até hoje, recomendo! Na seqüência, conseguimos pegar o final de um mercado de rua, onde havia uma barraca de pães com uma espécie de panetone gigantesco (só a massa, sem passas nem frutas cristalizadas) e vários outros pães para provar. Saímos de lá com um bom pedaço de pão-de-mel, que veio a calhar como sobremesa e lanche da tarde.
Tínhamos que fazer um pouco de hora para esperar acabar a sesta (não a nossa, mas a do château!), então caminhamos um pouco pela zona intramuros, para conhecer os demais pontos notórios da cidade: essencialmente, a igreja e duas portas na muralha, as
Porte de la Mer (virada para o rio) e a
Porte de l’Horloge. A cidade é bem pequena, então
isso não nos tomou muito tempo, mas foi o suficiente para que desse 14h e o château reabrisse.
Vamos aqui a uma definição importante. Ao pensarmos em château, a tradução mais evidente para o português é
castelo, e ao pensar em castelo, não sei quanto a vocês, mas a ideia que me vem à cabeça é algo daqueles tipicamentes medievais, verdadeiras fortalezas, com muralhas, torres, fossos e pontes levadiças. Sim, esses eram os originais. Mas acabou-se a Idade Média, os castelos viraram palácios dos nobres, cheios de extravagâncias, mas ainda assim, ao menos aqui na França, eles continuam sendo chamados de
château. Ou seja, uma palavra, várias possibilidades arquitetônicas.
O
Château de Cadillac, de estilo clássico, foi construído entre 1598 e 1634 a pedido de Jean-Louis de Nogaret de la Valette, dito “o 1º Duque de Epernon”. O palácio foi apanhado durante a Revolução Francesa e transformado em prisão feminina e, posteriormente, serviu como hospital psiquiátrico, até ser desativado após um incêndio. Com uma história tão conturbada, não espanta que o destaque do château sejam suas lareiras, já que não sobrou muita coisa mais (alguns poucos móveis e tapeçaria). Já imaginávamos que esse não seria um dos super-châteaux franceses (afinal,
quem já ouvira falar no ‘Château de Cadillac’?), mas não dá para reclamar da visita: além de a entrada ser gratuita para estudantes, o local estava bem vazio, então pudemos aproveitá-lo bem e nos divertir tirando fotos que seriam mais difíceis em um lugar cheio de visitantes (como o poço do Mario!).
Após o château, ainda tínhamos um tempo até o trem de volta, então tentamos ver uma pequena vinícola local, o
”Château Chasse Pierre”. A empresa era pequena, extremamente familiar, e devido ao período da colheita (que costuma acontecer entre o final de setembro e a primeira metade de outubro) estavam todos bem ocupados e não teriam como nos fazer visitar, infelizmente. Eu já estava há pouco mais de um mês em Bordeaux, e ainda não havia aprendido sobre vinhos! Pelo menos deu para passear por entre algumas vinhas e pegar umas uvas para provar. Depois disso, rumamos de volta a Cérons (que continuava tão deserta quanto de manhã) para apanhar o trem de volta.
Avaliando o passeio: o Château de Cadillac não era o castelo que havíamos imaginado antes (tudo bem, mal havíamos pesquisado), mas foi, de qualquer forma, nosso primeiro château! Além do mais, a
No château
Destaque também para a lareira adornada ao fundo, característica do palácio. companhia era boa, então valeu a pena, divertimo-nos bastante, mesmo com o cansaço da noite mal-dormida. Para quem estiver morando pela região e não souber o que fazer num sábado à tarde, fica a sugestão! 😊
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Tany
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Cadillac
Adorei o seu post...de fato que seu blog é bem diferente do meu...deve ser por isso q vc gosta tanto dele e eu gosto tanto do seu! Hahaha