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Published: September 25th 2005
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01. Baia de Curu
Foi nesta praia que vivi durante 3 meses. Projecto Raleigh International
De abril a meados de julho trabalhei como voluntário para uma ong inglesa, a Raleigh International.
9 grupos distribuídos pela Costa Rica e Nicarágua em diferentes projectos. 3 ambientais, 3 comunitários e 3 de trekking. Cada projecto conta com a presença de cerca de 12
Venturers entre os 17 e os 25 anos e 2 a 5
Project Managers com mais de 25 e com diferentes especialidades. Todos voluntários.
Enquanto que os
Venturers passam pelos 3 diferentes projectos, os
Project Managers estão fixos e compete-lhes assegurar a segurança e sucesso de cada fase de cada projecto.
Como
Project Manager, as minhas funções eram assistir cursos de mergulho, participar no mapeamento de recifes naturais e na identificação de espécies marinhas. Trabalhei na Reserva Natural de Curu, na costa do pacífico da costa rica. O objectivo é preparar a área para que lhe seja concedido o estatuto de Reserva Marinha Mundial. Durante os 3 meses dormi na praia, numa espécie rede militar com um toldo, literalmente a 10 metros da água. Mergulhei 2/3 vezes por dia durante 10 semanas. Como estamos na época das chuvas as condições de mergulho não eram de todo as melhores. Mas apareceu de tudo,
02. A mesma praia
A neblina ao fundo era regular e deve-se ao rio que desagua na praia. desde nada a inesperados tubarões e tartarugas, para além de uma "ínfinita" quantidade de raias, moreias, etc....
Viver num parque natural e trabalhar para uma ong como a Raleigh permitiu-me ver de tudo em termos de vida selvagem na costa rica: "Desayunar" com macacos e veados. Almoçar com iguanas gigantes e caranguejos que trepam por todo o lado, jantar com araras e doninhas. Mergulhar com uma enorme diversidade de vida marinha. Enfim, nada parecia ter limites. Diariamente a vida animal se revelava. Apareciam espécies que nunca tinha ouvido sequer falar.
Os dias em Curu começavam bem cedo. Despertar as 4h45 para 1h de jogging (bom para manter a disciplina), 5h00, pequeno almoço de aveia (porridge), entre as 6h00 e as 7h00 barcos na água e preparar equipamento de mergulho. 7h00, 10h00, 13h00 e 15h00 saídas de mergulho, dependendo das condições do mar. Cerca de 7 locais. 3 recifes artificiais construídos pela Raleigh em expedições anteriores, 1 recife natural, 1 barco afundado e 2 mergulhos de mar aberto.
Depois do último mergulho, recolha dos barcos e por volta das 18h00 jantar. Entre as 19h30, 20h00 hora de deitar, para mim.
Dito assim até parece monótono, mas acreditem que de monótono não
03. Vista de cima
Baia de Curu vista de cima. Literalmente deserta e no meio da selva, sobressai o nosso acampamento. teve nada.
Os grupos de
Venturers tinham funções específicas que alternavam diariamente. 1 grupo era responsável pela limpeza do acampamento, recolha e queima de lixo. Outro grupo tratava das refeições, havia ainda 1 grupo responsável pelos barcos, pôr e tirar da água e equipamento a bordo e 1 grupo que se encarregava dos compressores e geradores. Entre mergulhos e no final do dia era necessário encher as garrafas. Todos este grupos eram geridos por um
Day Lider que se certificava que todos trabalhavam e que os horários eram cumpridos. Competia ainda ao
Day Lider as comunicações. 2 vezes por dia todos os projectos na Costa Rica e Nicarágua tinham de reportar a base, que fica em Turrialba, no centro da Costa Rica, informação relativas a cada acampamento. As comunicaçes são feitas em através de rádios militares e em código.
Em dias que o mar não permitia mergulhar as opções eram dificeis de escolher. Na reserva estavam outros 2 grupos de voluntários, 1 observava e estudava o comportamento de macacos aranha e outro monitorava um grupo de araras e outras aves. Podiamos sair para o campo com esses grupos e ajudar no que fosse preciso. Outra das opções era trekking pela
reserva para observação de vida selvagem, desde crocodilos, 2 espécies de macacos, e o que mais resolvesse aparecer nesse dia.
A experiência Raleigh foi sem dúvida bastante intensa e abriu-me um mundo de conhecimentos. Aconselho vivamente.
Reserva Indigena de Tayni - Aldeia de Boca Cuen
Quando acabou o projecto Raleigh fui para a aldeia de Boca Cuen, na Reserva Indígena de Tayni, habitada pelos índios Cabecar.
Aqui a Raleigh construiu uma escola.
Apesar de não ter sido muito bem recebido de ínicio, por lá fiquei 8 dias em casa do David, índigena Cabecar, que participou nos projectos da Raleigh na Costa Rica e Nicarágua, tendo inclusivamente passado por Curu e é agora um mergulhador certificado.
Recebeu-me como o seu melhor amigo. Apesar de me pôr a dormir no chão!
A maioria dos habitantes de Boca Cuen não me viram, de inicio, com muito bons olhos. Ali vivem cerca de 60 pessoas e estranham a presença de brancos.
Boca Cuen fica num dos vários parques naturais da Costa Rica. Não tem qualquer acesso por estrada. Para chegar até lá temos de caminhar durante 3 horas pelo rio Estrella, quando está seco, ou 5 horas pela selva. Eu optei pelo
05. Mangues na Reserva de Curu
Nas "traseiras" da praia. Impenetrável rio. O caminho é mais curto mas mais díficil, sempre sobre pedras roladas que exigem 100% da atençao. Bem me arrependi.
Os índios Cabecar estão espalhados por várias aldeias índigenas dentro da reserva. Durante os oito dias que por lá andei, não parei. Andei pela selva a visitar amigos e familiares do David, nadei e pesquei no rio como "um índio", caçei, ou tentei caçar, com a mesma habilidade índigena, e aprendi a técnica de apanhar "boa constrictors" (uma espécie de cobra piton com cerca de 3,5 metros). Não creio que esta capacidade me seja útil no futuro, mas..... deu-me um gozo enorme. Creio que me lançei à cobra para ser aceite pelos presentes, tal como deixei que me cortassem o cabelo (quase fui escalpeado). A pouco e pouco começei a cair na graça de todos. O primeiro sinal de aceitação surgiu quando me começaram a chamar pelo meu nome, sem que eu soubesse sequer que o sabiam. Daí a oferecerem-me "chicha" (milho moído e fermentado em açucar, o pecado dos deuses em qualquer reserva índigena da costa rica) foi um salto.
Ao fim de 4 dias, e ajudado pelo professor local, o Roger, senti-me o centro das atenções. Era
06. Le Pont
Ponte sobre o rio que desagua na baia de Curu. Habitat de crocodilos. agora respeitado por lhes dizer que o sol e a lua também nascem no meu país, por dizer que a Rússia é maior que Espanha, que os E.U.A. tem mais habitantes que a Costa Rica e ainda por tentar explicar porque raio estava eu ali. Senti-me verdade absoluta, nunca contestado. Um dogma.
Durante a estadia tive a oportinudade de andar como nunca. Até por dentro me doiam os pés.
Numa dessas caminhadas fomos pelo rio Sirere até as cascatas com o mesmo nome. O passeio revelou-me um campo de bananeiras, que demorou cerca de 2 horas a atravessar, um sistema de transporte no mínimo interessante e uma caminhada silenciosa e dolorosa. As cataratas não foram de todo o ponto alto do passeio.
Como não podia deixar de ser, a palavra futebol também faz furor por aqui. Uma vez por mês encontram-se 8 equipas de diferentes aldeias da reserva e num sistema de "roda bota fora" lá se vão defrontando tarde a fora perante o olhar atento das claques que se deslocam até ao lugar do evento.
No dia do jogo de futebol entre tribos, para o qual tive de caminhar 5 horas, tive um contacto engraçado com traficantes colombianos que
07. Escorpiao
Um destes apanhou-me no cotovelo quando entrei no saco de cama. Dói. se escondem na reserva. Basicamente ajudam monetariamente os índigenas em troca de abrigo. Eu e a minha máquina fotográfica não passámos despercebidos e os ditos negociantes aproximaram-se com a melhor das intenções, sem eu nunca perceber quem eram ou sequer o que por ali faziam, até o David me explicar a "boa" relação entre estes visitantes e os locais.
Quem "mal" me recebeu quando cheguei, chorou quando parti. Nunca me senti tão bem por um lado e tão inseguro, em partir, por outro.
Um dia vou voltar.
Tortuguero
De Boca Cuen fui para Tortuguero, um parque natural na costa caribenha onde acontece uma das maiores desovas de tartaruga do globo. Em tortuguero vi corcodilos, vi a dita desova e um número incumensurável de turistas. Aguentei 1 dia e "pirei-me". O melhor deste lugar foi, sem dúvida, lá chegar e, de lá sair. Em Puerto Límon embarca-se num
speedboat que vai serpenteando pelo rio por entre a selva, bem depressa. Neste trajecto veêm-se corcodilos, perguiças, e aves para todos os gostos.
Planos
San José foi o destino seguinte. Por aqui estou agora. Parei por uns dias para descansar, ler, escrever e traçar planos para as próximas semanas.
08. O sapo
Parece, mas não é, venenoso. Digo eu... Hoje vi um péssimo concerto de blues.
Próximos planos:
Domingo parto para o Panamá. Vou para David, uma cidade perto da fronteira com a Costa Rica, depois para o Parque Natural de Darien (na fronteira com a Colômbia) e daí sigo para "la ciudad de Panamá" onde tenho um encontro com o capitão Marc, dono do "Mellody", o barco à vela que me vai transportar para Cartagena das Indias, na Colômbia.
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Patricia
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Grande aventura. Sem dúvida a contribuir para o crescimento pessoal de qualquer um.