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Published: September 12th 2005
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01. La Ciudad de Panamá
Skyline da Ciudad visto do Causeway Panamá e Caraíbas
Olá,
encontrei esta nova forma de vos manter a par da minha experiência. Assim não sobrecarrego emails.
Poder mudar de planos é um sinal de liberdade enorme, e foi isso que fiz em relacão ao que tinha previsto.
Quando cheguei ao Panamá fui directamente para a "la ciudad" a grande capital da américa central. Sente-se o calor humano de uma cidade latina misturado com o "corporativismo vertical" dos edifícios espelhados, deixados pelos norte americanos que controlaram o Canal do Panamá até 31 de Dezembro de 1999.
A Cidade do Panama é mais cosmopolita do que San José, muitos quadros técnicos estrangeiros ligados ao canal ficaram por lá. A maioria dos "gringos" (forma como sao conhecidos norte americanos e europeus) com quem me cruzei vem pelas praias, birdwatching, trekking na selva, ou simplesmente de passagem entre as duas americas, central e do sul.
Uma visita ao canal era obrigatória. Em 1534 o Rei de Espanha, Carlos V, viu a posicão estratégica do Panamá e iniciou estudos topográficos para ligar os dois oceanos. A obra estava para além das possibilidades, para a época. Seguiram-se os franceses, que em meados do sec. 19 empreenderam esforços para levar este projecto
02. Canal do Panamá
Cargueiro saindo do Canal em direcçao ao Pacífico a bom porto, mas doenças tropicais e má administração do projecto condicionaram o sucesso. Falidos, resolveram entao vender os direitos que detinham sobre a construção do canal ao governo norte americano que, em 1904, um ano após a independência do Panamá da Colombia, iniciou a complexa obra. Durante 10 anos importou-se mão de obra, criaram-se cidades, abriram-se estradas, construiram-se caminhos de ferro, e explosão atrás de explosão a obra foi ganhando forma até ser inaugurada em 1914.
Umas das mais impressionantes obras de engenharia que ja ví. Através de um sistema de comportas os barcos "navegam" por lagos artificiais e canais abertos a força de explosões. Durante este percurso entre oceanos, ao chegarem a comporta central, lago Gatún, os navios encontram-se 26 metros acima do nível do mar. O canal funciona como uma escada sobre terra. Subindo de ambos oceanos para o centro, para o lago Gatún.
O Casco Viejo é um dos bairros mais interessantes da cidade, apesar do restauro em curso e do que ainda lhe resta restaurar, mas essa "decadência" faz todo o ambiente. É sem duvida o "bairro colonial" da cidade. Não é de todo uma zona segura, e de noite é preferivel evitar.
Isla
03. Canal do Panamá
Barco chinês passa pelos Miraflores Locks Taboga fica a cerca 12 milhas a sul da cidade. É uma ilha tranquila. Uma estrada, dois carros, 3 motas e meia duzia de pessoas. Aqui só se vem para descansar, não há mesmo nada que fazer. Nem sei porque lá fui.
Colón, na margem caribenha, é um porto franco, é tambem o ínicio/final do Canal do Panamá. Os guias de viagem referem Colón como uma cidade a não visitar devido aos elevados índices de violência fruto do desemprego. Deixei tudo na Cidade do Panamá, comprei bilhete de ida e volta, shorts, t-shirt e havaeanas (os chinelos) e lá fui eu. 2 hrs. de viagem. Pelas ruas de acesso ao terminal, ainda dentro do autocarro, percebo porque desaconselham a visita a esta cidade. Saio da estacão sem destino mas demonstrando uma confiança enorme. Sei que não há nada de turístico em Colón, nada que me interesse, a nao ser o ambiente. 2 horas depois roubam-me as havaeanas. Tava tudo visto. Voltei para "la Ciudad". Descalço.
Portobelo é uma vila piscatória onde alguns velejadores encontram abrigo. Foi aqui que me encontrei com o Guido e a Sylvia. Dois hippies alemães de 40 e poucos anos, donos do Seeadler, o veleiro
04. Portobelo
Praca da Igreja em Portobelo de 15 metros que me iria levar para a Colômbia numa viagem de 8 dias com 3 dias de paragem nas paradisíacas ilhas do arquipelago de San Blás. Amanda, Phil, Jason, James, Joanna, eu e os donos do barco. Todos pra Colômbia.
O Panamá e a Colômbia estao separados pela Darién Gap uma floresta tropical com um dos mais elevados graus de biodiversidade do planeta que forma uma natural e intransponível fronteira. Por esta razao a famosa Pan-Americana ou Interamericana, com aprox. 28.000 Km, que liga o Alaska ao sul do Chile, termina no sul do Panamá, em Yaviza, só voltando a reiniciar-se em Cartagena, na Colômbia.
Sem Panamericana a única possibilidade seria atravessar a selva, mas
para ajudar à festa, do lado colombiano esta zona está entregue à guerrilha e é frequentemente palco de mediçao de forças entre guerrilha, para-militares e exército. Nada aconselhável portanto.
A melhor e mais segura opçao é entao a travessia por mar.
A viagem revelou-se num dos pontos altos desde que sai de Portugal. 8 dias no mar sem nunca poder içar a vela, ou por falta de vento ou devido às tempestades tropicais que até deram pra "entreter".
Os primeiros 2 dias foram
a motor e ao sabor das ondas.... nada excitante.
O arquipélago de San Blás é formado por cerca de 400 ilhas, das quais 100 são habitadas. O cenário é de fantasia. Ilhas de todos os tamanhos e feitios, cobertas de palmeiras e areia branca e rodeadas de água azul turqueza.
A comarca de Kuna Yala é uma província autónoma. Por razões históricas e de interesse nacional os Kuna adquiriram autonomia sobre este território que historicamente lhes pertence. Têm o seu próprio sistema de governação, de tomada de decisão, e ainda um sistema económico, língua, costumes e cultura próprios. A interferência do governo panamenho é mínima. A base da economia são cocos e pesca.
Chegados a Nargana, uma das príncipais ilhas do arquipelago, abastecemo-nos para 3 dias de regalo na ilha deserta de Coco Bandero para onde rumámos de seguida.
À medida que navegamos por entre ilhas de sonho e corais vistos à transparência da água, sentimo-nos parte de um catálogo de viagens que promove destinos tropicais.
Coco Bandero é uma ilhota com cerca 2000 m2 e 300 palmeiras. Guido e Sylvia passaram aqui grande parte do tempo nestes últimos dois anos. Angel, um hippie Basco, igualmente. Vivem do que
06. O Seeadler na Ilha de Nargana
Paragem para abastecimento antes de rumar a ilha deserta de Coco Bandero pescam, de eventuais "biscates" mecânicos a outros barcos, da caridade de outros viajantes e dos cocos que apanham.
Ao fim de 3 dias de águas quentes, jantares na praia, pesca e descanso, levantamos ferro em direcção a Cartagena de las Indias na Colômbia. 3 dias a navegar sem ver terra.
Ao final da tarde do primeiro dia o céu escureceu rapidamente. Deu para perceber a preocupação do Guido quando vimos a tempestade a aproximar-se.... foram segundos até que o barco começou a ser chocalhado por ventos de 45/50 knots. Era impossível estar no deck por não se ver rigorosamente nada. Estávamos dentro da tempestade. A sensação de impotência era total. Durante 3 horas, com diferentes intensidades, a tempestade não "nos largou". Chuva e trovoada. Finda a intempérie a noite calma trouxe-nos uma das mais estreladas e quentes noites que ja ví e senti. E foram mais 2 dias de mar. Ora animados por golfinhos acrobatas ora sem nada no horizonte. Durante os 3 dias não nos cruzamos com qualquer outra embarcação.
Decididamente, para além de ser a mais segura, esta é uma forma bem agradável de viajar entre o Panamá e a Colômbia.
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Álan
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Dúvida...
Li acima em sua trajetória que transpôs a fronteira Panamá-Colômbia por mar, mas pelo que entendi também é possível atravessar a fronteira de carro, pelo que escreveu não é aconselhavel, mas é possível. Estou certo ao concluir isso? Gostaria que tirasse essa minha dúvida porque estou pensando em viajar ao México apenas por terra. Obrigado