O quase-"primeiro dia"


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South America
January 4th 2007
Published: February 5th 2007
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Chegamos em Corumbá umas nove horas, um pouco mais ou um pouco menos por causa do fuso horário, não lembro exatamente. Assim que aportamos na rodoviária, todos os bolivianos do ônibus começaram a descer, então a gente desceu também. Procuramos algumas informações sobre as passagens de trem e um cambista nos disse que elas estavam esgotadas para o dia, mas que ele tinha para o dia seguinte a um preço "camarada". Preferimos arriscar e comprar os tickets na própria estação ferroviária na Bolívia. Quando estávamos pensando em como pegar um táxi e chegar até o município fronteiriço (Puerto Soarez), os bolivianos que desceram tornaram a subir. Não sabíamos que o ônibus atravessava a fronteira. Menos mal, uma preocupação a menos.

Chegamos ao município boliviano, pegamos as mochilas e nos dirigimos ao escritório da aduana para carimbar o passaporte. Como estava fechado, esperamos algo como uma meia hora. Ficamos batendo papo com outros brasileiros e tentando descobrir qual era o horário local correto. Parece que foi há uma vida, de tanta coisa que aconteceu depois (estou escrevendo isso um mês depois, bate aquela sensação angustiante de saudades... mas voltemos ao que interessa). Preenchemos o formulário-padrão, carimbamos o passaporte e arranjamos um táxi para nos levar até a estação ferroviária. O carro, importado do Japão como a maioria dos automóveis bolivianos, caindo aos pedaços. O taxista, se não me engano, cobrou 10 reais, em moeda brasileira mesmo, algo como 35 bolivianos (moeda da bolívia), uma verdadeira fortuna em se tratando de gastos com táxis na Bolívia.

Pelo caminho, a vista apenas confirmava a imensa disparidade entre os dois países. Ruas não asfaltadas, a maior parte sem calçada e urbanisticamente árida (para não dizer suja), bem diferente da vizinha Corumbá. Chegamos na ferroviária, trocamos alguns bolivianos - o suficiente para comprar as passagens e mais alguma coisa - e fomos comprar as passagens. Há três tipos de trem, e cada trem tem duas classes. No dia sairia o trem intermediário, com ar-condicionado e tv, mas não havia nenhuma das classes disponíveis. Tudo bem, havíamos planejado isto perfeitamente: compraríamos a primeira ou a segunda classe do trem superior (chamado ferrobus, que é um tipo de veículo leve sobre trilhos), que partiria no dia seguinte. Uma ova! Não tinha mais nenhum assento para esse trem. Sobrava apenas o trem inferior, que não tinha nem ar-condicionado, que também partia no dia seguinte. Pelo menos conseguimos comprar as passagens da "primeira" classe, chamada de classe pullman.

Passagens compradas, pegamos um táxi para voltar à fronteira, rumo a Corumbá, já que não éramos loucos de dormir naquela cidadezinha da Bolívia. O táxi custou 10 bolivianos, algo como R$ 3,30. Já no lado brasileiro, o taxista queria cobrar trinta mangos! Como agora estávamos bem cientes do valor do dinheiro, não deixamos por mais de R$ 20 (!). O ponto de ônibus era bem do lado do ponto de táxi, e não tínhamos problemas em ficar um tempinho esperando o transporte coletivo, embora esse argumento fosse mais para fazer o taxista brasileiro passar o tempo do que disposição para pegar o ônibus urbano.

De volta à Corumbá, paramos no albergue da HI, por R$ 23. Na verdade, chegamos lá um pouco antes do meio-dia, e teríamos que esperar algumas pessoas fazerem check-out, então fomos almoçar. Depois de muito caminhar para lá e para mais lá ainda, acabamos almoçando na "Peixaria do Lulu" ou algo parecido. Um bom almoço a um preço razoável (R$ 7,50).

Voltamos ao albergue, pegamos um quarta em que cabia todo mundo. Alguns tomaram banho, outros foram direto para piscina. Uma mordomia pré-Bolívia, deveras. Como eu estava com a unha encravada (nojenta, blergh), preferi deixar os meus micróbrios só para mim e dar um tempo para o dedão tomar um arzinho.

Depois, jogamos um pouco de truco com uma galera de Campinas que mais tarde iria jantar uns lanches com a gente. Aí o povo se dividiu um pouco: uns foram pra internet, outros descansar, outros continuaram na piscina, ligar para família, passar no mercado, fazer um número dois em banheiros alheios, coisas assim... Eu, Ademar, Gorla e Gorlinha fomos sacar dinheiro (em reais) para pagar o albergue e comida, eu acho. Acabei comprando um guarda-chuva podre (que duraria pouco tempo) e uma capa de chuva mais podre ainda (não sei como ainda nao joguei esse lixo fora).

Jantamos sanduíches, depois fomos dar uma volta até uma sorveteria, em ruas corumbenses repletas de morcegos! Na volta ao albergue, pessoal indo dormir, rolou uma discussãozinha a respeito de pagar cinco reais cada um para alugar um aparelho de ar-condicionado para passar a noite com o calor do pantanal. "Se for assim, volta pra São Paulo", oras!

Foi um primeiro dia bem light e sussa, mas um tanto frustante por termos que esperar mais um dia para começar a viagem "propriamente-dita".

peésses:
1. para registro e piadas internas: "alojamiento"

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