Santa Bárbara - Encontrados - Congo Mirador


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September 29th 2005
Published: October 16th 2005
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01. Preparativos01. Preparativos01. Preparativos

Gary, Jo, eu e Jason. Preparativos para os Relâmpagos do Catatumbo

Mérida



O meu objectivo em Mérida é visitar os locais propostos pelas agências de turismo sem a elas recorrer. Pelos meus próprios meios.
Depois de La Culata, La Musuy, chegou a vez de visitar os Relâmpagos de Catatumbo.
Fenómeno natural (do qual nunca tinha ouvido falar) e único no mundo, os Relâmpagos de Catatumbo são famosos pela espectacularidade, frequência, e por serem o principal regenerador da camada de ozono. Praticamente todos os dias do ano, com uma frequência de 3 a 10 segundos, os raios rasgam o céu. De dia, a luminosidade e de noite, as nuvens, podem por vezes afectar a visibilidade do fenómeno quando vistos à distância, dos locais seguros e permitidos.
Dentro do Parque Nacional Ciénagas de “Juan Manuel”, na região dos deltas dos rios Catatumbo, Zulia y Bravo, que desaguam na margem ocidental do lago Maracaibo, regista-se este fenómeno que tem sido estudado ao longo de anos sem nenhuma resposta concreta para a sua ocorrência. Não existe consenso em torno do mecanismo causador nem da localização do, ou dos, epicentros, sobretudo porque a região de ocorrência é uma zona inóspita de 225.000 ha de pântanos, quase permanentemente inundados, nublosos e chuva durante todo o ano. Das várias explicações que me deram a que mais gostei foi:
"Choque de particulas componentes do Metano que se encontra no sistema de lagunas, localizado entre os rios Bravo e Catatumbo"
Acredito que sim.
Bom, feitas as apresentações, a aventura segue para La Azulita, seguindo o conselho de um empregado de mesa de um resturante italiano.

Santa Bárbara



Ainda no terminal de autocarros de Mérida, à espera de comprar o bilhete para La Azulita, converso com alguém que me faz as tradicionais perguntas: quem sois, de onde vens e para onde vais? Quando lhe digo que vou ver os relâmpagos responde-me que talvez seja melhor ir para Encontrados ou Concha, dai vê-se melhor. Foi suficientemente convicente para que, sem que os restantes membros da "expedição" se apercebessem, mudasse de ideias e para Encontrados lá vamos nós, via Santa Bárbara, onde teríamos que ficar uma noite. A viagem de 5 horas (normalmente são 3 hrs mas um acidente fez-nos desviar do percurso) foi interessante. Sentado ao meu lado um "mister músculo" colombiano, ocupando banco e meio, foi-me falando de Santa Bárbara e das razões que o levaram a deixar a familia na Colômbia e procurar trabalho na Venezuela. Enquanto isso
03. No trânsito03. No trânsito03. No trânsito

Enquanto uns, cheios de calor, desesperam dentro do carro...
tive de fazer a maior parte da viagem meio entalado, meio virado para trás à conversa com um professor universitário de física que parecia saber bastante sobre o fenómeno que eu perseguia.
Interessante q.b. foi também o lugar em que ficámos em Santa Bárbara. À primeira vista o aspecto das "coisas" já não me intimida e por isso, sem ver, aceitei o hotel proposto por um motorista de um libre, um tipo de taxi pirata. Depois de pagar dirigi-me para o quarto. Pelo barulho parecia que me estava a aproximar de um frigorifico gigante. Entro num corredor com 10 quartos, e pendurados pela parede afora, a razão de todo o barulho, 10 aparelhos de ar condicionado no máximo. Eram 21h e deviam estar cerca de 33º na rua. O ar condicionado era bem vindo não podendo dizer o mesmo daquela barulheira ensurdecedora. Jantámos, e por entre aquele "vruuuuuummmmmmmmm" lá encontrei o meu sono.

Encontrados



No dia seguinte uma visita por Santa Bárbara mas cedo, numa viagem de 30 min., seguimos de por puesto para Encontrados.
Na única entrada alcatroada uma rotunda relvada e um placard com a fotografia do Alcaíde, dão-nos as boas-vindas.
Se até aqui tudo corria
04. Jason04. Jason04. Jason

...outros "refrescam-se" cá fora. 2 minutos antes desta foto o Jason estava literalmente rodeado de pessoas, de curiosos. As pessoas deixavam os carros para vir ver o que se passava. O melhor da tarde.
bem seguindo os conselhos de quem encontrávamos, resolvemos aceitar também a indicação dada por Leonardo, um dos ocupantes do veículo e chegámos à Pensão Maracaibo.
Um corredor largo e escuro que começava na porta de entrada e terminava num tanque de lavar a roupa. Portas azul celeste de cada lado, aparelhos de ar condicionado, mais silenciosos que os de Santa Bárbara, mulheres em camisa de noite, crianças que rebolavam pelo chão, ali estava também aquela que parecia ser a mulher mais velha do mundo, sentada, talvez à 8 dias, numa cadeira aparentemente confortável. Bicicletas encostadas à parede, à porta dos quartos.
Mas nem tudo eram rosas, a meio do corredor uma porta suspeita, onde restavam os cacos do que em tempos foi uma porta espelhada, e de onde saia um barulhento e muito pouco nítido Meregue/Salsa/Rumba (ainda não consigo perceber a diferença). Lá dentro um casal dançava ao som de uma melodia que não aquela que se estava a ouvir, outro casal Merengueava, digo eu, e uma solitária criatura agarrada a uma garrafa de cerveja, equilibrava-se, tentado pisar somente os azulejos pretos do chão. Atrás do bar, o barman DJ, com um altifalante de 3.000.000 de watts encostado ao ouvido
05. Recepção do Hotel05. Recepção do Hotel05. Recepção do Hotel

Depois de 5 horas, incómodas, dentro de um autocarro, qualquer hotel servia. E se a recepção não meteu medo...
lia atentamente um livro de signos com mais de 30 anos.
Assim que entrámos, a "Gata", como era conhecida a simpática proprietária do hotel, perguntou-me por quantas horas queria "l'habitacion". Oh pá! Percebi logo onde estava, mas aceitei o desafio e pedi-lhe preço para uma noite. Éramos diferentes e estávamos ali por razões diferente. Ela percebeu. Mandou baixar a música, recolher as mulheres de camisa de noite, calar as crianças e servir um refresco de arroz. Visto e aceite o quarto, atravessámos a rua para nos encontrar-mos com o Leonardo que insistia em pagar uma cerveja. Aqui começa a história.
Já tinhamos percebido que por ali não estavam habituados a estrangeiros. Era domingo e o "povo saiu à rua". Todos queriam estar connosco e mostrar-se amigo. Todos pareciam gostar de ser vistos na nossa companhia, exibiam-nos aos amigos e perguntavam se não queriamos ir conhecer a familia.
Encontramo-nos depois com Leonardo, bebemos umas cervejas até que, vindo sabia-se lá de onde, nos aterra na mesa uma garrafa de rum. Quem foi quem foi?.... Sentado a duas mesas de nós estava um "Bulldog", de cara e de tamanho. Já tínhamos notado a presença pelo facto de mandar comprar as bebidas fora
06. Corredor06. Corredor06. Corredor

...o barulho do corredor meteu respeito. Parecia que estavamos dentro de um frigorífico. Vêem-se os aparelhos de ar condicionado expostos na parede.
e consumi-las ali, pelo facto de todos lhes prestarem uma vénia quando entrou e por nunca ter olhado para nós. Aproximei-me para lhe agradecer e por trás da cara feia saiu um sorriso enorme que me fez sentar. Ivan era dono duma empresa de transportes e visivelmente respeitado. Sentado com ele, outro igualmente volumoso indivíduo. Ajudante talvez. "A garrafa de rum foi para demonstrar as boas vindas a Encontrados". Disse-me. "Agora vou-te mostrar a cidade".
A Jo, o Gary e o Jason desapareceram meia hora antes. O lugar era abafado e o rum era forte. Encontrei a Jo e o Gary pela rua e o Jason nunca, nem sinal de vida. Saltamos para a parte de trás da pick-up de caixa aberta do Ivan que, buzinado pela vila, lá nos foi passeando. Todos pareciam conhecê-lo e todos nos olhavam com curiosidade. Quando percebemos mais duas pick-ups seguiam-nos. Dirigimo-nos para a rotunda à entrada da Vila, onde o Ivan e as outras 2 pick-ups estacionaram no meio da estrada, obrigando os restantes carros a terem de passar pelo passeio ou pela contra-mão. Nos outros carros mais 6 gordos. Pareciam uma seita de amigos grandes. O Ivan, de garrafa de rum na
07. Aparelho de ar condicionado07. Aparelho de ar condicionado07. Aparelho de ar condicionado

O aspecto dos aparelhos de ar condicionado não era melhor que o barulho que faziam.
mão, grita para uma pobre alma que ali passa os dias a guardar a rotunda, como se alguém a fosse roubar, e manda-o ligar a água, para os seus "importantes amigos". 10 torniquetes saltam da relva e como se da oitava maravilha do mundo se tratasse aguardava o nosso espanto e admiração, que não havia meio de sair. Difícil de demonstrar.
Contínuamos o "tour" na parte de trás da carrinha. As outras 2 pick-ups seguiam-nos em comitiva. Largo da igreja, alcaldia, escola, um jardim minimo onde, no centro, está exposta uma locomotiva a vapor.
Eram 17h e estávamos cheios de fome. A minha preocupação era encontrar o Jason. O Jason tem 1,90m, cabelo rapado um brinco à pirata, óculos amarelos, dá nas vistas por ser enorme mas também pela descontracção com que anda por todo o lado. Não ia ser difícil encontrá-lo.
A primeira pessoa a quem perguntamos vai levar-nos até ele.
Encontramos o Jason num bordel, rodeado de "meninas", a comer frango com arroz e a esclarecer dúvidas de espanhol. Daí fomos para um restaurante acompanhados por uma das "meninas" e pelo seu dono, que, simplesmente, queriam ser vistos connosco.
Por volta das 19h30 e sem ninguém à volta resolvemos então, sozinhos, explorar a vila. Sol de pouca dura já que as crianças nos começaram a seguir e logo de seguida os adultos. Depois de fotos e "esclarecimento de dúvidas" sentámo-nos no passeio exaustos. Por ser o único que fala espanhol não consegui estar sentado mais de 30 seg. "El Prefecto, el Prefecto!". Gritavam. E de motorizada aparece o Prefeito de Encontrados. Muito simpático, "Hola como le vá?". "Soy Juvenal Loaiza, el prefecto de Encontrados, mucho gusto!".
Ao que respondí com a mesma formalidade: "Soy portugues, bla bla bla, mis amigos ingleses, bla bla bla, congo, relampagos, etc, etc" Depois de uma longa conversa sobre alhos e bugalhos..."Passa mañana por la prefectura e te vamos ayudar a llegar a Congo". Assim fizemos.
De manhã, no meio da vila a caminho da prefeitura, um Sr. desportivamente vestido dirige-se a nós num inglês básico: "uer ar iu fróm, uer ar iu from?"
A mesma história, as mesmas perguntas e respostas. Relâmpagos etc.
Saca do telefone e "estoy aqui con unos turistas que quieren ir para Congo a ver los relampagos. Como hacemos? Ah ok, ok"
E na parte de trás de outra pick-up lá vamos nós sabe-se lá para onde.
Entre risos e dúvidas, acalmámo-nos quando estacionou em frente da prefeitura. Lá estava o Juvenal Loaiza que nos esperava. O Sr. desportivamente vestido apresentou-se: "Soy Pedro el antiguo Alcalde de Encontrados e actual Jefe de la Policia". Mais dois telefonemas e seguimos para a Alcaldia onde fomos recebidos pela Directora de Turismo. O Pedro e o Juvenal desaparecem dizendo que estamos em boas mãos. Entretanto vão chegando outras personalidades, a Directora de Saúde, o das Finanças e outros. Todos para nos conhecer.
De repente e atrelado à carrinha da Alcaldia, chega um barco. Dentro da carrinha vem Gaspar, o condutor do barco, e Lenin, o Bombeiro e guia, que mais tarde vimos a descobrir ser um dos 15 irmãos de Ivan, o "bulldog". Nesse momento a directora informa-nos que temos o barco, o guia e o bombeiro à disposição para a nossa viagem de dois dias até Congo. Estupefacto, nem consegui explicar bem aos ingleses o que se estava a passar. Foi tudo tão rápido que nem deu para perceber.
Dali somos levados para o gabinete da directora que nos mostra um video sobre o Parque Nacional Ciénagas de "Juan Manuel", sobre o Congo e sobre os relâmpagos.

Congo Mirador

10. A pé por Santa Bárbara10. A pé por Santa Bárbara10. A pé por Santa Bárbara

O pequeno "guia", na foto, levou-nos até ao terminal. Atravessou connosco a cidade a pé e no fim para além de rejeitar 1.000 Bl. queria ser ele a oferecer fruta. Acabámos por "comprar" a fruta.


Congo Mirador é uma povoação palafítica, uma aldeia de água, situada a sul do lago Maracaibo, na foz do Rio Bravo. A duas horas e meia de barco de encontrados. Aí vivem cerca de 150 famílias. Segundo locais, o nome Congo deve-se às parecenças com o Congo Belga, devido à selva em torno.
A viagem de barco, de per si, vale por tudo. Descendo o Catatumbo, por dentro do parque natural, o cenário, a quantidade de vida selvagem, e a hostilidade da zona, inacessível de outra forma, são ópio para vista.
De barco pelo Congo Mirador, a sensação é única. As casas sobre estacas parecem limitar a liberdade de quem lá vive, mas tudo vale para contrariar isso. Barcos a motor ou a remos, pirogas, expessas placas de "esférovite", troncos e outros engenhos servem de meio de locomoção. As pessoas deslocam-se ignorando o ambiente aquático que os rodeia.
Sobressai uma igreja, recentemente construída por Colombianos, toda em madeira. Ao lado da igreja, apoiada nos mesmo pilares e construída como uma extensão da plataforma que a suporta, está (como não podia deixar de ser) a praça Bolivar, com direito a 4 ou 5 bancos e o busto do Libertador. Claro
11. Hotel Maracaibo11. Hotel Maracaibo11. Hotel Maracaibo

Hotel em que ficámos instalados em Maracáibo. O aspecto revelou-se equivalente à fama que se revelou realidade.
que quem se quiser encontrar na praça ou rema ou nada.
Lenin ali viveu ano e meio e Gaspar tem lá familia. Cedo percebemos que todos os conhecem... e, que todos se conhecem.
Atracámos à porta do Comissário Edin Hernandez, o responsável pelo pueblo, que estava em missão para Santa Bárbara.
Claramente a familia anfitriã. Ali esperavam que dormissemos e comessemos. Mas decidimos ter um pouco mais de privacidade e "ocupar" um palafito só para nós. Pequeno-almoço e almoço na "jangada"do Comissário e jantar na nossa.
O nosso palafito à distância era em tudo igual aos restantes. Só quando nos começámos a instalar percebemos do viveiro de morcegos em que íriamos passar as próximas duas noites. Não foram problema de maior.
Apesar de todas as peripécias até então, estávamos ali para os "raios". E era isso que queríamos ver.
A primeira noite começou tarde. Depois de uns "míseros" relâmpagos ao longe, adormecemos em colchões, ao relento.
04h a.m. despertamos com silenciosos clarões. Os relâmpagos do Catatumbo iluminam o céu e, literalmente fazem da noite dia.
No dia seguinte meio sem saber o que fazer, limitados pelo meio ambiente, Lenin, de farda vestida e de uma forma um pouco "subserviente" diz-nos
12. O Leonardo12. O Leonardo12. O Leonardo

Quem nos "apresentou" ao Hotel Maracaibo. Ex-policia, retirou-se porque gostava mais de beber. O sobrinho matou-lhe o genro.
que temos o barco às nossas ordens, instruções da Alcaldia. Para onde quer que queiramos ir, ele e Gaspar estão obrigados a acompanhar-nos. A situação é um pouco incómoda e por isso decidimos quebrar o gelo desafiando Lenin a liderar o dia escolhendo o que mais nos gostaria mostrar.

Punta del Sur



Punta del Sur fica a 30 minutos de Congo Mirador e foi fundada/constru-ida por pescadores do Congo que para aí se deslocavam diariamente para pescar. Este pueblo de água apareceu primeiro em forma de pequenos armazéns para peixe, redes e outro equipamento, facilitando a vida aos pescadores que tinham de se deslocar frequentemente ao Congo para descarregar. Devido a frequentes assaltos, fizeram deste lugar uma "casa" para onde levaram a familia e onde passam metade da semana regressando sempre ao pueblo de origem a que, esse sim, chamam casa. As condições em que vivem não são as mais confortáveis, mas o sorriso na cara não esconde nenhuma infelicidade, antes pelo contrário. Ali são felizes. A nossa visita foi uma alegria para quem lá estava. Ofereceram-nos um balde de caranguejos para o jantar que o Lenin tão saborosamente preparou. Em redor dos palafitos, os golfinhos são uma
13. O primeiro bar13. O primeiro bar13. O primeiro bar

Daqui, geralmente, as pessoas dirigem-se para o Hotel Maracaibo.
constante. Golfinhos de água doce que, atraídos pelos restos de peixe atirados à água, ali se alimentam.
De regresso ao "nosso" palafito, cozinhou-se e esperou-se por mais uma tempestade... essa sim, uma tempestade à antiga.

Encontrados



O dia de regresso não foi em nada inferior.
A subida pelo rio Bravo primeiro e depois pelo Rio Catatumbo reserva sempre surpresas. Visitámos amigos e familiares do Gaspar e do Lenin que nos mostraram a realidade de uma vida num parque natural, isolados de tudo e todos onde a familia, vontade de trabalhar e um barco são tudo. O que não era surpresa era o facto de que tínhamos que abastecer de gasolina à volta. A surpresa foi quando atracámos e não havia electricidade. Ora, sem electricidade não há gasolina...ora, o barco não anda! 1h30 depois apareceu uma alma que, por 3.000 bolivares, se transformou em caridosa e nos transportou, desta vez por terra (e lama), até Encontrados, na caixa traseira de uma V8, deixando Gaspar para trás.
Planeávamos chegar a Encontrados, educadamente e rapidamente agradecer por tudo e retirar para Mérida. A viagem é de 4h e estávamos no limite.
A chegada a Encontrados foi surreal. À porta da Alcaldia
14. Os primeiros amigos14. Os primeiros amigos14. Os primeiros amigos

Fizeram a festa...
o "poder do mundo" esperava por nós. Completamente enlameados e esfomeados abraços beijinhos e perguntas. A directora de Turismo comunicou-me que o Alcaide pôs la casa de madera à nossa disposição para tomarmos banho e descansarmos. A casa de madeira (no género da igreja de Congo) fica na finca (quinta) de Fernando Loaiza, o Alcaíde. Havia ainda a possibilidade de lá dormirmos. Bom, sendo assim, e no estado em que estávamos, repensámos tudo e mudámos de opinião. Não vamos fazer essa desfeita ao povo de Encontrados e ficaremos mais uma noite.
A cerca de 10 minutos fica a dita finca. Instalamo-nos e eis que chega o famoso Alcaíde, que até então não tínhamos conhecido.
De forte figura, fazia-se acompanhar por outros 5 ou 6 gordos, incluíndo o nosso velho amigo Ivan. Dos restantes, um segurava o telemovel, o outro a agenda e todos juntos se riam das suas piadas que, sarcásticamente, versavam sobre "eles" mesmo "os gordos". Contou-nos que chegou inclusivamente a fundar uma equipa de Basebol para atletas peso pesados só para que os espectadores se pudessem divertir.
Orgulhosamente gordo, também se orgulha da quinta que produz queijo de vaca, tem criação de porcos, vacas e ovelhas, várias actividades agrícolas.
Falámos sobre turismo, sobre Portugal, sobre a Europa e sobre a simpatia dos "Encontradenses".
Ainda enlameados vimos como se faz o queijo que ali se produz, tivemos uma visita guiada aos porcos e ainda pudemos ver uma cobra coral que se lançou à bota da Jo. Não viveu muito mais. A cobra. Teria sido ou uma ou outra, disseram.
Quando me tentei informar sobre onde poderíamos ir comprar o jantar, o Fernando coçou a cabeça e disse. "Voy a ordenar que maten un ovejo para ustedes"... Uma ovelha para nós!?!? A cada segundo uma surpresa. Agradeci e disse-lhe a Jo e o Gary são vegetarianos, não valia a pena a ovelha.
O Alcaíde olhou para a primeira pessoa que estava ao lado e disse-lhe que ficasse connosco até nos deitarmos, assegurando que se matasse a ovelha para os "carnívoros" e que se fosse a Encontrados abastecer de legumes e vegetais para os vegetarianos. E assim foi. Depois da matança da ovelha numa noite regada a rum, a que se juntaram os trabalhadores da finca, lavados e fartos dormimos até ao dia seguinte em que voltámos para Mérida.
Se há episódios da vida que nunca hei-de esquecer, este, sem dúvida
16. O famoso Ivan e um amigo16. O famoso Ivan e um amigo16. O famoso Ivan e um amigo

Foi aqui que tudo começou. Ivan é o de branco.
será um deles.


Additional photos below
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17. A fonte na entrada da Vila17. A fonte na entrada da Vila
17. A fonte na entrada da Vila

A fonte que o Ivan mandou ligar para os "recém-chegados"
18. Na fonte18. Na fonte
18. Na fonte

A confusão começou a instalar-se. A garrafa de rum pousada parecia não ter fundo. No final percebemos que não era sempre a mesma.
19. De noite por Encontrados19. De noite por Encontrados
19. De noite por Encontrados

Os mais novos e barulhentos começaram a aparecer
20. Acrobacias20. Acrobacias
20. Acrobacias

Fizeram de tudo para captar a atenção
21. O Malabarista21. O Malabarista
21. O Malabarista

Um dos truques.


13th October 2005

que bom
é muito bom ler as vossas aventuras assim, quase todos os dias. é como uma foto-novela (já que não tenho tv...). nuestros hermanos sur-americanos san muy divertidos, por supuesto (hahahah). A minha viagem também está cada vez mais perto (já só faltam 2 meses...), o que me delicia. Bjos Teresa
30th October 2005

O sol e a lua também nascem no meu país...
...e nós por aqui,tu por aí,até um dia... Que talvez nunca chegue, como sempre te imaginei... -Adeus,eu volto,talvez, naquele dia de sol que talvez seja noite de lua que também nasce por mim. Despedidas,não dadas, tardias,esquecidas... em abraços de mar deixados no T. Encontro-me sem rumo no meio desta louca aventura, e confesso um nó que não desata... A inveja é um sentimento mt feio,devia ter vergonha na cara,minha! Agora que chego...fico até ao fim. Um abraço menino coragem, temo por ti...mas só assim te sei complecto! A.L
30th October 2005

O sol e a lua também nascem no meu país...
...e eu acho que não consigo comentar! Depois de várias tentativas, este meu defeito permanente,tinta,fina... Reparo que me fartei de escrever e a escrita laranja não pega aqui... Se esta pegar...deixo-te a admiração com que sempre te acolhi. Saber a mar...Sal.
21st October 2006

Soy maracucha
Hola, me encanto tu relato, soy maracucha pero vivo en colombia hace 6 años, y al leer tu relato, me llevaste a mi tierra, asi somos los maracuchos, alegres, salimos con cualquier sorpresa inesperada, y gorditos por que nos gusta la buena vida, claro que yo soy flaca por que soy bailarina pero me encanta la cerveza polar, que viva Venezuela, y gracias por el relato, un abrazo. Maxce, mbmv@latinmail.com, en enero próximo quiero ir a Congo Mirador, lo recomiendas?

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