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Published: September 3rd 2016
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Jurien Bay
Austrália Ocidental A essa altura, depois de tantas idas e vindas e mudanças de planos, já não tínhamos mais roteiro e buscávamos basicamente aquele treco redondo e quentinho chamado sol. Naquelas bandas, isso era (tornou-se, na realidade) sinônimo de Austrália. Decidimos, então, enfrentar o quarto continente nessas férias curtas e insanas, superando o número de continentes visitados na grande trip de 2010, que durou cinco meses a mais.
Para quem não sabe ou se lembra, a Austrália era nossa opção de intercâmbio lá atrás em 2004, quando decidimos pela primeira vez sair do país e ver o que o mundo tinha a nos oferecer. O Brasil não tinha o status global de hoje, os BRICS não existiam, nossa classe média não comprava enxoval em Miami e conseguir vistos para as nações mais ricas era tarefa para a minoria. Nosso carimbo foi negado e fomos parar na Nova Zelândia (agradecemos muito aos australianos por essa). O fato é que, apesar de termos morado na Oceania por um bom tempo, acabamos perdendo o interesse por Oz, o apelido desse grande país de tamanho continental localizado no fundão do mundo chamado Oceania.
No finalzinho da nossa estadia em Bali e com o tempo nublado
comilão
Caversham Wildlife Park em basicamente todo o sudeste asiático, começamos a atirar para algumas opções. Consideramos outros pontos na própria Indonésia, um retorno ao Camboja ou mesmo a ida a destinos mais longínquos como Taiwan ou Hong Kong. Nesse cenário de dúvidas e chuvas, Clarice tenta o inesperado: entra no site da imigração australiana, preenche nossas fichas, paga as taxas e rimos da impossibilidade daquilo dar certo. Na manhã seguinte, ao acordar, voilá: Clarice tinha seu visto. O que trouxe um terceiro elemento, ao lado da dúvida e das chuvas, para embaralhar mais as coisas: e se o outro visto fosse negado? Claro, entre a aplicação e o primeiro visto concedido já desenhamos um roteiro do que fazer por lá, onde ir e expectativas diversas.
Estabelecemos um deadline de três dias e rumamos para as praias do sul de Bali (
ver post). Na noite anterior ao fim do nosso prazo, chega o e-mail: o outro visto saiu. A decisão foi tomada na hora: compramos as passagens online, dormirmos em Seminyak e terminamos o dia em Perth, considerada, entre todas as capitais estaduais do mundo, a mais isolada. Basicamente, no grande deserto que separa Sydney, Melbourne e Brisbaine, na costa leste, e Perth, no
oeste, caberia metade da Europa. Já gostamos de Perth logo de cara porque basicamente lembrava Auckland em todos os detalhes. Os bairros são modernos e
low-profile (destaque para o bacana e hipster Freemantle), os cafés parecidos, as lojas são as mesmas, as comidas têm o mesmo gosto e até o cheiro do albergue era o mesmo da New Zealand. Claro, com uma diferença fundamental: o tal treco quentinho e redondo que tanto buscávamos.
Os neozelandeses são um povo
outdoor por natureza, e não perdem uma oportunidade de sol - raras entre os meses de abril e novembro - para sair de casa e correr, fazer trilhas ou outros esportes radicais. Já os australianos desse lado da costa não têm do que reclamar. Faz sol praticamente o ano todo. Em 10 dias por aqui, não vimos uma nuvem. Isso faz com que as praias sejam um grande ponto de convívio, tanto para a prática de esportes, como o surfe, como para o encontro com amigos para uma taça de vinho, sentados na areia, ao final do expediente.
O isolamento faz de Perth um lugar à parte na Austrália. Há muita grana rolando do setor de mineração e bairros inteiros
amigos
Caversham Wildlife Park estão sendo construídos nos subúrbios e ao redor de praias mais isoladas do centro. Grana que, pelo que percebemos, não chega na mesma proporção à minoria aborígene, indígenas que foram massacrados no período de colonização inglesa e que, ao contrário dos maoris na Nova Zelândia, vivem bem às margens da sociedade australiana. De qualquer maneira, há um grande sentimento de orgulho da população pela cidade e o nível de simpatia dos locais é extremamente alto, especialmente levando em conta tudo o que já ouvimos de negativo em relação a australianos de cidades como Sydney.
As praias. São realmente tudo o que um viajante espera quando mentaliza a Austrália. E mais um pouco. A baixa densidade populacional dessas bandas contribui, e os cenários são quase sempre de longas faixas de areia branca com um mar estonteante, em vários tons de azul. As próprias praias de Perth, dentro da cidade, já são espetaculares. Nada que se compare, porém, às da pequena ilha de Rottnest, 19 quilômetros afastada da costa. Rotto, como é conhecida pelos locais, é uma ilha livre de carros e que só pode ser circulada de ônibus ou, melhor ainda, de bicicleta. Algumas das praias, cercadas por cliffs e
wild life
somewhere Western Australia com tonalidades de azuis indescritíveis, estão certamente entre as mais bonitas, isoladas e vazias já visitadas pelos autores desse blog. A ilha tem ainda uma peculiaridade. Abriga cerca de 10 mil
quokkas, um simpático marsupial mais ou menos do tamanho de um gato que só existe em algumas poucas ilhas dessa região da Austrália e que é uma atração à parte para os visitantes.
Para o bem (quokkas) ou para o mal (praticamente todos os outros bichos), a Austrália é um país repleto de criaturas que mordem, picam, infectam e matam. No zoológico de Perth, vimos seres bizarros, como o morcego-raposa. Escorpiões, cobras e lagartos fazem com que qualquer caminhada te obrigue a não dar dois passos para fora da trilha. O mesmo vale para o mar, infestado por águas-vivas (a box jellyfish ou, pior, a irukandji, que mata o banhista em minutos), e talvez o maior temor de todo mundo, o grande tubarão branco. Na nossa breve incursão para o norte de Perth, às margens do grande outback, cruzamos em duas ou três oportunidades com os simpáticos cangurus, que saem dos arbustos para pular no meio da estrada. É preciso tomar um bom cuidado ao guiar no entardecer,
já que eles podem cruzar a estrada a qualquer momento - chegando a medir dois metros de altura, o estrago pode ser grande ao atingir o carro em cheio - dados do governo australiano mostram que os cangurus e seus primos wallabies estão envolvidos em nada menos do que 5,5% dos acidentes com carros no país.
A Austrália é um país para ser saboreado, aos poucos, em pequenas mordidas. Dito isso, o máximo que dirigimos fora de Perth não superou 250 quilômetros, em uma paisagem até monótona e quente dominada por um Outback avançando sobre a costa. Fosse na NZ, teríamos visitado 40% do país. Aqui, foi o suficiente para conhecer uns 3%. Valeu a pena e deixou a certeza de que é preciso voltar, algumas vezes, para conhecer o país com maior profundidade. Dirigindo pela costa, visitamos praias dramáticas, como as que cercam o pequeno vilarejo de Cervantes (população 467). O nome curioso não tem qualquer ligação com o romancista espanhol Miguel de Cervantes. Na realidade, a cidade teve o nome inspirado em um baleeiro norte-americano de mesmo nome que naufragou em sua costa em 1844. No caminho, driblando mais alguns cangurus, deu tempo de visitar o Nambung
estacionamento de bikes
Salmon Little Bay, Rottnest Island National Park, conhecido por suas formações de calcário (limestone) que pipocam em diferentes tamanhos por uma área relativamente bem espaçada. O bacana é que o acesso ao parque se dá de carro, em uma trilha demarcada onde o motorista dribla essas espécies de estalagmites que brotam do chão, algumas delas gigantescas. É possível, claro, encostar o carro em qualquer lugar e explorar o sítio a pé. Foi o que fizemos, por horas, aproveitando o pôr-do-sol que ajudou a transformar essas formações em algo ainda mais lunar - e incrível.
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