Calcutá (Kolkata) .. @ Red-Light District


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Asia » India
December 21st 2013
Published: January 9th 2014
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Resumo:“Nascidos em Bordeis”; procurando Lakshmi; respeito pela profissão; Estou Bem.



Hoje fui para Sonagachi, o maior bordel de Calculta. O documentário “Nascidos em Bordeis” foi filmado/baseado neste lugar. Mesmo contra todos os conselhos eu fui. Acho que eu estava em busca de Lakshmi, a garota do livro “Sold – Can she ever be free?”. Chegando lá, quase todos os olhares se voltaram para mim. Resolvi tomar uma água de coco e sentar no cantinho, assim, eu chamaria menos atenção. Sentei de lado de algumas “sex workers”. Algumas delas sorriram. Fiquei feliz. Senti que talvez eu não seria tão reprimida assim. Porém, todos os olhares masculinos me deixaram desnuda. Se eu não soubesse que eu estava em uma área de bordéis teria me sentido muito mal, quase que violentada. Mas eu estava lá em minha sã consciência. Inclusive fui sozinha. Pedi para o meu namorado este “tempo”. Eu achei que elas se sentiriam melhor somente com a minha presença. Antes de eu terminar a minha água de coco, uma moça me chamou para conversar. Levantei e fui junto a ela. Não falo nem Hindi e tampouco Bengali (língua local). Não conseguia entender o que ela dizia. 2 moços apareceram para “ajudar”. No começo eles foram muito simpáticos, mas depois eles começaram a dizer que eu tinha que ir embora naquela hora. Que o lugar era “Sujo”. Sujo?? Sujo era a cara deles!!! Aquelas moças eram lindas. Elas estavam lá para sustentar a família, o que inclui malandros como eles. Sim, 95% delas eram casadas. Sei deste fato, porque ontem eu visitei uma ONG que explicou um pouco a situação destes bordeis. Nem eu acreditei que existiam tantas mulheres casadas! Hoje eu vi. No Hinduísmo, as mulheres casadas usam uma marca vermelha na cabeça. Sim, grande parte tinha. Continuando .. os moços começaram a engrossar o tom de voz, dizendo que em 1 hora os policiais viram e eu teria problema. Problema do que? É ilegal turista andar nesta região? O tumulto se intensificou em alguns minutos. Eu estava rodeada de pessoas. Gente falando alto, gente sorrindo, gente com cara de nada. Um senhor apareceu e disse ‘Durbar’. Ok, ele era da ONG que eu tinha visitado ontem. Dois deles me pediram para acompanhar ate o escritório. Lá, a diretora perguntou o que eu fazia ali, pois teoricamente eu precisaria de “autorização” para estar lá. Mas isso se eu estivesse ido com a ONG. Neste caso não. Fui sozinha! Estava sobre a minha própria responsabilidade e risco. Aguardei alguns minutos na sala. Depois de um tempo eles me liberaram. Obviamente voltei para as ruas. Rs.

Resolvi sair da “rua principal” para evitar problemas. Fui então caminhando em outras ruas. “Namaste!” “Namascar!” Sim, fiz questão de cumprimentar todas as “sex workers” que eu vi. Achei que elas eram dignas disso. Posso dizer que recebi um sorriso de volta em quase todos os casos. Queria tanto conversar com elas. Ninguém falava inglês. Parei para tomar um suco quando um menino pediu para eu tirar foto de um senhor. Era a hora de usar a Baby (a minha câmera amarela tipo polaroid). Aquele senhorzinho que vendia doces no meio dos bordéis ficou com uma cara que eu não consigo descrever. Ele estava emocionado. A pessoas pediam coisas para ele, ele nem conseguia dar tanta atenção aos clientes. Achei bonitinho. Ganhei um doce de gratidão. Daqui em diante foi só emoção. Bom, pelo menos para mim. Parei para “falar” com uma moça. Disse que ela estava linda dentro do Sari pink. Ela sorria. Perguntei se eu poderia tirar uma foto, mas como explicar que eu não guardaria para mim, que eu daria para ela de presente. Não precisou. Ela aceitou. Click! Ao dar a foto, ela estava super feliz também. Recebi um sorriso de gratidão que aqueceu o meu coração. A menina que estava do lado também pediu. Click! Lindas! Ganhei diversos “beijinhos”. Cada lugar que eu parava e cumprimentava eu recebia o carinho delas de volta. Algumas pegavam na minha mão. Queria me mostrar para as amigas. Algumas me chamavam só para usar o pouco inglês que elas sabiam “My name is xxxx”. Ok. “My name is Angelina”. Uma delas ainda conseguiu ir mais longe “I wish you a happy day!”. “Coffee?” Pela primeira vez tive um contato tão grande com esta profissão. Fico feliz de ter feito aqui em Calcultá, um lugar tão conhecido por isso. Elas são tão meninas, são tão mulheres quanto eu. Assim como eu, elas precisam de carinho, de atenção, de respeito.

Foram apenas 1h30 que gastei com elas. Se eu não estivesse com diarreia (2 dias já) eu teria ficado um pouco mais. Teria ficado até um pouco antes do anoitecer. Bom, de noite, acho que seria perigoso de mais até para mim. Muita gente bêbada não seria bacana. Aaaa .. aliás um homem se ofereceu para mim. Fez sinal de ir para a cama com ele. Até parece que eu trocaria o meu gatinho por ele. Fala sério!! Kkkk

O que eu queria mesmo era conversar com uma delas. Se tivesse uma que falasse inglês eu pagaria para ela ficar o dia inteiro comigo e me mostrar a vida dentro dos bordéis, as “madams” (chefonas), os filhos nascidos por lá, como era a vida delas, como elas seduziam os homens, pintaria unha com elas, arrumar o meu cabelo ... Infelizmente eu não consegui isso. Mas sinto que algo mudou dentro de mim. sinto que um carinho que eu nunca tive por elas surgiu. Esta experiência foi única! Foi muito importante para mim ...

Sobre Lakshmi, sei que ela estava lá. Não em todas aquelas mulheres, mas em algumas delas com certeza. Uma menina ingênua de vilarejo que foi levada para os bordéis contra a sua vontade, mas que com o tempo “aceitou” que a vida dela seria por muito tempo ali, nos bordéis de Calcultá.







Quando eu saí de lá estava emocionada, mas agora Estou Bem.

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