Travessia Petrópolis x Teresópolis


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Published: November 2nd 2006
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Mapa São Paulo - Petrópolis - Teresópolis

Este mapa traça minha rota de São Paulo até Petrópolis/RJ. Em seguida é mostrado os pontos de início e fim da travessia da Serra dos Órgãos até a chegada em Teresópolis;

Quinta-feira


13 de abril de 2006



Acordo cedo para trabalhar no último dia útil da semana. Mochilão pronto e tudo preparado para minha partida para o Pico dos Marins, em Minas Gerais. Eu deveria chegar em Itajubá à noite e de lá partiria numa van para o início da trilha. A subida seria feita na madrugada e chegaríamos ao cume antes do nascer do sol. Você deve estar se perguntando porque estou falando do Pico dos Marins se o título deste relato é sobre outro lugar. Não, eu não errei o relato da viagem. Eu realmente ia pros Marins, mas uma notícia de um amigo de Itajubá fez meu feriadão quase desabar. Foi então que corri atrás de outro roteiro de última hora. Afinal, minha mochila já estava pronta, com roupas e alimentos para que eu ficasse 3 dias acampando na montanha. Desfazer tudo aquilo seria uma verdadeira tortura. O novo destino? O título já revela!

Compro as passagens na rodoviária de ida e volta para Petrópolis ao meio dia e às 23h já pegaria o ônibus com previsão de chegada às 6h do dia seguinte. Para garantir minha entrada no parque, liguei para o Luciano, guia que contratei por telefone, para que ele comprasse os ingressos que permitissem que eu permanecesse por 3 dias.

Chego à Rodoviária do Tietê e parto com destino à Petrópolis/RJ. No mesmo ônibus, encontro mais 4 mochileiros e montanhistas que também fariam a travessia na mesma data. O ônibus partiu e logo ligaram o vídeo para passar um filme. O negócio foi fechar os olhos e dormir logo para estar descansado para o primeiro e mais difícil dia de toda a travessia.

Destino: Petrópolis - Serra dos Órgãos
Descrição: O Parque Nacional da Serra dos Órgãos, localizado no Rio de Janeiro, apresenta altitudes acima dos 2000m e vistas de tirar o fôlego. A famosa travessia Petrópolis x Teresópolis pela Serra dos Órgãos é considerada uma das mais difíceis e bonitas do Brasil.
Total do percurso: 45Km em 3 dias e 2 noites. Empresas de turismo costumam fazer em 4 dias e 3 noites porque a travessia é um tanto desgastante.
Valor gasto: R$ 350,00 (ônibus rodoviário e urbano, guia, taxas do parque e alimentação)


1º Dia - Sexta-feira


14 de abril de 2006



Acordo no ônibus e já sinto o frio da serra de Petrópolis. Eram 5:30h da manhã e em poucos minutos eu já estaria na rodoviária. Abro a cortina e pela janela já consigo ver uma paisagem maravilhosa. Dava pra imaginar o que estava por vir. Chegando na rodoviária já parto em direção ao terminal urbano. Segundo as explicações do guia Luciano, eu deveria pegar o ônibus que fosse para o centro e descer perto do Museu, onde eu andaria mais um pouco até onde ele estaria me esperando.

Pedi ao motorista e cobrador que me avisassem logo que estivéssemos perto do Museu, local onde eu desceria. Fiquei um pouco desconfiado do descaso de ambos com a minha preocupação em descer no local correto e acabei conversando com uma senhora que sentava à minha frente, que gentilmente me explicou sobre os locais onde o ônibus passava e me avisou onde eu deveria descer. O motorista e cobrador nem sequer olharam pra mim.

Tomei um café da manhã numa padaria em frente ao ponto de ônibus, comprei água mineral, abasteci meus cantis (um deles acabou ficando no ônibus) e fui caminhando em direção ao Museu. Encontrei o Luciano e esperamos por mais ou menos uma hora a chegada de um amigo, que nos daria carona até a entrada do parque. O ônibus urbano que poderia nos levar até lá já tinha passado e o próximo só estaria ali duas horas mais tarde. Encontraríamos com o restante do grupo na entrada do parque.

Chegando na entrada do parque aguardamos por mais uma hora até que os outros chegassem. Cinco cariocas, o guia e eu de paulista (na verdade paulistano). Acabei entrando nesse grupo que já estava fechado depois de muita conversa com o guia Luciano.

Depois de um alongamento começamos a trilha. O Luciano foi abrindo e eu no final fechando a trilha. Já como de costume, corri pra frente do grupo e comecei minha seção de fotos. Pra quem não me conhece, sou o papparazzi das trilhas! rs

A primeira foto deste blog é da cachoeira Véu da Noiva, que para chegar até ela saímos da trilha que nos levaria até o primeiro objetivo do dia, o Açu. Foram uns 40 minutos caminhados ida e volta por fora da trilha principal. Esse primeiro dia é um dos mais castigantes, principalmente se feito em 3 dias. Numa das paradas para descanso, eu e mais 3 cariocas, exaustos com as pesadas mochilas nas costas, sentamos num barranco à beira da trilha. Logo que sentamos para beber um pouco d'água um deles grita "Cooooobraaaa". Não sei onde estava, qual a cor ou se existia mesmo uma ali, mas nem eu e nem os outros dois que estavam ao meu lado esperaram para ver. Levantamos num pique de quem está super revigorado e subimos como jamais havíamos subido antes uma montanha mesmo sem as mochilas! Arnold Armstrong teria ficado para trás nesse dia!

A cada vista conquistada era uma energia revigorante pela subida extremamente íngreme. Nós subíamos em passos apertados, pois começamos a trilha muito tarde e tínhamos que chegar antes do anoitecer. Parada rápida para lanche e subida novamente até a chegada ao Açu, onde montamos o primeiro acampamento.

Foram 1100m que subimos em oito horas de caminhada. Nosso acampamento estava a mais de 2200m de altura. O negócio foi montar logo o acampamento para garantir um bom lugar e buscar água para fazer o rango. Na busca de água, achei uma garrafa pet de refrigerante jogada no mato. Abri e cheirava vinho. Como eu tava com pouco lugar pra guardar água, a solução foi usar essa mesmo. Lavei bem, e apesar do cheiro forte de vinho ter ficado, foi ela mesmo que me salvou. Pegar água na bica parecia que ia congelar a mão. Algo impressionante. Era como se estivessem enfiando várias facas na mão ao mesmo tempo.

Depois de jantar, todos exaustos, fomos até um platô de rocha e deitamos todos ali, olhando para um céu limpo e estrelado. Nada mal ficar ali a noite inteira, se não fosse pelo frio que já estava congelante. Às 18h, quando estávamos indo preparar a janta, um amigo que já estava acampando ali nos informou que estava medindo 7ºC. As luvas e tocas já não tavam adiantando muito, quando resolvi ir até a barraca e me enfiar no saco de dormir. Todos fizeram o mesmo, afinal cansado era pouco.

2º Dia - Sábado


15 de abril de 2006



Cinco da manhã e já começo a abrir meu saco de dormir. Como algumas bolachas e abro o zíper da minha barraca. Dava pra se enchergar muito pouco devido ao forte nevoeiro. A vontade de assistir o nascer do sol a mais de 2200m de altura era grande, mas as nuvens não deixaram. Apenas deu pra ver por poucos segundos e logo a visão do sol se fechou.

Acampamento desmontando e bora pra travessia.
Descanso e vista merecidaDescanso e vista merecidaDescanso e vista merecida

2º dia da travessia
Esse era o segundo dia, com destino a Pedra do Sino, o ponto mais alto de toda a travessia, a 2263m de altura.

Algumas das subidas à montanhas que atravessávamos era de mata fechadíssima que eu era obrigado a tirar o óculos escuro para enxergar. Cada vez mais próximo do cume a mata ia ficando menos densa e já era possível avistar uma bela paisagem.

As vistas que éramos presenteados a cada cume das montanhas era impagável. Algumas vezes chegávamos ao cume sem ver absolutamente nada, devido a grande quantidade de nuvens, mas em poucos segundos as nuvens iam embora a vista era de cair o queixo. Algumas vezes, eu com a máquina fotográfica guardada, mal tinha tempo de tirá-la da mochila que quando preparado para clicar a linda paisagem, as nuvens cobriam todo o horizonte novamente. Algumas dessas imagens ficaram registradas apenas na minha memória.

O tempo apresentava algum risco de chuva e apertamos o passo durante toda a travessia. Nenhum grupo de montanhista nos passou e passamos alguns que saíram mais cedo pelo caminho. Resultado, novamente fomos um dos primeiros a chegar à Pedra do Sino. No vídeo que segue acima, pode ser visto uma
Em algum ponto alto da travessiaEm algum ponto alto da travessiaEm algum ponto alto da travessia

2º dia da travessia. Repare nas nuvens ao fundo... estávamos em algum ponto alto da travessia.
filmagem do lado debaixo da Pedra do Sino, antes de iniciarmos a escalaminhada, talvez o ponto de mais adrenalina de toda a travessia.

Chegada ao cume da Pedra do Sino antes do pôr do sol e decemos para montar acampamento e fazer o rango. Utilizamos a cozinha do abrigo de montanha. Tava mais quentinho lá dentro e bem mais confortável! Porém, a água nós tivemos que ir buscar na fonte, porque a bomba d'água não estava funcionando. Até para usar o banheiro tínhamos que buscar água. A descarga era o balde d'água! rs

À noite pegamos nossas lanternas e fomos por uma pequena trilha até subimos em uma pedra a qual não me lembro o nome, na qual ficamos um bom tempo sentados conversando e vendo as estrelas. Muitas histórias pra contar, piada, cultura e muita besteira... nada mal após um dia longo e intenso de caminhada!

3º Dia - Domingo


16 de abril de 2006



Acordamos bem cedo, se não me engano os primeiros do acampamento e começamos a trilha do último e 3º dia. Agora era mais fácil, só descida. E o joelho que aguente!

Um dos cariocas, o Zuma, é policial e tinha que estar no quartel ao meio dia. O negócio foi apertar o passo, pra variar! rs

A descida não tem muita aventura. A trilha é toda traçada e não tem segredo. Porém, é muito bonita e tem seu encanto, ainda mais porque passa-se por diversas cachoeiras.

Por volta do meio dia e meio chegamos à entrada do Parque do lado de Teresópolis. Missão cumprida e agora é voltar pra casa. E isso envolve andar mais e pegar mais cinco ônibus, entre urbano e rodoviário, até Sampa. Antes disso, claro, um merecido banho na rodoviária de Petrópolis por apenas R$1,00! Depois do banho fui à caça de um restaurante no centro da cidade, afinal, eu precisava de sustância! E de lá pra rodoviária esperar meu ônibus sair, dali algumas tantas horas. Minha passagem era pras 23h! Cheguei em Sampa cedinho, tomei um banho em casa e fui trabalhar. Ah, como eu queria minha cama!


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Volta pra casaVolta pra casa
Volta pra casa

3 dias de trekking, 53Km percorridos e o início da volta pra casa. Ônibus rodoviário de Teresópolis a Petrópolis. Esse foi somente o 2º ônibus dos 5 que tive que pegar no 3º dia pra voltar!


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