Manaus - jul/2010


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July 27th 2010
Published: July 27th 2010
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Porto de ManausPorto de ManausPorto de Manaus

Alguns barcos regionais que fazem a rota Santarem -Manaus
Fui pra Manaus no feriado paulista de 9 de Julho, e infelizmente só tive quatro dias de viagem. Foi meio no susto que resolvi conhecer a Amazônia: como a passagem estava barata e os horários dos vôos se adequavam ao tempo que eu tinha, comprei a passagem e depois fui procurar o que fazer.

1º DIA

(quarta, 07/07)



Bom, sai do escritório às 17h30. Depois de umas horinhas parada no trânsito da Marginal Tietê, cheguei à Guarulhos e embarquei pela Tam (vôo direto para Manaus), às 20h30.

Cheguei na cidade às 00h30 (ou 23h30, no fuso horário de lá). Foi sair do aeroporto e levar o primeiro choque: como a cidade é abafada! Devia estar uns 26º, em plena noite; e esse calor insuportável me acompanhou pelos quatro dias seguintes.

Segundo me informaram no aeroporto, passa ônibus lá em frente sentido centro, linhas 306 e 813, até a meia noite. Esperei um tempinho e nada do ônibus passar... Como estava exausta e morrendo de calor, resolvi pegar um taxi. O cara me cobrou R$35,00 pra me levar até o hostel, e no caminho ainda fez meio que um city tour pelo centro. Muito gente boa, assim como todos
Porto de ManausPorto de ManausPorto de Manaus

A lancha que nos levou ate o hotel
os manauaras que conheci.

O hostel onde passei a primeira noite se chama Hostel Rondonia, e não gostei dele, não... Assim que entrei no quarto vi uma barata do tamanho do meu braço (ok, exagero... mas era enorme, rs), e mesmo mudando de quarto nada mais me fez dormir aquela noite. Passei a madrugada em claro, ouvindo Tim Maia, tomando cerveja e enchendo o saco de um amigo por SMS.

2º DIA

(quinta, 08/07)



No dia seguinte acordei cedo e fui correndo tomar açaí. O açaí paulista é bem diferente do de Manaus: pedi o meu com granola, banana e xarope de guaraná (como o que tomo quase todos os dias aqui em SP) e a moça bateu tudo no liquidificador e me deu num copo! Muito bom, apesar de estranho.

Encontrei o cara da agência na lanchonete e fomos juntos arrumar minhas coisas pra ir pro cais. Eu marquei o passeio pela internet, através das indicações do fórum do mochileiros.com. O pacote se chama Jungle Adventure Tour, e tem mais informações sobre ele nesse link.

Conheci o guia que me acompanhou a viagem inteira, o Anaílson, e fomos comprar algumas coisas (facão, lanterna, limão pra caipirinha) no Mercado Municipal.
Encontro das AguasEncontro das AguasEncontro das Aguas

O rio Solimoes na frente e o rio Negro atras. Eles andam 6km assim, lado a lado
O Mercado Municipal é como qualquer outro que conheci: grande, sujo e cheio de gente andando com caixas de mercadorias na cabeça. Fiquei com vontade de comer um pão com tucumã, lanche típico que eles chamam de x-caboclinho, mas estava sem fome e sem tempo.

Fiquei um tempo observando o movimento, esperando os outros viajantes aparecerem no porto, e lá pelas 11h saímos em direção ao Green Lodge.

Acho legal falar um pouco sobre o pessoal que viajou comigo: o grupo que dormiu no Green Lodge era formado pela Celina, uma alemã de Bonn de vinte e poucos anos que estava a onze meses dando aula do idioma dela no sertão da Paraíba; Daniel, um israelense das proximidades de Tel-Aviv de vinte e quatro anos que estava a cinco semanas viajando pelo Brasil; Maria José, uma espanhola de Sevillha que estava a seis meses trabalhando em Buenos Aires e mais quatro indianos que moravam em Londres.

Bom, primeiro passamos pra abastecer o barco com algumas coisas e depois fomos ver o Encontro das Águas. É a confluência de dois rios mais famosa do Brasil, realmente impressionante! Por mais de 6km o rio Negro e o rio Solimões
Encontro das AguasEncontro das AguasEncontro das Aguas

Eu e um jacare
correm lado a lado sem se misturar, graças a diferença de temperatura e densidade, e a linha que os separa é claramente visível. Inclusive pelo Google Maps.

Depois seguimos para o Parque Ecológico do Janauari, pra ver as Vitórias-Régias e algum artesanato local. Desde criança ouço minhas professoras de biologia falando sobre essas plantas aquáticas, e finalmente vê-las de perto foi bem interessante. De resto, o parque é bem bonitinho, as flores são lindas (e enormes) e tinha muita coisa pra comprar, pra quem gosta... Quando saímos de lá veio um garoto num bote com uma cobra e um jacaré, e passou os bichos pra dentro do barco, pra gente tirar fotos com eles em troca de algum dinheiro.

Saímos do parque e fomos para o Green Lodge, onde eu passaria a noite. Não sei bem quanto tempo demorou, mas dormi umas duas vezes até chegar lá, rs. A noite anterior, sem dormir, e o balanço do barco me fizeram apagar na hora.

Quando acordei já estávamos bem próximos do hotel. Cara, que lugar fantástico! Perdido no meio do nada, cercado pelo rio gigantesco, fica um hotel flutuante bem simples, com dormitórios coletivo (para as redes) e privado
Green LodgeGreen LodgeGreen Lodge

Quarto coletivo, com as redes penduradas
(quarto com camas e banheiro). O lugar é silencioso, não tem energia elétrica e o sinal da Vivo não chega, e isso tudo criou um clima de tranqüilidade perfeito pra passar o feriado.

Como eu ainda estava exausta e queria um pouco de privacidade, decidi pagar um pouco a mais (R$45,00) e ficar no quarto.

Meu quarto tinha duas camas (apenas uma com colchão) e um banheiro com chuveiro sem água quente. Graças ao céus tinha uma janela enorme, que ficou aberta o tempo todo, e o teto era de madeira (não de zinco, como o coletivo).

Bom, assim que chegamos fomos almoçar (arroz, feijão, peixe, mandioca e salada), ouvimos as boas-vindas do cara que cuidava do hotel e lá pelas 15h e 30m saímos de barco pra pescar piranha.

Ao contrário de outros peixes que já tentei (sempre sem sucesso) pescar, as piranhas são carnívoras, possuem dentes afiados que podem matar um homem e são atraídas pelo barulho na água. Então ao invés de jogar a isca artificial e esperar (esperar... esperar... esperar...), fizemos as iscas com pedaços de frango, jogamos a linha e batemos as varas na água, pra chamar a atenção delas. Eu
Green LodgeGreen LodgeGreen Lodge

Quarto coletivo
sou uma negação em pescaria, ao contrário de toda a minha família, e não consegui pegar nada.

Voltamos ao hotel, tomei um banho, passei um tempo lendo (O mundo perdido, de Conan Doyle; perfeito pra ocasião!) e no final da tarde saímos novamente. Aliás, isso foi ótimo no pacote: não tive mais que duas horas livres entre uma atividade e outra, sempre tinha algo novo pra fazer...

Era o final da tarde, e fomos ver o pôr-do-sol. Sabe quando você fica sem palavras e sem a menor vontade de falar qualquer coisa? Quando você se arrepia, sente uma alegria enorme dentro de você e a única coisa que passa pela sua cabeça é como a vida é boa? Foi o que todos sentimos. A beleza do lugar é impressionante: depois de andar por mais de uma hora, sentindo a brisa de fim da tarde batendo no rosto, paramos o barco no meio do rio e ficamos contemplando o sol descer devagarinho, tingindo de milhares de cores o céu que antes era azul. Ao nosso lado, podíamos ver os botos saindo da água pra respirar; enquanto centenas de pássaros voavam por cima das árvores do igapó antes de se
Green LodgeGreen LodgeGreen Lodge

Quarto privado, com banheiro e cama
esconderem para dormir.

Na volta para o hotel fiquei brincando de olhar pra um ponto específico no céu e esperar aparecer uma estrela. Eram tantas estrelas que pra cada lugar que eu olhava aparecia uma - parecia que estávamos dentro de um planetário. Quando voltamos ao hotel fomos jantar, a luz de um lampião. Ficar sentada do lado de fora do hotel, conversando com outros viajantes, comendo frutas e observando as milhares de estrelas que clareavam o céu noturno é realmente algo que não tem preço.

Depois ainda saimos para a focagem de jacaré. Andamos por muito tempo entre o igapó (como é possível o guia não se perder??), com o Anaílson mirando a luz da lanterna nas árvores, até que ele pegou um filhote de jacaré e trouxe para o barco com uma habilidade incrível. Tiramos umas fotos, aprendemos algumas coisas sobre esses répteis e voltamos pro hotel, pra dormir.

3º DIA

(sexta, 09/07)



No terceiro dia acordamos bem cedo, umas 5h, pra ver o nascer do sol no rio. Quando saímos ainda estava escuro, e a lua brilhava sozinha no céu que, na noite anterior, estava infestado de estrelas. Conforme andávamos pelo rio o horizonte
Green LodgeGreen LodgeGreen Lodge

Nosso unico meio de locomocao
mudava de cor, indo do azul escuro para o roxo; do roxo para o azul claro; do azul claro para o laranja. Depois de um tempo, por trás das árvores, surge o sol com força total, começando mais um dia...

Voltamos para o hotel, tomamos o café da manhã e saímos para fazer uma trilha no meio da selva. Andamos por muito, muito tempo de barco até chegarmos a um lugar com a mata bem fechada. Continuamos navegando sobre a floresta quando, do nada, o barulho do motor pára. Olho para o Adonias, o guia que estava no motor da lancha, e vejo a cara de preocupado dele... A hélice do motor soltou e caiu na água.

Não tínhamos levado uma hélice reserva, e o barco estava com apenas um remo. Se fosse pra fazer o mesmo caminho de volta, com apenas um remo, estaríamos até hoje remando... Mas dava pra ouvir um barulho de moto-serra bem longe, e decidimos ir naquela direção.

Encontramos um cara que estava cortando madeira da selva, seu Damião, e depois de uma conversa ele emprestou o motor do barco dele (!) pra gente voltar pro hotel. Disse que ia terminar de
Selva e RioSelva e RioSelva e Rio

O por-do-sol no meio do rio...
cortar umas árvores e que a gente podia passar depois de umas três horas pra pegar o barco, que ele estaria esperando.

Beleza, fomos na fé!

A trilha foi longa, mas não cansativa. O caminho (ao contrário da que fizemos mais tarde, no mesmo dia) era fácil de encontrar, e não houve muitos problemas. De resto, foi uma trilha comum: muitas árvores, pássaros, insetos e aranhas.

Depois dela, voltamos ao hotel para almoçar e preparar nossas coisas. Eu, a Celina e o Daniel (mais os dois guias) resolvemos dormir na selva, e, lá pelas 16h, saímos para montar o acampamento.

Levamos nossas mochilas de ataque, redes, mosquiteiros e lona, panelas, algumas frutas, arroz, farofa, frango e uns temperos, café em pó, um galão com 10 litros de água e facões. Andamos de barco por umas duas horas até chegarmos numa praia onde guardamos o barco e começamos a andar. Como estávamos em cinco, cada um carregou bastante peso durante os aproximadamente 45m de trilha - só que dessa vez a trilha era inclinada e BEM fechada.

O local de acampamento tinha apenas uma estrutura para amarrar as redes e uma pequena clareira. Cortamos a madeira
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O por-do-sol no meio do rio...
pra fazer a fogueira, o suporte para a panela e os espetos para assar o frango; fizemos o fogo e deixamos a comida fazendo; montamos a lona e amarramos as redes - um trabalho considerável, depois da caminhada matutina e vespertina.

Dormir foi tranqüilo, com exceção de um grilo maldito que insistia em tritinar ao meu lado... A quantidade de "cri-cris" que um grilo faz varia de acordo com a temperatura ambiente segundo a função f(x) = 7x - 30 (sendo x a temperatura em graus Celsius e a imagem igual à incidência do barulho). De acordo com meus cálculos, o maldito fazia 159 "cri-cris" por minuto NA MINHA ORELHA. De madrugada o Daniel levantou para matá-lo, porque realmente estava difícil!

Foi uma experiência única, muito legal. Fazer o próprio fogo, a própria comida, armar a própria rede e poder dormir em contato com a natureza depois de tudo isso é meio gratificante. Eu só tinha, até então, acampado em campings, e sabe como é... Sempre tem uma luz elétrica, um macarrão instantâneo, um fogareiro, rs

Vale notar que a mata é muito fechada, e que sair uns poucos metros da trilha te deixa cheia de cortes
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O nascer do sol
por causa de espinhos. De manhã eu sai pra procurar breu (uma árvore cuja seiva é utilizada para impermeabilizar canoas e que, quando queimada, cheira como incenso), e voltei cheia de cortes - e sem achar a árvore. Tem que ser manauara pra andar no meio da selva e não se perder.

4º DIA

(sábado, 10/07)



No dia seguinte fizemos o café (usamos a mesma panela em que temperamos o frango e fizemos o arroz - e estávamos com pouquíssima água e sem detergente ou algo do tipo. Mas é claro que só fui pensar nisso quando voltei pra casa, rs), comemos, arrumamos tudo, tomamos banho no rio e fomos visitar uma comunidade nativa.

Foi a parte da viagem que menos gostei, de verdade. Não tínhamos levado dinheiro, então os nativos não fizeram o ritual pra gente (eles cobraram R$20,00 por pessoa). Nos restou andar pela comunidade, que se parece muito com qualquer bairro da periferia paulista. Meio que pra inglês ver...

Voltamos para o hotel, almoçamos, arrumamos nossas coisas e descansamos. Chegou um grupo de paulistas lá no Green Lodge, e sai com eles pra dar uma volta de barco. Ouvi-los falando de trabalho me fez
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O madeireiro que salvou a gente, depois do barco ter quebrado
lembrar que já era sábado, e que segunda a rotina ia voltar... É a vida.

Lá pelas 16h, voltamos pra Manaus. Não quis ficar no mesmo hostel que fiquei no primeiro dia, então segui a indicação com um indiano que estava viajando com a gente e fui para o Hostel Manaus.

É sempre a mesma roubada... Quando fico em albergues que não são da Hostelling International sempre me dou mal! Foi o que aconteceu na minha primeira noite em Manaus...

Ainda bem que resolvi ir para o Hostel Manaus, que é sensacional. Realmente recomendo; fica no centro, perto do Teatro Municipal, da Feira de Artesanato e do porto. Como não tinha feito reserva, peguei o único lugar vago que tinha, numa rede na varanda. Paguei R$19,00.

Tem mais informações sobre ele aqui: http://migre.me/10fve.

Bom, depois de tomar um banho com água QUENTE fui fazer o que é típico de paulista: comer no shopping. Como o albergue era no centro, foi muito sussa pegar um ônibus pra ir até lá e outro pra voltar, de noite. De volta ao albergue, fiquei até umas 2h conversando e lendo, e depois fui dormir.


5º DIA

(domingo, 11/07)


Selva e RioSelva e RioSelva e Rio

A gente saindo pra fazer a trilha

No meu último dia em Manaus, acordei umas 6h pra aproveitar o dia. Na verdade, eu acordei cedo porque estava dormindo na varanda, sem paredes, e o sol nascia na minha frente! Queria dormir até tarde, mas não foi possível...

Tomei café no hostel, tomei um banho e sai pra bater perna. Dei uma passada na feira de artesanato, perto do porto, pra comprar umas cachaças pra trazer pra SP. É uma boa feira de artesanato, grande pra caramba e cheia de coisa...

Depois peguei o ônibus pra o Zoológico do Cigs. Pedi pra cobradora me avisar quando estivéssemos próximos, mas ela esqueceu (!) e fui parar na Ponta Negra. Aproveitei que estava lá e fiquei dando uma volta no calçadão. É bonitinha; uma praia de rio bem urbanizada e tal, mas não acho que vale a pena conhecer. Peguei o barco até as praias do Tupé e da Lua, e a mesma coisa... Não recomendaria a visitação de nenhuma delas; mas o passeio de barco pra chegar até lá é bacana.

Na volta passei no Cigs, e gostei no zoológico. O único problema é que eu estava MORRENDO de calor, mal conseguia dar dois passos sem
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O jantar
rezar pra o sol ir embora. Tomei um açaí, assisti o final da Copa torcendo pra Holanda (não foi dessa vez, mas tudo bem) e depois fui pro albergue. Paguei R$4,00 pra entrar no zoológico, e o açaí mais o sorvete de açaí deve ter dado uns R$10,00.

Antes de voltar pro albergue eu fui conhecer o Teatro, que infelizmente estava fechado. Gostaria muito de assistir um espetáculo nele, mas o tempo que eu tinha não ajudou muito. Maria, a espanhola que viajou comigo, conseguiu assistir à uma apresentação de dança regional, e disse que por dentro ele é incrível. Fica pra próxima.

E foi isso! Voltei pro albergue no final da tarde, morrendo de calor, tomei um banho, jantei com o pessoal, tomei uma cerveja, arrumei minhas coisas e fui pro aeroporto. Peguei o vôo de madrugada, cheguei em São Paulo de manhã e fui direto pro escritório, com o espírito leve e um sorriso no rosto que está me acompanhando até hoje. Manaus foi foda.










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Cansados e suados, no local reservado pro acampamento
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Pratos feitos na hora!
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Comunidade indigena pra ingles ver
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Ultima parada antes de voltar
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O Teatro Municipal


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