Segundo dia


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February 16th 2008
Published: March 10th 2008
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PortezueloPortezueloPortezuelo

Ao fundo, Portezuelo, a 5.200 m, de onde se pode ver a face sul do Aconcágua.
Já se faz algum tempo que voltei ao Brasil. O Ro, ainda hoje (6 de março), está em Mendoza. Mesmo assim não posso perder aquilo que escrevi todo dia quando estávamos na alta montanha, no Cordon del Plata. O que aqui escrevo é referente ao segundo dia de montanha, dezesseis de fevereiro de dois mil e oito.

Por que as pessoas desejam estar em lugares inóspitos, onde quase nenhuma vegetação cresce, onde qualquer forma de vida é praticamente insustentável? Subir, depois descer. Sentir dor de cabeça, cansaço, falta de ar. Não sei responder esta pergunta, mas penso que há muitas perguntas correlatas. Por que trabalhar, juntar dinheiro, para comer, e assim estar vivo para... poder trabalhar? Por que comer? Sim, antes que me perguntem, os montanhistas se alimentam sim da montanha. Sensação de prazer, satisfação, tarefa cumprida, sonhos realizados. Sem estes sentimentos creio qute a vida seria impossível. Cada um os busca da melhor maneira possível.

De qualquer forma, a melhor resposta para a pergunta "por que subir montanhas" não é minha, mas eu também não sei quem é o autor, é bastante simples: "porque elas estão lá". As coisas carecem de sentido, uma comida não é uma comida
Acampamento armadoAcampamento armadoAcampamento armado

El Salto, a 4.200m.
até que o homem dê este significado a ela. Quem foi o primeiro maluco que viu um grão de arroz, inventou de cozinhar e comer? Quantos não morreram na ânsia de descobrir novas comidas? Quantos cogumelos venenosos, raiz, frutas intragáveis. Subir uma montanha é dar um significado para algo que está lá, é utilizar da natureza em benefício próprio, como sempre foi com todas as coisas e como sempre será na história da humanidade.

Voltando a linhagem histórica, acordamos hoje às 7:00, ainda estava escuro e frio. Acho que foi a noite mais fria que pegamos em toda viagem. Não sei quantos graus, não temos um termômetro confiável. Tomamos café da manhã dentro da barraca, com um bom chá de menta, bem quente, e saímos às 9:40 (o Ro atrasou bastante, depois que o Rafa foi embora, há cerca de 20 dias atrás, o Ro assumiu o papel de enrolão do grupo) para atacar um pico vizinho, o São Bernardo, de 4.150m, segundo novas informações.

Com duas horas e meia de camihnada chegamos em um lugar que pensamos ser o cume, mas havia ao fundo um pico mais alto, com uma cruz. Descansamos um pouco, comemos, e com
VizinhosVizinhosVizinhos

Nossas montanhas vizinhas.
mais vinte minutos de caminhada chegamos ao cume. Passamos então cinquenta minutos lá em cima e depois descemos, com muita névoa, foram duas horas e quinze de descida, guiados mais pela bússula do que pela paisagem (a névoa chegava, às vezes, a impedir a visão a mais de 10 metros).

Uma coisa importante a assinalar é que não fez muito frio. Apesar disto, estávamos preparados, a mochila de ataque tinha bastante roupa e alguma comida. É provável que no dia do ataque ao cume elá vá com um pouco mais de comida, uma garrafa térmica com chá quente, mas não muito mais pesada que a mochila de hoje.

Agora estou aqui embaixo, depois de jantar, com um pouco de dor de cabeça. Normal, faz parte do processo de aclimatação, depois de subir e descer é esperado um pouco de dor de cabeça. Mas este esforço de hoje é bom, vamos nos acostumando com a altura. Amanhã vamos subir para o próximo acampamento, Salto de Água, a 4.200m. Dormimos lá e descansamos no dia seguinte, devemos sentir um pouco de dor de cabeça ainda nestes próximos dois dias. No dia depois do descanso penso ser possível atacar o cume
AbaixoAbaixoAbaixo

Vista do vale abaixo.
do Plata, mas talvez a gente faça alguma montanha antes, de 5.400m, para aclimatar ainda mais. Isto depende de como vamos nos sentir nestes próximos dois dias e também de como o tempo nos ajudará.

por Xuxa


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Vista de cima.


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