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Agroturismo. Guarde bem esse nome se você quiser conhecer a Itália e esqueça Roma, Florença, Veneza e todas as grandes cidades lotadas de turistas tradicionais. Especialmente se você já veio à Itália, esse é o grande segredo para assimilar a essência desse país cheio de sol, boa mesa e alegria de viver. Espalhado por dezenas, centenas de propriedades na Toscana (e também em outras regiões), o agroturismo - que reúne centros agrícolas produtivos que recebem turistas - virou uma "febre". E para nós, que buscamos alguma coisa além do lugar-comum, é um excelente meio de aprender como os toscanos vivem, cultivando há séculos parreiras e oliveiras, colhendo uvas e azeitonas e produzindo um vinho digno dos deuses e um azeite de oliva tão puro que embriaga.
Tudo começou no início de 2007, quando meu namorado e eu decidimos conhecer a Itália em busca de um lugar onde pudéssemos passar férias todos os anos. Mas não queríamos ficar uma ou duas semanas, queríamos ficar um mês e a idéia de ficar tanto tempo em um hotel, num espaço limitado a um quarto com banheiro, não era nada animadora. Além disso, os preços das diárias tornavam essa opção bastante proibitiva. Depois de contatar alguns amigos e navegar pela internet, encontrei alguns sites que propunham uma permanência mínima de uma semana em propriedades rurais, em meio a plantações de uvas e azeitonas, muitos com o e-mail do proprietário.
Escrevi para vários e a resposta mais simpática veio do Borgo Flicardo, em Montespertoli, na Toscana, região do Chianti Clássico, a meia hora de Florença. A proprietária, Francesca Mignolli, informou que, por ser fora da temporada (maio-junho) e pela duração da hospedagem (30 dias), poderia nos receber ao custo de 50 euros por dia (uma pechincha em termos de Europa!!!). Ela oferecia um apartamento mobiliado de 70 m2, com quarto, sala, cozinha equipada, banheiro, varanda e ar condicionado. Propunha também uma troca semanal de roupa de cama e banho, uma limpeza extra do apartamento, a limpeza final, e o uso ilimitado da máquina de lavar, comum a todos os hóspedes.
Eu ainda tive a ousadia de solicitar uma cafeteira elétrica, um secador de cabelo e uma tábua de passar roupa (afinal, não gosto de andar toda amarrotada!) Francesca fez mais: como sabia que as taxas para enviar dinheiro do Brasil para a Itália são muito altas, pediu apenas como garantia o número de um cartão de crédito internacional, sem nenhuma cobrança antecipada. Apenas disse que eu a avisasse em caso de desistência. E, para demonstrar boa vontade, arrematou o e-mail com uma frase que foi definitiva para mim: "We do have to keep on trusting in humankind!" (Nós temos de dar um voto de confiança para a Humanidade!)
Chegamos finalmente!!!!
Na data combinada, debaixo de uma tempestade que quase fez o vôo desviar de Florença para Bolonha, desembarcamos no aeroporto de Peretola, culo nome oficial é Americo Vespucci. Esse aeroporto é ido como de Florança, mas na verdade fica em Sesto Fiorentino, uma cidade vizinha. Foi aí que começou a confusão! Pegamos nosso Fiat Punto, alugado na Europcar por US$ 1.200, com seguro total e mais U$S 150 de franquia em caso de acidente, ãs 18h30 e saímos aeroporto afora. Devíamo ter tomado a A1, a autoestrada que nos levaria a Montespertoli, mas como não entendo nada de mapas e a Itália é, em certos aspectos, um Brasil que fala italiano, acabamos pegando a A11 e indo parar perto de Pistoia, na direção norte e não sul como deveríamos. A chuva continuava torrencial e a noite começou a cair quando percebemos o erro. Também percebemos que, na Itália, se você não alugar um carro com GPS está literalmente encrencado.
Saímos da autoestrada e usando minha precária intuição para deduzir mapas (eu estava de co-piloto), começamos a procurar algum indicação para Empoli, uma cidade maior vizinha a Montespertoli. Duas horas depois, subindo e descendo colinas, finalmente entramos em Montespertoli. Tudo estava às escuras. Eram só 9 da noite, mas no interior da Itália não há ninguém na rua neste horário.
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LorienS
Lorien
É muita pretensão esse título, não acham?
Bem, mas foi assim que eu me senti quando vi o interior da Toscana pela primeira vez. LorienS