Il Grande Finale


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November 3rd 2010
Published: March 15th 2012
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Já era noite quando tomamos o trem de Como para Milão – nossa última noite na Itália, infelizmente. O fim da viagem estava próximo, e eu já me dava por satisfeito. Para quem havia pensado toda a viagem em torno da Toscana, Milão não era mais que uma escala que se fez necessária para tomarmos o vôo de volta, e tanto era o meu interesse em ficar na cidade que preferi ir pegar chuva no lago (ver post anterior).

Antes que comecem os julgamentos, me explico. De fato nutria certo desinteresse por Milão. De início, sua reputação já não me atraía. Sempre a via mencionada como a “capital da moda” italiana, um lugar para amantes de luxo e vitrines – quem nunca ouviu falar das ‘passarelas de Milano’? Além disso, a opinião das pessoas que eu conhecia e já tinham estado lá também não era das mais animadoras: ‘vale pela Praça do Duomo, que é belíssima, mas fora isso não há mais muito a se fazer’. Sendo assim, pensei, uma manhã seria suficiente - nosso vôo era só às 14h. Afinal, tínhamos apenas uma praça para conhecer.

Sempre dizem que as melhores surpresas surgem onde estão as menores expectativas (não bem com essas palavras, mas a ideia é essa). Graças, essencialmente, a dois fatores - couchsurfing e o sol – nossas horas em Milão não foram apenas uma escala, mas sim um grande finale para uma grande viagem.


Il Grande Finale



A estação Milano Centrale, nosso primeiro contato com a cidade, transmite perfeitamente os ideais de ‘luxo e vitrines’ que eu esperava. É uma estação elegante, grandiosa como são em geral as construções italianas, e recheada de anúncios de marcas requintadas, como Dolce & Gabanna, Armani e por aí vai. Dava até a sensação de estarmos no embarque internacional de algum aeroporto, para vocês terem uma ideia.

Dela para a estação de metrô, que contraste. Logo lembramos que estávamos em uma metrópole, e pior, em plena hora do rush. A estação, que ao contrário da de trem não era grande, ficava ainda menor diante do enorme fluxo de pessoas que passavam apressadas. Felizmente a máquina de venda de tíquetes era fácil de entender, e conseguimos comprar nossas passagens sem despertar a ira da fila atrás de nós. Bilhetes em mãos, era hora de nos separarmos – o Fernando seguiu para um albergue que ele reservara na noite anterior, enquanto eu e Japa rumamos para fora do Centro (não lembro mais o bairro), onde morava o nosso hospedeiro.

Sim, iríamos couchsurfar! Para quem nunca ouviu falar, o Couchsurfing (CS) é uma rede social que propõe uma nova forma de viajar, baseada na interação e trocas de experiências entre as pessoas. O princípio básico consiste em pessoas que disponibilizam voluntariamente sua casa – seja um quarto de hóspedes, um colchão ou mesmo o sofá - para receber viajantes, ou seja, sem cobrar por isso. Para quem viaja, há obviamente a vantagem econômica, de não precisar pagar diárias de hotel/albergue, mas acima de tudo a possibilidade de conhecer a cidade da perspectiva de um morador. Já para quem recebe, o mais válido é a possibilidade de conhecer pessoas de diversos cantos do mundo sem sair de sua própria casa. Obviamente, trata-se de uma rede organizada, onde há parâmetros que permitem avaliar a ‘confiabilidade’ de alguém, mas não entrarei nesse mérito – quem tiver interesse pode se informar melhor no próprio site: www.couchsurfing.com.

Desde que compráramos as passagens aéreas já havíamos decidido tentar o couchsurfing. Enviamos inúmeras mensagens, mas não contávamos com a semana de férias italiana
Brinde ao couchsurfingBrinde ao couchsurfingBrinde ao couchsurfing

Com nossos hospedeiros Paolo e Alex e mais 2 amigos deles (ps: entendem agora o porquê do bigode para essa viagem?)
– a grande maioria das pessoas ou iria viajar ou receberia amigos/parentes em casa, logo nada feito. Foram ao menos duas semanas de pesquisa e contatos e já estávamos prestes a desistir quando enfim o Japa conseguiu uma resposta positiva.


Couchsurfing é que nem procurar estágio. Depois de muitos não você ganha um sim e fica feliz.” – Japa



Foi assim que fomos parar na periferia de Milão em plena noite. No entanto, não houve motivo para preocupações. Marcamos o ponto de encontro na saída do metrô, e logo após chegarmos nosso host – Paolo – apareceu para nos receber. Logo estávamos ‘em casa’, onde fomos confortavelmente instalados. Paolo dividia um apartamento de 2 quartos com um amigo, e sempre que eles recebiam alguém do CS um deles era cedido aos visitantes. Para quem até então só passar as noites em dormitórios com 6, 8 pessoas, esse quarto foi sem dúvida o luxo da viagem. Como se não bastasse, aquela noite eles haviam convidado um amigo para jantar, e o menu não poderia ser mais autenticamente italiano: uma bela macarronada!

A janta foi bem animada e a conversa rendeu. Entre os inúmeros assuntos, tivemos uma breve
Piazza DuomoPiazza DuomoPiazza Duomo

O ângulo mais famoso, com a catedral e a galeria
aula sobre o modo de falar e gesticular dos italianos, e aproveitamos para descobrir se os gestos que vínhamos empregando na viagem (como o ‘dedo na bochecha’ para indicar satisfação com a comida – “molto buono!”) eram de fato utilizados, ou só mais uma dessas coisas que os livros inventam porque sabem que os turistas vão gostar de ver e repetir (a maioria era válida, ufa!).

Após a janta eles aproveitaram que a chuva havia parado e nos levaram para conhecer um tradicional bar da cidade, com fabricação própria de cerveja (mas não lembro o nome!). O interessante era que o bar em si era bem pequeno e apertado, então a grande maioria das pessoas ficava do lado de fora, praticamente fechando a rua. Não houve dúvidas de que era um local popular, visto que estava cheio mesmo sendo apenas uma terça à noite!

Na manhã seguinte, mal pude acreditar quando abri a janela – o sol brilhava em um céu azul sem nuvens! Despedimo-nos de nossos hospedeiros e partimos para o centro, pois havíamos combinado de encontrar o Fernando para explorar a cidade. O rendez-vous era em frente ao Duomo, e chegar lá não poderia ser mais fácil: há uma estação de metrô que deixa na porta.

O Duomo de Milão é tido como a 4ª maior catedral do mundo (a maior da Itália), e um dos melhores exemplares existentes da arquitetura gótica. Sair do buraco do metrô e deparar-se com a praça e a catedral já foi, por si só, “uma experiência bastante gótica”, se é que posso assim dizer: passar do confinamento do buraco à amplidão da enorme praça; da escuridão do subterrâneo aquele ambiente banhado em luz – um verdadeiro combinado de sensações antitéticas. O Duomo é mesmo grandioso e magnífico; sua fachada e principalmente o telhado impressionam pela riqueza de detalhes. Não por acaso ele começou a ser construído em 1386 e levou 6 séculos para ser concluído!

Embora a catedral roube a atenção, ela não é o único atrativo da Piazza del Duomo. Ela é cercada por um conjunto de prédios em estilo neoclássico, dentre os quais se destaca a Galleria Vittorio Emanuele II, uma galeria comercial tida como a mãe de todos os shoppings centers. São praticamente duas ruas de belas fachadas cobertas por uma cúpula de vidro, o que permite aproveitar a luz do dia e ainda dá
Via MercantiVia MercantiVia Mercanti

O Duomo ao fundo
um ar elegante ao lugar. Como não poderia deixar de ser (afinal, estamos em Milão), ela é repleta de lojas de marcas luxuosas, como Prada e Louis Vuitton, e de restaurantes com aspecto fino – além de um Mc Donald’s (!). Sem comentários...

Tendo visto os dois pontos que todos diziam ser imperdíveis, tínhamos ainda um resto de tempo para passear livremente. O Fernando escrevera um postal e queria enviá-lo com selo italiano, então pusemo-nos a procurar uma agência dos correios, tendo assim mais uma chance de treinar nosso italiano (“La Poste, per favore”!). Nessa busca podemos explorar mais algumas ruas do centro, e assim conhecer um pouco mais da cidade.

É interessante que, em termos arquitetônicos, Milão é bem diferente das demais cidades italianas que visitamos. Embora ela possua algumas igrejas mais antigas que Roma, grande parte da cidade foi destruída durante a 2ª Guerra Mundial, e assim reconstruída de forma mais moderna. Ela não é repleta de construções em tons vivos (amarelo, vermelho, laranja...), mas sim predominantemente cinza/neutra, o que, aliado aos inúmeros cafés e vitrines, a confere um ar distinto e bem mais cosmopolita. Além do mais, ela é repleta de galerias de arte, teatros e museus, podendo ser considerada um pólo cultural mundial. Uma das pinturas mais famosas do mundo, inclusive – ‘A Última Ceia’, de Leonardo da Vinci – encontra-se exposta aqui, na igreja de Santa Maria delle Grazie (mas a visitação é limitada, recomenda-se comprar com bastante antecedência).

Nosso passeio pelo centro seguiu até o castelo da cidade, o Castelo Sforzesco, com pausa antes para o último gelato da viagem. O castelo abriga atualmente inúmeros museus, e atrás dele encontra-se o Parco Sempione, o mais popular de Milão. Isso seria uma ótima pedida para aquele dia ensolarado, mas infelizmente a manhã passara rápido e era preciso que iniciássemos nosso trajeto rumo ao aeroporto de Milano Malpensa.

No geral, chegar ao aeroporto é tarefa fácil, pois há tanto ônibus quanto trens expressos que realizam esse serviço. No entanto, eles são tarifados de forma diferenciada (ou seja, mais caros) e nós, como bons estudantes econômicos que estávamos, descobrimos uma forma alternativa, mais barata: um trem local até Gallarate, e de lá um ônibus normal de linha servia o aeroporto. Ok. Não sabíamos horários do trem nem do ônibus, mas resolvemos arriscar. A primeira etapa foi fácil, pois havia trens com bastante frequência,
A caminho de casaA caminho de casaA caminho de casa

Vista do Lago Maggiore e os Alpes ao fundo
bastou que prestássemos atenção para descer no lugar certo.

Uma vez em Gallarate a situação complicou: uma grande praça em frente à estação, com diferentes pontos de ônibus em ruas diferentes – onde era o ponto, e que horas passaria o ônibus? Não havia a menor indicação, o jeito foi recorrer aos transeuntes – e dá-lhe praticar o italiano! Perguntamos aqui e ali, fomos de um lado a outro, até enfim descobrirmos uma bendita alma que também pegaria aquele ônibus, e nos tranqüilizou dizendo que ele não tardaria a passar. Esperamos mais alguns minutos (que pareceram horas), mas enfim ele veio. Ufa! Resumo da história, chegamos ao terminal cerca de meia hora antes do horário do vôo, mas como não tínhamos nada para despachar entramos depressa e logo estávamos no portão de embarque. Ufa!²

O vôo de volta foi bastante tranqüilo, e encerrou a viagem de forma espetacular: com vista dos Alpes e seus picos nevados. Um grande finale – bravíssimo!

😊




Obs: eis alguns links que podem ser úteis para quem, ao contrário da gente, resolva fazer uma visita planejada (e com tempo) de Milão:

Mapa do metrô: http://www.nbts.it/milano/mappa_metropolitana_1.htm

Duomo: http://duomomilano.it/?duomocattedrale=duomo-cattedrale
TuristasTuristasTuristas

Todos querem sua foto com o Duomo


Castelo: http://www.milanocastello.it/ita/home.html

Scala de Milano: http://www.teatroallascala.org/en/index.html

Piccolo Teatro: http://www.piccoloteatro.org/


Additional photos below
Photos: 27, Displayed: 27


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Milano CentraleMilano Centrale
Milano Centrale

Anúncios da D&G eram recorrente na estação
Milano CentraleMilano Centrale
Milano Centrale

O enorme hall
Interior da catedralInterior da catedral
Interior da catedral

A foto não faz justiça, como de costume
Silhueta do DuomoSilhueta do Duomo
Silhueta do Duomo

Bastante adornado o telhado
Dizem que o diabo veste PradaDizem que o diabo veste Prada
Dizem que o diabo veste Prada

Se ele comprar aqui, deve ser um tipo bem rico esse tal de diabo...
Piazza della ScalaPiazza della Scala
Piazza della Scala

Estátua de Leonardo da Vinci ao centro
Teatro Scala di MilanoTeatro Scala di Milano
Teatro Scala di Milano

Pela fama que tem, esperava um prédio mais pomposo. Achei bem simples, ao menos por fora.
Via DanteVia Dante
Via Dante

O Castelo ao fundo
Piccolo TeatroPiccolo Teatro
Piccolo Teatro

Mais um dos inúmeros teatros da cidade


4th June 2014
Duomo di Milano

viva la Madonnina di Milano
quando vedo il duomo di milano provo stupore e meraviglia. vi propongo di guardare questo sito dove trovare appartamenti in affitto per brevi periodi con un costo nettamente inferiore all-albergo. http://www.milanhouses.com/blog/

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