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Published: June 22nd 2011
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Introdução: “Entre 1977 e 1986, 106 pessoas deram entrada no Departamento Psiquiátrico do Hospital Santa Maria Nuova, em Florença, depois de sentirem emoções arrebatadoras diante das obras de arte na cidade. A psiquiatra que estudou essas pessoas, dra. Graziela Magherini, chamou o fenômeno de Síndrome de Stendhal, numa referência ao romancista francês que descreveu uma espécie de ataque de pânico que sofreu ao visitar a cidade pela primeira vez.”
(revista Lonely Planet Brasil – Julho 2010) Firenze (em italiano, Florença em português) é conhecida como o berço da Renascença italiana, uma cidade inspiradora e repleta de arte. Segundo a UNESCO, ela possui “a maior concentração de obras de arte de renome internacional” do mundo, distribuída pelos inúmeros museus e galerias do centro, com destaque para os Uffizi, onde está exposto
‘O Nascimento de Vênus’, de Botticelli, e a Galleria dell’Academia, onde encontra-se o original do
‘Davi’, de Michelângelo. Apesar de seu compacto centro histórico medieval, ela possui pouco menos de 400 mil habitantes e trata-se de uma das maiores cidades da Itália, capital do estado da Toscana.
Ciao Firenze!
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Siamo arrivati a Firenze Santa Maria Novella! Desembarcamos em uma estação relativamente recente e absolutamente normal, sem nada de
Firenze by night
Destaque para a Ponte Vecchio grandioso. Dada a fama da cidade e sua posição central na Itália, esperava algo maior, com um saguão imponente, cheio de pinturas e estátuas. Bairrismos à parte, a de Bordeaux é bem mais bonita. Sem motivos para ficar maluco até o momento, pensei.
Em função de preços e disponibilidades, iríamos passar por 3 albergues diferentes nessas 4 noites em Firenze (quase avaliadores de hotéis do Guia 4 Rodas!). O primeiro,
Ospitalle delle Rifiorenze, é na verdade um abrigo para moradores de rua durante o inverno que funciona como hospedagem o resto do ano. Antes que alguém se assuste, eles têm um quarto à disposição dos membros do Couchsurfing, e a primeira noite é gratuita. Visto que chegaríamos tarde e só precisaríamos de um lugar para dormir, estava ótimo!
O albergue se situa na região do Oltrarno (fora do centrão turístico) e, mesmo um pouco perdidos no início, conseguimos encontrá-lo em menos de meia hora de caminhada. Os quartos situam-se todos num enorme salão, e são delimitados por divisórias. Simples, mas tudo bem, afinal era de graça. O nosso era o último, no final do corredor e... a porta não queria abrir. Ficamos insistindo, tentando não fazer barulho pois já passara
das 22h, quando eis que ela se abre, e pela fresta surge um francês seminu que nos pede para esperar um minuto. Tive a impressão (para não dizer certeza) de que tínhamos atrapalhado alguma coisa... :S Isso em mente, deixamos nossas malas no quarto e rapidamente saímos, em busca de algo para comer.
Nessa noite, a Mah (namorada do Japa) e uns amigos dela também estavam na cidade, então combinamos de nos encontrar para jantar ao lado da Porta San Frediano (no Oltrarno, perto do Ostello), num restaurante típico e com bons preços que nos havia sido indicado (Trattoria Sabatino). Chegamos pouco antes das 23h, o lugar ainda estava cheio, ou seja, bom sinal. Resolvemos esperar o resto do grupo, que chegou nem 10 min depois, às 23h e pouco... para então descobrirmos que a cozinha acabara de fechar! Ali, há nem 5 minutos, conosco na porta esperando! ¬¬
Com a fome apertando, resolvemos seguir para o centro, onde teríamos mais chance de encontrar algo aberto. Foi então que começou nosso tour noturno de Firenze, e o meu deslumbramento. Cruzamos o rio Arno, com a bela vista da Ponte Vecchio iluminada ao fundo, e adentramos nas ruelas do
Il Porcellino
A prova de que eu vou voltar. Senão reclamo com o Procon! miolo histórico medieval. Sem mapa, apenas seguíamos o nosso “guia” (ele também ligeiramente perdido, diga-se de passagem) que, na tentativa de chegar sei lá aonde, fez-nos passar por inúmeras praças, estátuas e construções grandiosas.
Uma delas, a Piazza di Mercato Nuovo, é conhecida por abrigar a fonte/estátua do
‘Il Porcelino’, basicamente um javali de bronze. A água escorre pela boca, como se fosse a baba do animal, e reza a lenda que pegar um pouco dessa baba e passar na testa é garantia de sorte na vida e de um retorno a Firenze (talvez seja essa a sorte). Pelo sim, pelo não, fizemos como bons turistas e cumprimos o ritual. Imagino que durante o dia os vendedores das lojas em frente devam se divertir vendo hordas de pessoas se sucedendo para passar na testa um pouco da “baba da boa fortuna”!
Não longe dali encontra-se a Piazza della Signoria, com o enorme Palazzo Vecchio e várias estátuas, dentre as quais uma réplica bastante fiel do famoso Davi de Michelângelo. Numa praça em que a torre do palácio tem 94m de altura e as estátuas 5m ou mais, é fácil se sentir pequeno e maravilhado. Pensar na idade das coisas
Uffizi à noite
Quem dera fosse vazio assim o dia todo! (o palácio, por exemplo, data de antes de 1300) só me deixa ainda mais impressionado.
Após as andanças, descobrimos uma rua repleta de bares e casas noturnas (desculpem, mas não lembro onde era!) e paramos por ali. Conversa vai, conversa vem, o tempo passando... até que nos lembramos que o albergue tinha “toque de recolher” à 1h da manhã (hora em que o portão exterior fechava, e a partir daí ninguém entrava mais)... e já era 00h40! Estávamos em algum lugar da cidade, do lado oposto do rio, e tínhamos 20 minutos para voltar se não quiséssemos ficar sem-teto (e olha que já estávamos hospedados no lar dos sem-teto!). O caminho? Conseguir chegar até a beira do rio, e de lá, pelas pontes, a gente conseguiria se referenciar e encontrar o rumo de casa. Vocês imaginem a cena: duas pessoas correndo feito loucos de madrugada pelas ruas da cidade! Felizmente nosso senso de orientação é bom e conseguimos chegar a tempo. Ufa! Agora só restava torcer para que o casal do nosso quarto já tivesse sossegado para podermos dormir...
O diagnóstico: Para maior dramaticidade no trecho seguinte, se possível leiam-no acompanhado pela sua trilha sonora. Hospital Santa Palazzo Vecchio
Com sua torre de 94m de altura Maria Nuova, Departamento Psiquiátrico, por volta da 1h do dia 30/10:
Passos apressados interrompem o silêncio que reinava no setor e rumam para a sala do psiquiatra de plantão...
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Dottore, emergenza! Contrariado de ser acordado em plena madrugada, o doutor resmunga alguns palavrões (
porca m**!), joga uma água no rosto e segue, sem pressa, rumo à sala de atendimento, onde é aguardado por uma senhora aflita e dois jovens.
- Dottore, desculpe vir a essa hora, mas é preciso agir antes que o caso se agrave!
- Calmate, signora, não há motivo para pânico. Quais são os sintomas?
- Eles estão abobados, doutor, com o riso frouxo... e agindo de forma estranha.
- Por exemplo?
- Eles passaram a baba do javali na testa e saíram por aí dizendo que traz sorte. Depois começaram a correr pela cidade... à 1h da manhã! Ao chegarem ao albergue, acordaram o corredor inteiro tentando destrancar a porta... que estava aberta! Sem falar nessa sujeira ridícula na cara que eles imaginam ser um bigode!
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Caspita! O quadro está se desenvolvendo rapidamente! Só vejo uma alternativa. Se não funcionar teremos que partir para internação
Birra Moretti
A cerveja do italiano bigodudo! e medicamentos.
- Qual alternativa, doutor?
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Fugere urbem! Um dia fora da cidade, longe desse ambiente de profusão artística e desejo de perfeição renascentista. Eles precisam respirar um ar da campanha. Amanhã pela manhã, ponha-os no primeiro ônibus em direção ao Chianti!
- Oh! O Chianti? Mas doutor...
- É a nossa melhor alternativa! Precisamos arriscar.
... continua no próximo post.
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Daniel
non-member comment
Muito bem escrito, Luis. Não fala absolutamente nada, mas deixa com vontade de ler o próximo post :P E a segunda parte (com a musiquinha de fundo) foi demais haha Acelera esse negócio aí, quero ler sobre a viagem do ano novo antes do próximo ano novo!