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Published: August 10th 2010
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Quando a maioria das pessoas, e aqui falamos sobretudo de brasileiros, nos conta sobre viagens à Europa, é raro ouvirmos falar de um roteiro que fuja do convencional. Estão sempre lá as grandes capitais do oeste, na companhia de uma ou outra cidade de porte menor, mas ainda assim de forte apelo turístico. Dia desses, fuçando na popular, porém fraca, comunidade “Mochileiros na Europa” do Orkut, uma pesquisa comprovava isso. Das localidades prediletas dos viajantes brasileiros, nada menos do que 27 cidades foram citadas, todas com mais de um milhão de habitantes, 90% localizadas em algum lugar da Espanha, Itália, França, Alemanha, Inglaterra ou Portugal.
Natureza e lugares inusitados, como se vê, não são motivos de atração para a maior parte dos brasileiros que vão à Europa. É, porém, e como o leitor sabe bem, o que move esses viajantes, e foi em busca do verde e do “diferente” que partimos para o penúltimo país da nossa viagem, cinco meses depois de iniciá-la. Assim chegamos à Eslovênia, pequeno país que faz fronteira com Áustria e Itália e que, sem medo de errar, e sabendo que uma ou outra voz contrária surgirá, chamaremos a partir desse post de o mais bonito
da Europa.
Primeira nação a surgir com o colapso da Iugoslávia, em 1991, a Eslovênia é uma mini Nova Zelândia: tem pouca gente (dois milhões de habitantes), uma capital simpática, litoral lindo, rios, cachoeiras, montanhas e alpes, tudo isso cobrindo nada menos do que 70% do seu território. E conseguir ser comparada com a terra dos kiwis não é pouca coisa. Primeiro pelo nosso apelo emocional com o país da Oceania, e segundo porque, em conversas informais com outros mochileiros na viagem, não havia um que não citava a Nova Zelândia como o país mais bonito que já havia estado. A NZ continuará sendo a número 1, mas é legal saber que existe uma resposta européia para aquela pequena nação lá nos confins do Pacífico.
Chegamos à capital Ljubljana vindos da Áustria. Ljubljana, cujo nome em esloveno quer dizer “amada” ou “adorada”, carece das grandes atrações encontradas em Praga e Budapeste, o que pode torná-la menos atraente num primeiro momento, mas uma ou duas horas bastam para sentir a simpatia e calmaria da cidade. Sem contar que ela ganha pontos exatamente pelo fato de não atrair turistas, o que permite uma experiência um pouco mais original ao te
Bled
cartao postal deixar em contato com os não menos simpáticos eslovenos.
Uma montanha e um castelo de 200 anos são o que a cidade tem de melhor para ofertar em termos de pontos turísticos. Sua Old Town, minúscula, dividida por um rio e cortada por pequenas pontes de pedestres, é onde está a graça da cidade. Bares e restaurantes beiram o rio, telões são colocados na margem do próprio, permitindo às pessoas assistirem os jogos da Copa, e os locais vêm e vão pelas pequenas ruelas, pontuadas aqui e ali com uma ou outra igreja interessante, num clima total de cidade do interior. E bota interior nisso, já que, apesar de ser a capital e sede do governo, Ljubljana não chega a 250 mil habitantes.
As pérolas da Eslovênia encontram-se no interior, em regiões montanhosas/alpinas mais para o norte, perto das fronteiras com Itália e Áustria. O grande cartão-postal (e cidade mais visitada) é, sem dúvida, Bled. O Lonely Planet chama esse vilarejo de "uma criação de algum Deus do turismo”. Não estão exagerando. Bled, a cidade, herdou o nome do lago glacial que domina todo o seu centro. Lá no meio, uma ilhota abriga uma igreja que deve ser
de longe o símbolo mais fotografado do país. Ao redor desse lago, quase que o abraçando, uma cadeia de montanha de pinheiros vai até onde a vista alcança, abrigando um castelo e entrelaçando-se com os Julian Alpes e seus picos nevados logo atrás. Muita informação? Sim, e as fotos não dão a real dimensão da beleza do local.
A bordo de mais um carro alugado, dirigimos por Bled e vilarejos adjacentes em busca de mais maravilhas naturais, como o idílico Bohinj, outro lago de água verde formado a partir do derretimento de geleiras e que, como Bled, surpreendentemente, permite a natação no verão. Cada estrada, assim como na Nova Zelândia, reserva uma maravilha natural diferente: rios de verdes e azuis variados, cachoeiras, montanhas. Ali perto, perdemos horas no Vintgar Gorge, um cânion cortado por um belo rio em toda sua extensão. O destaque é uma passarela de madeira, construída por detentos em 1893, que permite aos visitantes andarem os 1.6 km do cânion.
Intensa essa Eslovênia. Cansados de ver os Alpes apenas como pano de fundo, decidimos então cruzá-los. E lá fomos nós montanha acima, em um ziguezague que nos levou a mais de 1, 6 mil metros
Bohinj Lake
Slovenia's largest natural lake de altitude, com vistas de perder o fôlego tanto das montanhas quanto do Soca Valley e seu rio azul turquesa lá embaixo. Antes que esqueçamos, cada vilarejo é mais bonito que o outro, com chalés de madeira, flores, uma igrejinha antiga e um grande campo verde com criação de ovelhas. E, repetindo o que foi dito em outros posts, ficar em casas de família é a melhor experiência que alguém pode ter ao visitar esta parte do mundo.
Viagem ao centro da Terra No meio disso tudo ainda encontramos tempo, em dias diferentes, para conhecer aquelas que são tidas como das mais legais cavernas da Europa, numa região repleta de montanhas de calcário. A primeira, Postojna, é a maior, com 21 km de extensão (apenas 5,7 km abertos para o público), e que comporta 700 pessoas em cada hora de visita. Pegamos, provavelmente, lotação máxima. Um trem te leva por uns 10 minutos para o interior da caverna, e o restante é feito a pé. O lugar é lindo, diferente, mas a grande quantidade de pessoas, divididas em grupos em várias línguas, dá ao lugar um quê de Montanha da Fantasia do Playcenter. Já as Skocjan Caves, por
outro lado, são menores, mas talvez mais impressionantes que as primeiras, com grandes câmaras percorridas a pé e uma ponte com mais de 50 metros de altura não recomendada para quem sofre de vertigem.
Três países, uma hora A idéia era finalizar a região com dois dias no litoral, no caso o mesmo Adriático que nos encantou na Croácia. Sem ter idéia do que encontrar, dirigimos para Trieste, no norte da Itália, mas desistimos cinco minutos depois. É uma Guarujá piorada, com trânsito infernal e indústrias dando um ar acizentado ao local. Sem pestanejar voltamos à Eslovênia, para ver como é seu litoral de 47 km de extensão. Achamos as praias até bonitas, mas a escassez de espaço transformou as cidades ou em caras demais ou com estilo resort-chique, opções fora dos nossos planos. E assim voltamos à Croácia, dessa vez para o norte. Paramos em Novi Grad para curtir mais um pouco desse lindo país, dessa vez em uma região que vê poucos estrangeiros, com preços mais baratos e uma água que continua linda (e agora mais quente).
Sobre como não andar de gôndola em Veneza De Ljubljana, partimos para nossa última parada na Europa:
a cidade dos canais. Chegar em Veneza foi uma epopéia. Envolveu uma viagem de trem mal-dormida em plena madrugada, cachorros farejadores, um dono de albergue mau-humorado e um calor de 34 graus de rachar o coco. Mas foi o local que representou o fim da nossa viagem, cinco meses e uma semana após sairmos da Nova Zelândia. A escolha da cidade, para sermos sinceros, deveu-se mais ao fato de termos encontrado um vôo barato para voltar para casa do que pela nossa curiosidade em conhecê-la. Mas foi curioso notar que começamos a viagem em uma cidade (Bangkok) famosa por seus canais e barcos e terminamos em outra, guardada as devidas proporções, com características parecidas. Assim como na capital tailandesa, tivemos boas experiências em Veneza.
A cidade é grande, cheia de ruelas e canais, e carros só circulam no que seria a periferia. Na falta de veículos, moradores adotaram os barcos, que servem para tudo: transportar pessoas, mercadorias, turistas para os hotéis, bem como fazer a coleta de lixo, ajudar a polícia na patrulha e o papel de ambulância. É curiosa, histórica e, sendo na Itália, é garantia de oferecer uma grande cozinha. Já o romantismo vendido pelas agências de
turismo vai de cada um. Há bastante lixo nas ruas, alguns canais fedem a esgoto e há filas de turistas para entrar em qualquer atração. Sem contar que o tráfego daqui é de gôndolas, no geral lotadas de asiáticos. Detalhe: meia hora no barquinho custa entre 80 e 90 euros. Um tuk-tuk em Bangkok, ao menos, não saia por mais de R$ 5.
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Flávia
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quero ir pra Eslovência!
hahahahaha. Lindoooo demais! E o fechamento da viagem em Veneza...nota 1000! Amei os 2 dias que passei por lá em 2008. E sim, voltei sem ter passeado de gôndola...sem noção o preço! rs. beijooos!