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Published: June 25th 2010
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Deixamos a Croácia para trás com um gostinho de quero mais. O clima não foi muito camarada nos últimos dias e nosso roteiro (já com algum atraso) nos mandava para a Hungria. E foi de trem que chegamos a uma região que não estava nos nossos planos, mas que se mostrou interessante por diversos motivos. O Lago Balaton não é apenas a maior concentração de água doce da Europa (descontando aí os países nórdicos), como também faz o papel de litoral que o país não tem. E, por tabela, nos deu a chance de vivenciar um pouco os hábitos locais, uma vez que a região, mesmo turística, está fora da rota dos estrangeiros. A ponto de um local, bastante viajado, ter ficado impressionado de encontrar brasileiros por essas bandas.
Fixamos residência em Siofok, talvez o único amontoado de casas ao redor do lago que possa ser chamado de cidade. Charmosa, com chalés rústicos e muita área verde, Siofok tem tudo o que você espera de uma cidade de inverno, mas com uma água relativamente quente para garantir sua parcela de visitantes nas outras estações do ano. Pegamos, aqui, um dos pores-do-sol mais bonitos da viagem.
Mas são os bares
ao longo de uma grande rua paralela à orla que fazem a fama da cidade. Caixas de som e mesas na calçada disputam à tapa a clientela, enquanto meninas em micro-roupas dançam em palcos em frente aos estabelecimentos. A cidade sabe como explorar todo esse sex-appeal: postais estampam mulheres de biquínis e outras lembranças eróticas em forma de souvenir são encontradas nas barraquinhas. Tudo isso, mais a superlotação (era feriado quando chegamos), deram um clima sexual-bizarro à pequena Siofok, e nos forçávamos para lembrar que estávamos na Hungria. Os drinks eram baratos, porém, e a experiência foi divertida.
Siofok se foi e, junto com Macedônia, Montenegro, Albânia, Bósnia, nosso conceito de Europa “alternativa” ficava para trás. Estávamos, afinal, em direção a Budapeste, já há algum tempo no roteirão dos brasileiros que se atrevem a atravessar para o Leste. Desde o início a nossa viagem tem se caracterizado por paisagens naturais, e as grandes cidades acabam entrando mais por estarem na rota de passagem do que por algum interesse maior de nossa parte. Mas assim como Bangkok, Hanói e Istambul, Budapeste não decepcionou. Pelo contrário. A imponência de sua arquitetura, seus museus e catedrais top de linha, suas ruas largas,
Museu do Terror
Comunistas sendo toruturados, comunistas torturando um povo simpático e desencanado, e o majestoso rio Danúbio de cenário para isso tudo, fazem dela das grandes cidades do mundo.
Um passado recente tortuoso (invasão soviética, nazista e quatro décadas de comunismo) deixou cicatrizes marcantes em Budapeste, mas ao invés de um monstro disforme, a cidade adquiriu uma unidade arquitetônica invejável. Seus grandes prédios, a maioria de influência do antigo império austro-húngaro, se espalham pela metade comercial e mais agitada, Peste. Para se ter uma idéia, Andrássy Ut, avenida que é uma espécie de Champs Elysees de Budapeste, é inteira patrimônio da UNESCO. É como se boa parte da cidade fosse formada por Museus do Ipiranga. Cada prédio, estátua, praça são meticulosamente planejados e preservados. Destaque para a colossal Basílica de São Estefan e o gótico Parlamento, inspirado no Westminster de Londres.
E, meio fora do roteiro, mas talvez nosso ponto alto, o Museu do Terror. Uma casa imensa, primeiro utilizada pelos nazistas para torturar comunistas e depois pelos comunistas para torturar seus adversários, foi transformada em um dos museus mais legais do mundo. Interativo, moderno, high-tech, conta histórias das invasões soviética, alemã e do governo comunista na Hungria. Seu subsolo preserva intactas as celas onde
aconteciam as torturas e enforcamentos.
Na mesma Andrássy Ut entramos numa bela roubada. Os subsolos da avenida abrigam a linha mais antiga de metrô da Europa. Nada de muito especial. Mas essa história de self-service na hora da compra de passagem para transporte público quase nos deu uma bela dor de cabeça. Uma lida bem por cima nas regras nos fez comprar o bilhete errado, e uma fiscal mal-humorada tascou uma bela multa para nosso grupo. Não houve má fé mesmo (em Zagreb andamos de graça na cara dura, mas a cidade inteira fez o mesmo), mas não havia nada (ou quase) que pudesse mudar a idéia da infeliz. Depois de muito choro, ela deixou o erro passar, não sem antes cobrar o pagamento de três pessoas, entre as sete que viajávamos.
Nosso dia 2 foi dedicado ao lado mais residencial da cidade, Buda, que abriga um complexo que inclui um castelo, outra catedral, mais algumas dezenas de prédios suntuosos. É daquelas claras armadilhas para turistas, mas com um ar tão despojado que em nenhum momento chega a incomodar. Entre Buda e Peste, um Danúbio bem acima do seu nível normal inundava trilhos de trens e já ameaçava
algumas casas. Mas nada que impedisse os locais de tomar um vinho assistindo ao pôr-do-sol às margens do rio. Um espetáculo. Vale destacar que, cidade à parte, os húngaros são dos povos mais gente boa da região. A população é jovem (como em todos os outros lugares por onde passamos), sorridente e prestativa. Contamos mais de uma vez as ocasiões onde locais se ofereceram para nos dar coordenadas ou outras dicas sobre a cidade.
Fechamos três dias incríveis com uma atividade tradicional húngara: um banho termal. O prédio é histórico, estiloso, e abriga piscinas com temperaturas diversas. A experiência é impagável. Lembra, num primeiro momento, um SESC Itaquera, mas com o passar do tempo percebemos que a atividade é mais relaxamento do que diversão. As roupas estão velhas e a aparência ganhando ares mais ripongas, mas quem disse que mochileiro não pode ter umas horinhas de luxo?
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Driks
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Com certeza está entre o top 5 da viagem... E valeu por lembrarem da ZL (Sesc Itaquera). É nóis! rs