Fim de semana à francesa em Biarritz


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September 12th 2010
Published: October 26th 2010
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Biarritz!Biarritz!Biarritz!

Plage de la Côte des Basques
O verão continuou setembro adentro, trazendo dias ensolarados, ainda longos, e calor, uma combinação ideal para novos passeios no litoral. Dessa vez arrumei companhia: Rodrigo (vulgo japonês), brasileiro (mais um) que estuda Eng. De Alimentos na UFSC e também está aqui para cursar o 3º ano. Somos ao todo 6 brasileiros na ENSCBP, mas deixarei para apresentar os demais num próximo post. Voltando à viagem: eu queria praia, ele é surfista, então não foi difícil escolhermos Biarritz - ‘a capital francesa do surf’ como o destino do final de semana.

Biarritz situa-se na região do país basco francês (Pays Basque), cerca de 2h de trem ao sul de Bordeaux. Antigo porto pesqueiro, trata-se hoje de uma cidade elegante e dinâmica, que abriga desde competições internacionais de surf até festivais de arte. Confesso não parei muito para me informar a respeito (ainda estava sem acesso à internet), e fui com a expectativa de uma simples localidade praiana, mais animado com a ideia de ver o mar do que a cidade em si. Pois bem.

O albergue de Biarritz situa-se a menos de 10 min a pé da estação de trem, que por sua vez fica uns 4km afastada do centro da cidade,
Bela vistaBela vistaBela vista

Golfe, mar e montanhas ao fundo.
num bairro com ares de vila interiorana - La Negresse: um vale, bem arborizado, repleto de belas casas e aquele ar tranquilo. O albergue em si localiza-se num belo terreno, em frente a um parque, uma região bastante agradável, cujo inconveniente é a distância até o centro; há ônibus que passam ali perto e fazem o trajeto, mas as linhas deixam de operar por volta das 20h - 21h. A diária saiu por 19,50 € com café da manhã e roupa de cama inclusos. O check-in nos quartos só é realizado após as 17h, então saímos para passear levando tudo o que trouxemos: duas mochilas e uma prancha.

Resolvemos seguir a pé até a praia mais próxima, que segundo nos informaram ficava a 20 min, usando o parque como atalho. Obviamente, levamos mais tempo, pois desviamos do caminho para ir atrás de uma bela construção no alto de um morro - o Château d’Ilbarritz, como viemos a descobrir, um hotel e clube de golfe luxuoso. Devíamos ter imaginado só pelos carros que vimos passar enquanto subíamos. Ali do alto a vista era magnífica: para além do verdejante campo de golfe via-se o mar e, ao fundo, as silhuetas dos
Praia de la MiladyPraia de la MiladyPraia de la Milady

Com maré baixa. Na maré alta, só o que se avista são as pedras maiores.
Pirineus Atlânticos, parte final da fronteira natural que separa a França da Espanha, onde as montanhas mergulham no oceano.

Descendo o morro chegamos à praia d’Ilbarritz, a mais ao sul de Biarritz, e então seguimos rumo ao centro, vendo as praias no caminho: Milady, Marbella, la Côte des Basques... Um detalhe curioso é que as praias são todas delimitadas por um sistema de bandeiras: a área entre 2 bandeiras azuis indica a zona de atuação dos salva-vidas (para fora dela é por sua conta e risco), bandeiras verdes com um círculos vermelho indicam área para surfistas (ou seja, proibido banhistas) e por aí vai, fora os painéis indicativos no acesso às praias avisando onde é área rochosa e onde há correntezas mais frequentes - se acontecer qualquer incidente, não dá para dizer que foi por falta de aviso! As praias são ora arenosas, ora de pedrinhas, ora mistas (o mais comum), separadas geralmente por áreas pedregosas que deixam a paisagem ainda mais interessante. Como o litoral basco é todo escarpado (ao contrário das planícies arenosas intermináveis das Landes), o caminho ao longo do litoral é cheio de subidas e descidas e, quando percebíamos, já estávamos bem acima do nível do mar, o que proporcionava um belo visual.

Após a Côte des Basques começa, enfim, a região central da cidade, localizada entre 2 pontas, a do porto e a do farol. Na primeira encontra-se o ’Rocher de la Vierge’ - Rochedo da Virgem, um dos pontos mais famosos. Trata-se de um rochedo que avança no mar em cujo topo foi erguida, há muitos anos atrás (acho que foi feito de algum Napoleão, mas não tenho certeza), uma imagem da Virgem Maria. A imagem em si é pequena e não mereceria tanto frisson, mas é a vista que se tem de lá o real motivo de sua fama: em dias limpos, vê-se todo o litoral basco francês e mais além, desde a costa espanhola até as dunas das Landes. Em frente situa-se o Musée de la Mer, um museu/aquário que dizem ser bem interessante (suas focas são famosas), mas que não chegamos a entrar.

A região do porto - Port des Pêcheurs , com suas formações rochosas no mar e encostas cobertas por jardins, é um passeio extremamente agradável rumo à Grand Plage. Essa, apesar do nome, não é a maior, mas, se não é a mais famosa, era ao menos a mais frequentada. Nela situam-se também dois dos prédios mais conhecidos da cidade: o cassino municipal, na esquerda, e o Hotel du Palais, luxuoso, no canto direito. Havia um festival de dança acontecendo durante o final de semana, logo um grande palco fora montado ao lado do cassino, e na hora em que chegamos alguns dançarinos ensaiavam ali. Após carregarmos a prancha o dia todo, resolvemos parar e curtir a praia - cada um na sua bandeira, obviamente.

Já era mais de 19h quando pegamos o ônibus de volta ao albergue, para deixarmos as coisas e nos arrumarmos para sair à noite. Durante a janta conhecemos um irlandês, já um pouco mais velho, com quem fizemos amizade, e logo estávamos os três no ônibus (o último da noite) rumo ao centro. Ele chegara há pouco e iria embora já no outro dia pela manhã, então demos uma volta antes para lhe mostrar a Grand Plage e arredores, e em seguida fomos ver onde estavam as pessoas da cidade. Passamos num Irish pub e depois num outro bar que estava bem cheio (não lembro mais o nome), cujo público era bastante eclético: havia pessoas de todas as idades
O 'fim' da FrançaO 'fim' da FrançaO 'fim' da França

Aquela montanha à direita já se encontra em território espanhol.
e, como descobrimos ao longo da noite, de várias nacionalidades - espanholas e suíças, para citar algumas. Tivemos que pegar um táxi para voltar, mas como estávamos em 3 não saiu caro (uns 12 € no total).

Apesar de termos dormido tarde, às 8h do domingo já estávamos de pé para o café da manhã (melhor que o do albergue de Bordeaux: o pão não era duro, havia iogurte e uma 2ª variedade de cereal!). O tempo estava bom, contrariando as previsões iniciais de chuva, então nos despedimos do irlandês e voltamos para a praia de Ilbarritz, a mais próxima do albergue. O mar não estava forte nem a água muito gelada, bom demais! Agora já posso até dizer que me banhei numa praia com vista internacional.

A tarde foi destinada a conhecer o restante da cidade, isto é, andar um pouco mais pelo centro e seguir para o norte, até o farol. Se por um lado Biarritz não tem aquela arquitetura basca típica, como pode ser vista em Bayonne ou em inúmeros vilarejos da região (casas brancas com telhados, janelas e portas vermelhas), as construções são harmoniosas e condizem com a condição de balneário elegante, de forma
Vista do centroVista do centroVista do centro

Tirada no alto do farol
que passear a pé pelas ruas é bastante agradável.

O farol encontra-se no extremo norte da cidade (após já começa a vizinha Anglet), e já da ponta onde ele se situa tem-se belas vistas: Biarritz e a costa basca ao sul, Anglet e a costa das Landes ao norte. Paguei 2,50 € para subir, e lá do alto a vista era ainda mais espetacular, mas é necessário preparo físico para subir os inúmeros degraus estreitos. O tempo fechou nessa hora (tenho uma sorte incrível quando subo nesses observatórios), então as fotos não ficaram tão boas, mas valeu a pena mesmo assim.

Como tínhamos ainda algum tempo, continuamos a caminhada rumo à Anglet. Ali o litoral, embora ainda ligeiramente escarpado, torna-se mais retilíneo, então as praias não são tão bonitas quanto as de Biarritz (mas as ondas estavam melhores, segundo o Rodrigo). Após o breve passeio, já era hora de voltar ao albergue e seguir para a estação - foi apenas um final de semana, mas fizemos tanta coisa que pareceu ser bem mais!

Quanto ao título do post, talvez alguém já tenham imaginado, mas cabe uma explicação. No sábado, ao voltarmos para o albergue, tínhamos pouco tempo
Eu e RodrigoEu e RodrigoEu e Rodrigo

Anglet ao fundo
para jantar e tomar banho se quiséssemos pegar o último ônibus rumo à cidade. Resolvemos comer antes, e como isso nos tomou mais tempo do que o esperado, não daria tempo para o banho (e ainda estavam usando o banheiro do nosso quarto). Para piorar, nenhum dos dois tinha levado desodorante, então só trocamos de roupa e saímos assim mesmo. No domingo, ao voltar da praia, já tínhamos feito check out do quarto, e viemos a descobrir que os banheiros comuns (nos corredores) não tinham chuveiro. Então... o banho ficou para a noite, em casa. Vive la France, viva a cultura francesa! =P



Obs: Queria, inicialmente, escrever o título do post em basco, mas após muito procurar, em vão, um tradutor de basco gratuito na internet, resolvi deixar para lá. Para os curiosos de plantão, é possível utilizar a wikipedia (sim, há uma versão basca também!) para ter uma ideia de como é essa língua misteriosa, que não tem nada a ver nem com francês nem com o espanhol. Não faço ideia de como seja o sotaque, mas eis algumas palavras:
- Centro da cidade > Hiri barnea
- Beira-mar > Itsasbazterra
- Praia basca > hondartza euskal

- França > Frantzia



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Photos: 31, Displayed: 28


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Rocher de la ViergeRocher de la Vierge
Rocher de la Vierge

Podiam deixar o artista dar uma retocada na imagem da Virgem, para ela aparecer melhor nas fotos!


26th October 2010

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Meeeeeeeu! Irado TUDO! Muito massa Luis, sabe escrever muito bem! Aposto que se eu nao estivesse com minhas passagens na mão pra ir sexta feira, estaria no site pra comprar! ;)

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