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Published: January 2nd 2013
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Brasileiros, certo?
O palpite certeiro de Adam, o vendedor de tickets para um passeio turístico, nos pegou de surpresa. Não havia nada que pudesse embasar o chute do sujeito, das roupas que usávamos à língua, já que sequer havíamos aberto a boca. Os turistas brasileiros também estão longe de ser maioria nos Emirados, o que descartava a hipótese de ele nos conhecer por conta de algum comportamento típico. Não havia mesmo qualquer base e ele explicou que a escolha pelo Brasil foi pelo fato de não parecermos exatamente com nenhum povo com características, digamos, mais clichê. Tentamos o troco. Quênia? Costa do Marfim? Belize? Começamos bem. Adam é natural de Camarões e é apenas um dos 80% de imigrantes que compõem essa cidade de 1,8 milhão de habitantes, a mais importante desse catadão de emirados chamado Emirados Árabes Unidos.
Tem um pouco de tudo por aqui. A mocinha que serve o café nasceu no Quênia, o motorista é paquistanês, o recepcionista do hotel veio da Tunísia. Tudo isso torna Dubai 1) um caldeirão cultural muito interessante e 2) é praticamente impossível, como várias pessoas fizeram questão de frisar, conhecer um verdadeiro nativo da cidade. Mas o que é realmente
importante saber desse lugar? Primeiro que Dubai é o mais rico e importante dos sete emirados que formam o país, que nunca chegou a ser colônia de ninguém mas foi um protetorado britânico até meados do século passado. Segundo, que é uma nação islâmica e aplica a sharia para seus cidadãos, mas é bastante tolerante em comparação a regimes mais fechados como o da vizinha Arábia Saudita, aceitando inclusive outras religiões.
Os EAU só perdem para o Bahrein e empatam com o Catar em PIB per capita, basicamente por conta da descoberta de petróleo lá pela década de 60. O óleo explica tudo: da riqueza exagerada da cidade à necessidade de se atrair mão de obra do mundo todo para trabalhar em algum dos muitos projetos megalomaníacos espalhados pela cidade. Tudo é um pouco exagerado, o que levou a BBC a classificar a extravagância como um estilo de vida local. Estamos no meio do deserto, com areia invadindo as ruas, e mesmo assim não faltam parques e canteiros centrais verdejantes, alimentados por água dessalinizada - mais de 70% da água consumida em Dubai vem do mar, o que cria a incrível situação de uma garrafa de água custar mais
Felipe estuda o mapa
Com o Burj Al-arab ao fundo do que um litro de gasolina.
Basicamente, Dubai se divide em duas metades nada equivalentes. Jumeirah, a parte nova da cidade, é a resposta árabe para Miami. É onde se encontram dezenas de construções para lá de exageradas, como o Burj Khalifa, o prédio mais alto do mundo, com 828 metros e 162 andares, e o Burj Al-Arab, um hotel 7 estrelas em formato de vela náutica ao vento - são tantos edifícios, e tão altos, que São Paulo chega a parecer quase uma cidade de casas. A região também concentra a maioria dos inúmeros shopping centers da cidade. Entre eles, o Dubai Mall, que com suas 1,5 mil lojas é destacado pelos locais como o maior do mundo, o Wafi Mall, construído em formato de pirâmide do Egito, e o Palm Jumeirah, que mais parece uma atração da Disney.
Em poucos anos, mais um centro de compras - já alardeado por todos os guias turísticos - será concluído: uma réplica do Taj Mahal, só que três vezes maior do que o original. A venda da cidade como um destino de consumo é trabalhada sistematicamente pelo governo, a ponto de os shopping centers entrarem com destaque exagerado (e,
pelo menos pra nos, cansativo) no roteiro do ônibus que deveria levar os turistas para as principais atrações turísticas da cidade.
Voltando à cidade, Deira e Bur Dubai, que compõem o centro antigo de Dubai, são outro mundo. Museus, ruelas, antigas construções árabes, pequenos prédios de dois andares e várias feiras ao ar livre (as souks, onde é possível comprar de ouro e prata aos mais diversos condimentos e temperos) compõem o cenário. Vendedores ambulantes tentam barganhar e vender seus produtos a todo custo enquanto outros simpáticos sorriem a fim apenas de um bom papo. Mulheres cobertas dos pés à cabeça, nas mais diversas variações (de um simples véu a um aparato de ferro que mais parece uma focinheira) andam lado a lado com seus maridos vestidos de turbantes e longos roupões de algodão branco. Um fim de tarde passeando em um dos dowghs, antiga embarcação utilizada há séculos para transportar mercadorias de um lado a outro do rio, com o chamado para a reza em uma das milhares da mesquitas logo ao fundo, dão um charme especial para a ultramoderna Dubai.
É claro, foi depois de conhecer a parte antiga e tradicional que nos encantamos pela cidade.
E ainda lamentamos não ter programado estadia longa o suficiente para um dia de passeio em Omã...
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Julio
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Loko
E aí!!! Que da hora tudo aí hein!!! Bem exótica essa cidade...adorei as fotos! Abreijo