Chiquettova ou Dattova?


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July 5th 2010
Published: July 6th 2010
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Se esta dupla de viajantes fosse Tcheca e se casasse, Clarice adquiriria o sobrenome Dattova, ou seja, "mulher de Datt", mudando o seu sobrenome de solteira, Chiquettova ("filha de Chiquetto"). Isso, caso não fosse uma mulher moderna; se fosse, adotaria apenas Datt. Assim é a República Tcheca, um país cheio de tradições, que tenta encontrar uma nova identidade e se adequar ao mundo contemporâneo.

Durante nossa estada por aqui, felizmente tivemos a oportunidade de escutar essa e mais tantas outras histórias diretamente de locais, já que ficamos hospedados na casa de uma amiga Tcheca com quem estudamos na Nova Zelândia, Jana (Jirickova, já que é filha do seu Jirickov). Entre uma cerveja e uma comida típica (e que comida!) pudemos ouvir a história da garotinha que ia ao mercado com a mãe morrendo de vontade de comer maçã, mas cada família só podia comprar uma por semana, ou do rapazinho que era ensinado a chamar a "tia" de camarada em seus primeiros anos na escola, até a queda do comunismo, no início dos anos 90, quando ela passou a ser apenas a professora.

Por nossa conta, enquanto os tchecos trabalhavam, começamos o tour pelo no País exatamente no Museu
turistas esperandoturistas esperandoturistas esperando

os anjos do relogio, o corneteiro
do Comunismo, localizado no centro de Praga, ironicamente atrás do maior Mc Donald’s da cidade. Muito bem equipado com fotos, cartazes, estátuas, trajes e objetos da época, conta a história do movimento na antiga Tchecoslováquia desde o surgimento até a queda. Hoje, pouco resta na cidade que faça qualquer referência a estes anos. Praga é moderna, apesar dos edifícios antigos de arquitetura austro-húngara, cheia de vida e pessoas do mundo todo. Mesmo os antigos blocos comunistas, um pouco fora do centro, são bem preservados, pintados e abrigam apartamentos modernos por dentro - foi num desses que ficamos hospedados, aliás.

Tida por muitos como a cidade mais bonita da Europa (uns incluem até Paris na mesma lista), Praga faz jus à fama. Com suas dezenas de alamedas, ruelas de paralelepípedo, casinhas, praças e prédios imponentes, é realmente linda. Entretanto, não conseguimos sentir aqui a tal "magia" da cidade tão propagada pelos locais. Praga é linda, mas o charme de Budapeste e o encanto de Hanói ainda nos cativaram mais. Talvez seja pelo número exagerado de turistas.

Voltando à nossa jornada, do museu do comunismo pulamos para outro, muito mais específico: o do Kafka. Super tecnológico, o espaço mantém documentos
relogio astronomicorelogio astronomicorelogio astronomico

janelas abertas de hora em hora
e escritos originais do próprio, além de traçar a historia da vida do escritor e de sua família, mostrar seu envolvimento com a cidade e como esta influenciou suas histórias.

Entre idas a museus, castelos, jantares e bebedeiras com os tchecos aproveitamos um telão enorme instalado pela Hyundai na praça principal da cidade (Old Town Square) para acompanhar os jogos da Copa. Além das partidas em si, o divertimento era observar as diferentes torcidas e suas manias -- holandeses e suas comemorações frias, coreanos e seus "oooohhh"s, mexicanos e sua festa. Como Praga reúne centenas de pessoas do mundo todo, cada jogo era como se a arquibancada tivesse lotada com a torcida do país em campo. Nessa, vimos o jogo do Brasil contra a Costa do Marfim. Na praça, só brasileiros e um marfinense, que fazia mais barulho que todo o resto, até que saiu o primeiro gol...

No mesmo local, o famoso relógio astronômico badala a cada hora enquanto anjos aparecem em suas "janelinhas". Do alto, um corneteiro, vestido a caráter, toca quatro vezes, de cada lado da torre, como nos tempos medievais. Do outro lado do rio, cruzando a Charles Bridge, está o castelo de Praga, um mundo à parte. Não é sequer preciso entrar em alguma das atrações que ele oferece para se entreter no espaço. Como se fosse uma pequena cidade, apenas andar por suas ruelas e admirar as construções antigas já vale. Foi o que fizemos três vezes durante os quatro dias que tivemos na cidade.

Além Praga

Da capital fizemos um day tour para uma pequena cidade vizinha, Kutna Hora. O local seria apenas mais uma cidadezinha qualquer no interior de qualquer país europeu não fosse por um famoso ossuário que arrasta uma quantidade razoavelmente grande de pessoas todos os anos para lá. A história começou quando a família Schwarzenberg, sabe-se lá como, adquiriu um pequeno monastério na cidade, em 1870. Nos jardins dessa igreja estavam os ossos de mais de 40 mil pessoas enterradas ali há séculos devido a um suposto caráter sagrado da terra local. Sem saber o que fazer com a ossada, o novo casal proprietário pagou um artista tcheco para transformar esses restos humanos em arte. E daí nasceu o Monastério de Sedlec, um dos lugares mais pitorescos pelos quais passamos na viagem toda, uma mistura de cemitério aberto com cenário de filme do Tim Burton.

Após outra catedral gótica (St Vitus) com arquitetura pra lá de diferente, por sugestão de Jana, fizemos uma rápida parada em Cesky Krumlov, na divisa com a Áustria. Cortada mais de uma vez pelo mesmo rio, a cidade é atração do país para esportes aquáticos, o que a deixa lotada quase o ano inteiro. O rio serpenteia a cidade toda e forma uma espécie de ilha no meio das ruas e praças principais. Com suas casinhas de madeira e um belo castelo de pano de fundo, a cidade é saída direta das histórias da carochinha.

Para nós, no entanto, o maior atrativo foi o local onde nos acomodamos. Ficamos em meia-dúzia de lugares bizarros nessa viagem. Em Split (Croácia), ainda com os amigos, nos foi dada uma casa de dois andares, de caráter ambíguo. O quarto de baixo inteiro azul com temas marinhos. O de cima preto e vermelho, com duas camas de casal, com decoração de corações e figuras geométricas estranhas. Duas irmãs comandavam o business; a mais normal no quarto de peixinhos; a louca no da pomba-gira. Já em Cesky Krumlov, a decoração mesclava estátuas budistas, aborígenes australianos e fumaça de insenso. Nas paredes, pinturas de
mochileirosmochileirosmochileiros

ja cansados...
mulheres de barba e/ou pelos nas axilas. Estes últimos também atributos da pessoa que comandava a pousada, que se intitulava artista avant-gard. Matia, uma figura magra, de cabelos curtos e voz andrógina nos confundiu a cabeça. Será que chamamos de ele ou ela? Esperamos quietos para não dar gafe. Quando o ser falou em filhos, nos perguntamos: é mãe ou pai? Demorou uns 10 minutos para aparecer outra figura bizarra, o marido, para nos dar conta de que Matia era a mulher.

Passagem rápida pela Áustria

O dia e meio que passamos em Viena serviu, mais uma vez, para quebrar um pré-conceito. Imaginávamos a cidade cheia de prédios antigos, população mais velha, quieta, praticamente um museu - muito bonito, mas ainda assim um museu. Pois é, de novo, erramos. Agitadíssima, cheia (de jovens, velhos, crianças), a cidade é lotada de outdoors, prédios novos lado a lado com antigos, carros e bicicletas para todo o lado.

Conseguimos, com um pouco de correria é verdade, ver todas as principais atrações da capital austríaca. Um palácio grandioso, o Schönbrunn, o zoológico da cidade (que fica nos jardins do palácio e permite que os visitantes praticamente encostem nos animais, de tão perto que eles podem chegar da grade), a St. Stephen's Cathedral (ou Stephansdom, em alemão) e seu teto todo desenhado, um "bar de praia" no meio da cidade (onde vimos o chatíssimo jogo de Brasil e Portugal) e o que mais chamou nossa atenção: o quarteirão dos museus. O espaço é uma mistura de centro cultural com praça, onde diversos museus foram construídos lado a lado, e um amplo espaço aberto no meio, cheio de bares e grandes "sofás" modernosos, permite às pessoas beberem, conversarem, dormirem, jogarem bocha ou trocarem figurinhas da Copa. Um belo lugar para passar qualquer tarde.

O único porém (e daí não sabemos se a impressão é pelo fato de termos ficado pouco tempo por aqui), é que a cidade carece do charme de Budapeste ou da característica beleza de Praga, pra ficarmos com dois exemplos recentes. A primeira consegue aliar apelo comercial com preservação do patrimônio de forma mais amena - Viena, em algumas avenidas principais, lembra partes de São Paulo, com muitas lojas e outdoors impedindo as pessoas de verem a arquitetura. Já Praga consegue acomodar os turistas de forma mais viável, onde uma caminhada de quatro horas é suficiente para cobrir as atrações básicas. Em Viena, tudo é muito espaçado, o que, damos o braço a torcer, torna as coisas mais legais pois te incentiva a alugar uma bike, um dos transportes mais populares da cidade. Um grande dia e meio, ainda que não tenhamos saído apaixonados daqui. Talvez devêssemos ter ficado um pouco mais.


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telhado pintadotelhado pintado
telhado pintado

Stephansdom (St. Stephen's Cathedral)
corneteirocorneteiro
corneteiro

nao eh a cara do Harry Potter?
brasaobrasao
brasao

em ossos
coralcoral
coral

Com o Museu Nacional ao fundo (Praga)
trajes tipicostrajes tipicos
trajes tipicos

Idade Media


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Outdoors
AA.. não temos mais outdoors bom eu gostava dos da marginal =P
9th July 2010

Outro lugar que ficou com gostinho de quero mais! Muito legal ter conhecido essas peculiaridades com uma local...
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cidade bonita

wien fhoto

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