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A decisão de misturar, em um mesmo post, Eslováquia e Polônia, deve-se a dois motivos. O primeiro é por pura preguiça mesmo, já que escrever e escolher fotos para dois textos toma um tempo danado. O segundo é que esses dois países realmente têm algo em comum. No caso, dividem o Tatra National Park, uma larga cadeia de montanhas que é espécie de resort de inverno/estação de esqui do pessoal daqui. Falaremos disso em alguns instantes. Bom, e o terceiro (só tinha falado dois?) é que eles foram todos comunistas e temos assunto a falar a esse respeito.
Algumas burocracias atrasaram nossa saída de Budapeste e acabamos chegando a Bratislava tarde demais para aproveitar o dia. Bratislava é aquele tipo de cidade que, tivesse a Tchecoslováquia se mantido unida, não teria motivos para entrar no roteiro de muita gente - talvez no máximo um
day trip de Viena, distante menos de 50 km. Mas como se tornou a capital de um novo país, acabou ganhando seus cinco minutos de fama. Fama essa causada, sobretudo, pela atração de muitos jovens, sobretudo do oeste europeu e, sobretudo, ingleses em busca de baladas e bebidas baratas. O fenômeno, claro, não é exclusividade de
Bratislava (Praga, Cracóvia, Budapeste, Liubliana também estão nessa), mas talvez tenha sido aqui onde tenhamos visto a maior concentração de jovens em busca de vida noturna até agora.
Sua Old Town, embora diminuta, é realmente interessante e abriga algumas construções históricas. O barato, porém, é ficar caçando umas estátuas espalhadas pelas ruas. Tem o fotógrafo, o observador, um trabalhador saindo do bueiro. Besteira pura. Um castelo num morro adiante é o principal cartão postal da cidade, mas pulamos essa parte (inteiro remodelado, parece um convento), e fomos para um muito mais interessante e histórico na pequena Dévin, alguns quilômetros fora da capital.
O curioso em Bratislava é que, exceção ao pequeno centro, o cenário ainda é mais ou menos como na época do comunismo: um quê industrial demais, vários blocos de apartamentos, um cenário até certo ponto acinzentado. Foi a maior variação arquitetônica entre uma Old Town e seus arredores entre todas as cidades do Leste até agora. Mas, diga-se, nada exagerado e foi bom derrubar mais esse estereótipo. Qualquer resquício comunista por esta região está morto e enterrado (algumas vezes só se esqueceram de demolir), e as cidades da região se parecem basicamente com as do Oeste
principal atracao
a escultura, claro - históricas e modernas, cheias de bares e restaurantes e, no caso desse lado, com muita gente jovem. Não há nada down, sujo ou deprê. A (nossa) conclusão é que deve ter havido um
baby boom com o fim do comunismo e isso, hoje, dá uma nova cara à região.
Nas montanhas Depois de uma jornada de trem por um cenário lindo, chegamos ao que nos trouxe à Eslováquia. O Tatra National Park, com 60 quilômetros de extensão e 15 de largura, é um parque com quase 30 montanhas com mais de 2 mil metros de altura dividido entre a Eslováquia (três quartos do total) e Polônia, com esqui e outras atividades de neve no inverno e caminhadas durante os meses quentes. O curioso é que as montanhas surgem do nada, em meio a uma geografia de planaltos baixos. E, nos pés delas, vilarejos se espalham aqui e ali oferecendo toda a sorte de conforto para os viajantes.
Algumas dessas cidades oferecem teleféricos para as montanhas, com opções de trilhas e a volta por outro vilarejo. Foi o que fizemos: dormimos em Stary Smokovec, nos deslocamos para outra vilazinha, subimos de teleférico para conferir um lago a
1,8 mil metros de altitude e, após uma trilha de mais de duas horas, estávamos de volta ao conforto de nosso quarto de hotel estilo chalezinho. O dia valeu pela trilha, sem dúvida, mas por outras duas atrações infanto/retardado/juvenis: o Tratrabob, uma montanha-russa em que você controla a velocidade do seu carrinho, e um patinete em que você desce morro abaixo na velocidade que bem entender - e que conseguir manter o controle do brinquedo.
Pelas mesmas montanhas atravessamos a fronteira (item de luxo na Europa moderna, diga-se... nossos passaportes estão no fundo da mala desde Montenegro), e chegamos à simpática Zakopane, na Polônia. A cidade é mais ou menos aquilo que Campos do Jordão gostaria de ser: charmosa, bem cuidada, com chalés daquelas fotos de calendário, e um inverno de menos qualquer coisa que realmente justifica as pessoas usarem pesadas roupas de frio (alô classe média paulistana). A cidade é linda, o parque nacional está ali atrás, ou seja, vale a visita.
Desde que cruzamos a fronteira deu para perceber como o polonês, apesar de uma cara gasta e sofrida, é um povo gente boa. E que curte culinária pesada: filé de porco enrolado em bacon e
com ovos fritos é um dos pratos típicos (um dos nossos amigos encarou), sem contar todos os outros que envolvem porco, bacon, batata e um maldito de um queijo defumado que lembra provolone, mas é melhor que o próprio.
Como se não bastasse, Zakopane e seus moradores também são interessantes por terem conseguido manter viva a cultura polonesa até hoje, mesmo com todos os anos de ocupação do País nos séculos 19 e 20. Com uma ou outra exceção nos Bálcãs, desde que deixamos a Turquia não víamos pelas ruas aqueles "personagens típicos"; no caso daqui, especialmente senhoras com seus panos enrolados na cabeça, longos vestidos coloridos com avental, cintura larga e um sorriso grudado no rosto. Bom, resolvemos misturar a Polônia com a Eslováquia dada à geografia, mas vamos terminar nossas histórias polacas no próximo post. Culpa dos nazistas.
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Aline
non-member comment
eu fui, vi e fiz compras aí...!