15 de Abril de 2008 - em que a autora inicia a sua viagem; os aviões, essas coisas pesadas; a verdura da Irlanda; choque cultural; as fugas de gás em Belfast


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Published: May 26th 2008
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Belfast


15 de Abril de 2008, 7.37 da manhazinha (fresca, fresca), Estação de Coimbra B, à espera do “Alfa Pendular 121 - 10 minutos de atraso”


Bem, cá estou. Nunca pensei que houvesse tanta gente acordada antes das 7 da manhã (gente com ar de operário, que olhavam com inveja e/ou desprezo para a minha enorme mochila de 10 quilos, cheia de comidinha portuguesa meat free para a Sónia).

Afinal, há desconto de Cartão Jovem para o Alfa Pendular. E eu que passei a semana a insultar os bons senhores da CP. 1.50 em 15 euros, dá quase para comprar uma casa. Ou um Jaguar. Num país muito, muito pobre. Ou, pensando bem, nos Estados Unidos, daqui a uns mesitos. O que importa é que criei um mito urbano, involuntariamente. Tornei-me parte da lenda. E ainda não saí de Coimbra...

(estão a anunciar o atraso com a voz fanhosa do costume. Afinal isto de vir com séculos de antecedência até foi boa ideia).

O que não foi nada boa ideia foi ter pensado que um casaco era bastante para aguentar o friozinho matinal. Tudo para não parecer uma bola de roupa suspeita no aeroporto, para que não me revistem a mala e encontrem as temíveis queijadas portuguesas, que arremessadas ao piloto do avião podem fazê-lo chocar contra alguma coisa importante, digamos, a Disneyland Paris. Ouch, e matar o Mickey e a Minnie e os outros todos...

Tiritar de frio no clima tropical português - devem estar uns estivais 9ºC - faz-me temer a hipotermia fulminante mal pouse as minhas Nike em Dublin. Ser um cubo de gelo humano proveniente de um país de terceiro mundo e quarta categoria não me parece uma boa primeira impressão.

Dizer que hoje vou estar em Dublin parece-me tão irreal como , sei lá, como se de repente a Serra da Estrela explodisse numa erupção (não, nunca ninguém tinha reparado que a aparentemente inofensiva montanha era um vulcão adormecido, cursos em Universidades Duvidosas têm destas coisas). Aliás, Sérrá dá Istrêlá. Depois de séculos a encarar o vizinho do lado com ódio e ressentimento pelos apaneleirados dos Filipes, vamos ser atacados por trás (wie Deutschland) e pelo mar (as England). E será que as novelas da Globo transmitem mensagens subliminares, lavagens cerebrais, like Pórtugal foi colonizado nu sécúlo dizásseix pelo Brásil, cára.? Tenho a certeza que sim.

Também me parece irreal ir para o Porto, sozinha, a esta hora miserável na qual devia estar a deitar-me e não na estação de comboios,n ao frio, com uma mochila cheia de comida ao lado (ainda vou aparecer nos jornais como “a Contrabandista das Queijadas”.

E porque raio na escola nunca ninguém nos explicou como raio os aviões, essas coisas brancas tipo supositórios de toneladas com asas, voam? Nunca nos ensinam as coisas realmente úteis...

Tudo à minha volta - todos - têm um ar de quem vai trabalhar, estudar, ir ao Norteshopping, ir mandar a queca semanal com a amante do Porto. Mais ninguém tem mochilas que gritam ADEUS, PAÍS NOJENTO!.. hum, um casal estrangeiro de mochilas às costas. Yeh.

Eis o Pendular. Paragem em Aveiro e Gaia. Prefiro de longe os Interregionais. São muito mais baratos e... bolas, uma recordação remota - enjoo nos Pendulares? Apertados e claustrofóbicos... (se desse para dormir... preciso mesmo de dormir, mas não consigo.)

Carruagem 5, Lugar 55. À janela, de frente. Música manhosa, Rhianna, parece-me. (o meu grau de conhecimento do que a nova geração ouve na vertente comercial é zero.)Uma hora de viagem. Uma tv? Praias, sol, paraquedistas?

11ºC lá fora, 25º dentro. 7.58. E estamos a andar. Hum. Riscos de aviões no céu. Muito alto, mesmo (som de engolir em seco)

8.08

É tão bom andar de comboio à espampanante velocidade de 215 km/h.

8.19

“Next Stop: Aveiro”. A tv está a passar publicidade ao turismo em Portugal. Vá para fora cá dentro. Muaahahahah. So long, suckers!

11. - Aeroporto Francisco Sá Carneiro (nome infeliz para um aeroporto, realmente - Sacadura ou Armínio Sá Carneiro têm um tom muito mais evocativo da matéria aérea), Gate 18

Eis-me em terreno inóspito, após quase uma hora de metro (greve...), a olhar para aviões que, se bem que mais pequenos do que eu imaginava - a não ser que o sono me provoque problemas de perspectiva... -, continuam com um ar tão ou mais pesado do que as minhas previsões. O detector de metais apitou à minha passagem (brinco? Óculos? Granadas de bolso? Nunca saberei), e fui apalpada por uma senhora, mas as queijadas estão em segurança, e isso é que interessa. Embarque às 11.45, tempo para mandar os últimos toques e sms's sem o idiota do rooming.

Não foi tão complicado como eu julgava que fosse. Até alguém muito burro se desenrrascaria bem neste aeroporto, porque
1. Há indicações para tudo, aí umas dez vezes, basta seguir as setas
2. Temos pessoas a indicar o caminho, mal damos a mínima expiração de experação desorientada
3. É impossível ir para outro caminho que não o previsto, se bem que há sempre a possibilidade de perder tempo à procura do portão de embarque, ainda mais quando este está atrás de um guinchet a dizer “Passaportes”. Sim, é preciso que o Estado saiba que vou sair do país. Argh.

Estão uns matraquinhos ali ao fundo, máquinas de venda de comida (melhor não - já me estava a dar a náusea no Pendular), portanto, o que falta mesmo é descolar.

(onde raio é Basel?)

Os meninos que vi na estação de Coimbra B também vieram para o aeroporto, mas não vão nem para Dublin nem para Basel, seja lá onde isso for. Meninos, i.e., casal. As minhas hormonas continuam lindamente desligadas).

Um Air France a passear-se pela pista...

Tenho de pensar em ir para a fila do boarding, mas é tão cedo e está-se tão bem sentado... E quatro míseros seres não podem ocupar todos os lugares bons do avião, certo?

Dublin parece-me agora mais palpável, se bem que a indicação da temperatura local - 8ºC - me pareça quase mais assustadora do que meter-me dentro de um pequeno avião apinhado de gente.

Tenho claramente de fazer isto mais vezes, é divertido (viajar, não estar a relatar feita idiota todos os pensamentos que me trespassam enquanto faço tempo...). - que raio de língua soa a hip, hip, háp?. Um Mundo Desconhecido à espera de ser explorado... se bem que os ingleses chegaram primeiro, mas pronto. Eu não me importo.

Não vejo nenhuma balança, o que é um óptimo sinal.

FR 7073. Como é que consegui viver tanto tempo ser andar de avião, bolas? Uma coisa que vejo tantas vezes no cinema, se bem que espero não encontrar tiroreios, a Jackie Brown a passear-se de azul, o Tom Hanks a dormir nos bancos do aeroporto (desconfortável, claramente) ou - muito menos - o Samuel L. Jackson a agarrar cobras. É que tenho fobia ao Samuel L. Jackson, ainda mais a maltratar bichos.

Aeroplane parece-me um bom filme em que pensar. Yap.

Há um aviso a explicar o queue system, mas está interdita a zona onde está afixado e, voilá, sou míope. Discriminação...

Continuo a não acreditar que passei sem problemas com esta comida toda. Depois admiram-se de os terroristas desviarem aviões. Menosprezar assim o poder de um pastel de nata bem direccionado.... E que tal começar a aliviar um bocado o peso da mochila no autocarro para Belfast? Hum...

O que me lembra que dentro de algumas horas estarei num english-speaking country, pela primeira vez na vida. Nota: evitar dizer fuck com tanta frequência. O mais próximo que estive do UK foi quando a Inglaterra jogou contra a França em Coimbra, no Euro 2004. Lá andava eu a passear-me entre os cámones e os francius, com um sorriso nos lábios e o dicionário enorme de Latim nos braços... (exame nacional nesse dia, tive 19, quero crer que há uma relação directa entre os acontecimentos).

E poderei encher a mala, na vinda, com revistas de cinema decentes! Yeh! E comer fish & chips, e encontra a Rainha num supermercado irlandês! (pouco provável - ela tem, decididamente, o ar de quem faz sempre compras online).

Ali vai um avião da Ryanair descolar... feliz ou infelizmente,
Isto é um centro comercialIsto é um centro comercialIsto é um centro comercial

(e não, não estou a fazer uma homenagem a Magritte...)
não dá para ver o acto em si.

Vou voar, vou voar, vou voar! Yeh!

ARGGGHHHH

AHAHAHAHAHAHA! Eu vi-o! O avião, a descolar! Quase perpendicular ao chão!!!!

E abriu o portão de embarque da EasyJet, para Basel. Que raio se fará em Basel, e porque vai tanta gente para lá? Isto atormenta-me ainda mais do que a indicação Free Wi-Fi (ai o meu computadorzinho, tão longe de mim...)

(mesmo estranho seria um sinal a dizer Free Willy, mas não me estou a ver angustiada e/ou atormentada com isso.)

Os aviões da TAP são mesmo sinistros, com todas aquelas cores...

E se as queijadas rebentarem em pleno voo? E se não são mesmo queijadas????

Esqueci-me: afinal há metro directo Campanhã-Aeroporto. Quer dizer, há nos dias normais. Como hoje houve greve, tive de fazer o percurso que vi na net. Por isso a minha criação fantasionista até que estava certa.

E eis que chega o avião da EasyJet, laranja e branco, com luzes a piscar.

9ºC em Dublin. Deve andar tudo de T-shirt.

Não acredito que estava preocupada com o tamanho da minha mochila. Ela até que é minúscula, comparada com o malão que chegou, que pode esconder na perfeição aí uns dois cadáveres.

As escadas de embarque para o avião têm um ar pouco sólido... Amarelas e brancas...

Uau, pessoas a saírem do avião da Easyjet.

Vou começar as despedidas do chão, em geral, e do país, com um enorme prazer particular.

Aquelas turbinas são assustadoras. E quentes (estacionou um avião da EasyJet à frente do nosso Gate.

Ainda não acredito que vou mesmo entrar numa coisa daquelas.

Oh, um avião amarelo com um smiley na cauda. Que querido...

11.46

Chegou o meu avião. Eles chamam... Adeus, mundo cruel!!!


17.42- Belfast, European Bus Station

À espera da Sónia. Desiludida, está um sol tremendo.

Voar é porreiro, se bem que as nuvens e o mar, ao fim de duas horas, se tornam francamente aborrecidas. Aterrar é horrendo.

Única atrapalhação da viagem, por enquanto: como raio sair do aeroporto de Dublin e encontrar o autocarro para Belfast. Atrofio, atrofio, atrofio. Felizmente, mal dei com a saída uma mulher de colete dirigiu-se a mim e indicou-me o bus para Belfast, decerto alertada para o meu ar exótico e desorientado (e ensonado). Sim, aqui há pessoas contratadas para ajudarem os pobres seres que conseguem efectivamente dar com a saída do aeroporto... (e não ficam lá presos para todo o sempre)

A Irlanda propriamente dita (i.e., República da Irlanda) é um pouco como o centro-sul de Portugal, só que mais verde, mais plana, vacas mais giras e um melhor gosto para casas (e ovelhas. Muitas ovelhas).

Já a Irlanda do Norte tem as casas mais lindas que já vi, e tive de parar de tirar fotos, porque eram demasiadas casas bonitas seguidas...

E sim, guiam ao contrário. Ou seja, sentei-me no autocarro no pior lado para tirar fotos.

(espero que a Sónia me encontre)

E sim, missão queijadas completed. Ou migalhas de queijadas, vamos lá ver...

A PARTIR DESTE MOMENTO, NÃO HOUVE MAIS TEMPO PARA REGISTAR IMPRESSÕES DETALHADAS DE VIAGEM. OS DIAS FORAM TERRIVELMENTE PREENCHIDOS E, APESAR DAS NIKE, OS MEUS PÉS TÊM-SE RESSENTIDO DA ENORME QUANTIDADE DE SOLO IRLANDÊS QUE OS TENHO FEITO PERCORRER. AS DESCRIÇÕES SEGUINTES BASEIAM-SE EM APONTAMENTOS RÁPIDOS ESCRITOS À PRESSA NA NOITE DE CADA UM DOS DIAS, PODENDO POR ISSO SER DE CERTO MODO ROMANCEADOS PELO CONHECIMENTO POSTERIOR, OU MESMO EM FALTA DE ALGUNS PEQUENOS DETALHES QUE FARIAM TODA A DIFERENÇA. SORRY...

Depois da Sónia me ter ido buscar, fomos ao Tesco's, que é uma espécie de Minipreço britãnico, e onde comecei a ter o clash cultural (perceberam, “clash”? 😉 Sim, é tudo idiotamente caro. À primeira vista os preços - alguns - até que parecem normais, até nos apercebermos que o sinalzinho à frente dos números não é € mas sim £. Ouch. Não há peixe fresco, apesar de estarmos numa ilha; há Kit-Kat de mentol, laranja e cappuccino - sim, porque a única coisa em que os preços são relativamente baratos são mesmo os chocolates. A Cadbury, aqui, é uma marca tipo Nestlé, o que significa iogurtes Cadbury, cereais Cadbury, e tabletes QUADRADAS, numa de 8x8.

Só há iogurtes de banana, morangos e frutos vermelhos em geral. Sim, há Danone. Rexona é Sure, Olá é Halls.

A fruta compra-se À PEÇA e não ao quilo. Ou seja, o primeiro senão do Reino Unido. 25p uma maçã, ou seja, um dinheirão.

As moedas de libra são estranhíssimas. Por ordem de tamanho, da mais pequena à maior: 5p, 1p, 20p, 1£, 10p, 2p, 50p e 2£ (salvo erro, porque com estas últimas ainda não tive contacto, só sei que são enormes e parecidas com as moedas de euro.)As notas... há 5 variedades diferentes, consoante o banco a que pertencem. Há umas que parecem notas de monopólio de tão coloridas que são, e outras que têm como face a família do director do banco. E não valem absolutamente nada fora da Irlanda do Norte. Não, nem na ilha do lado. Por isso, que melhor desculpa para as gastar sem problemas de consciência?

Há uma enorme variedade de pão, sobretudo de forma, com nozes, soja... maravilhoso. Até há pão de batata (eles aqui são obcecados com batatas, é melhor avisar já) e vários tipos de panquecas feitas e embaladas.... (preferidas até agora: syrup pancakes).

As Maryland (as minhas preferidas double choc biscuits) são 75p. E há miniaturas. E After Eight de Milk Chocolate, com a caixa azul em vez de verde.

Falando de outras coisas além de mercearia, as casas são baixinhas, de tijoleira, com chaminés características - fazem lembrar uma certa parte do Monty Phyton: The Meaning of Life. Sim, esse mesmo segmento... All the sperm is sacred...

Os autocarros de dois andares são rosa, e chamam-se Metro.

O City Hall tem um Eye à frente (uma cópia descarada do de Londres), e é imponente. A Queen's University parece um enorme palacete de campo da época Tudor. Melhor, parece O palecete de campo dos Tudors.

Chegámos a casa, devorámos as queijadas, tirei o dinheiro das sapatilhas, bebemos chá e saímos, em direcção ao Ormeau Park, que é uma coisa enorme e verde, e relvada, com campos de tudo e mais alguma coisa (ténis, basquet, rugby, um parque infantil com chão fofinho...)... Uma delícia. Vimos pessoas a andar de bicicleta, a correr, a passear os cãezinhos (que estão sempre bem tratados e com um sorriso estúpido no focinho). Fomos até ao fim do parque e voltámos, para dar com portão... FECHADO A CADEADO. Sim, porque eram 20.05, e o parque fechava às 20.00. Sharp on time, really. Primeiras horas em Belfast e já fechada dentro de alguma coisa com a Sónia (que é uma expert nestas coisas, ela que já tinha ficado fechada na biblioteca e na Primrose). Felizmente que, do outro lado, ainda havia um portão minúsculo aberto.

Depois visitámos o Departamento de Teatro e Cinema, Queen's Film Theatre. Wow. Primeiro, têm um cinema no rés-do-chão, com títulos recentes (The Orphanage, There Will Be Blood, Love in the Time of cholera, etc etc), e com bilhetes a 3£ (menos para estudantes). Ou seja, têm um cinema alternativo no próprio departamento, e ganham dinheiro com ele. Depois, salas de teatro completamente equipadas e salas de ensaio também deliciosamente equipadas - cortinas, som, luzes... E tudo aberto depois do departamento fechado, ou seja, qualquer um pode entrar e começar a ensaiar. Delicioso, mesmo.

Em frente ao Queen's é a Students Union, a modos que a AAC do sítio. Que - previsivelmente - não tem nada a ver. Portas de madeira, um snack restaurante no rés-do-chão (onde estava alguém a tocar guitarra), juntamente com um pequeno supermercado, uma Oxfam, livrarias, farmácias...No andar de cima, um bar que costuma transmitir programas de rádio e televisão em directo. Depois, salas e salas para os vários clubes se poderem reunir, cheias de cadeiras, e janelas do tamanho da parede (não como os mastodontes de betão que serão o futuro Colégio das Artes de Coimbra). Sim, porque aqui têm o belíssimo hábito das janelas gigantes (para poderem desfrutar da pouca luz que conseguem ter.

Depois fomos passear-nos pelos famosos Irish Pubs. A cidade é plana, e parece mais uma vila do que a capital da Irlanda do Norte. É agradável passear à noite nas ruas, ver as raparigas irlandesas de pele cor de laranja (mau auto-bronzeador) a passarem semi-nuas, polícias armados até aos dentes, etc etc. Fomos primeiro ao Starbucks (mim need coffeeeeee), depois ao Empire, onde só entrámos para ver o ambiente (música ao vivo, mas nada particularmente kéltico) Estivemos alguns minutos sentadas num, do qual não me relembro o nome, mas tinha alcatifa, e coisas irlandesas (aliás, como todos) - uma coisa boa é que podemos entrar num pub, sentarmo-nos e não precisamos de beber nada, porque não há consumo mínimo e/ou serviço de mesa (quem quer alguma coisa tem de ir ao balcão pedir). Após contar à Sónia como anda a porcaria do nosso país e universidade, fomos em direcção ao Hatsfield, o pub mais bombástico (literalmente) do mundo, sem contar com as ameaças de bomba. Mas ao passar pela casa, vimos um menino do gás a bater à nossa porta, com um ar desesperado e louro, e decidimos ir abrir a porta ao desgraçado. Pelos vistos os vizinhos queixaram-se do forte cheiro a gás que saía da porta do prédio (a Sónia vive no primeiro andar), e ele foi ver o que se passava. Lá andou com uns aparelhómetros a medir a pressão do gás, a ver se descobria de onde raio vinha o cheiro, etc etc. Apercebi-me que é verdade o que dizem, eles tratam toda a gente por love - Open the water, love; can I go to the kitchen to confirm if there's not a gas leek there, love? Tudo isto num sexy sotaque irlandês, que é uma coisa que revolve as hormonas de qualquer pessoa - e dizem yous como plural de you, o que é estranhíssimo.

Foi muito tempo a olhar para o rapazinho a trabalhar, mesmo. Por fim resolvemos deixá-lo lá com o seu relatório e ir ao Hatsfield, procurar a verdadeira música rebelde irlandesa, mas tudo o que ouvimos foi a velha música comercial e viemo-nos embora. Aproveitámos para passar por um take-away para eu provar o prato nacional do Reino Unido: fish & chips com uma garrafa de meio litro de Coke. Ora bem: as chips são enormes, e o fish é basicamente um filete de bacalhau fresco um bocado sensaborão, mas estava à espera de pior. Portanto, primeiro contacto gastronómico ultrapassado.

Já regressadas a casa e prontas a dormir, voltou-nos o cheiro a gás aos narizes, e, paranóicas as duas, a Sónia resolveu telefonar à companhia para mandarem alguém para ver se resolviam a coisa. O que juntou uma money leek à gas leek, já que esses números de telefone são de valor acrescentado. Eu entretanto adormeci, enquanto a Sónia esperava pelo engenheiro (he's a local, he must be arriving in an hour or so, don't worry) e fazia a famosa Banoffy Pie, a tarte preferida da Rainha e da Princesa Diana (poshy).


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30th May 2008

Viajar sem parar!
Li este teu primeiro relatório de viagem, e adorei. Tão bem! Deve ter sido a loucura! Eu também queria andar a conhecer o mundo, mas acho que dispensava a parte do avião! LOL. A viver grandes aventuras, sua maluca!! Fazes bem! fica bem. bjs
4th June 2008

ja pensaste em escrever um livro de viagens?;)
16th June 2008

ROTFLMAO Comecei a rir-me com os «apaneleirados dos Filipes» e, a partir daí, foi o descalabro. Já me dói a barriga de tanto rir! :))) E VIVA BELFAST! (E os irlandeses sexys, btw...) * Andreia
11th July 2008

Mas então não actualizas o diário? As aulas já acabaram!
4th October 2008

boa ideia!
Acho que a Lília tem razão! Escreveres um livro de viagens! Isso é que era! Até podias ganhar uns trocos para as propinas! LOOL. LOUCURA TOTAL!!! fica bem!

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