Visita à Rota dos Frescos no Alentejo


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October 31st 2009
Published: December 4th 2009
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Visita à Rota dos Frescos no Alentejo

Visita à Rota dos Frescos no Alentejo : 16 de Outubro 2009




“A Associação Porto-Bristol, depois dos êxitos que obteve nas anteriores visitas que este ano promoveu, continua na rota certa pois que a recentemente efectuada novamente nos revelou o talento organizativo da Anabela e do Peter.

A partida, marcada para as 7.00 horas de 16 de Outubro passado, obrigou todos os participantes a uma madrugada. Quando o despertador tocou tive vontade de mandar o passeio às malvas.

Chegados noite cerrada ao local de partida, como o mini-bus ainda lá não se encontrava, tivemos que nos abrigar da forte ventania e do frio que pressagiavam um dia desagradável. Porém o Peter que deve ter boas relações com o seu homónimo da corte celestial conseguiu que Ele nos proporcionasse três dias maravilhosos.

Partimos à hora aprazada e após cinco horas e meia de viagem, geralmente aproveitadas para retomar o sono interrompido, chegámos finalmente à Pousada de Alvito instalada num antigo castelo do século XV, onde já nos esperava a Doutora Catarina Valença Gonçalves, guia que com tanta simpatia e eficiência nos acompanhou nos três dias da visita.


Descarregadas as malas,
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Pousada de Alvito
partimos rapidamente a pé para o vizinho restaurante “O Buraco da Zorra”, nome bem apropriado porque a nossa fome era negra como uma zorra de carvão e os nossos estômagos também tinham um buraco.

A sala onde almoçámos foi considerada aconchegada por alguns, mas extremamente apertada por outros. Suponho que a escolha foi intencional para que não exagerássemos nas migas com carne de porco.

A nossa guia mal nos deu tempo a tomar o cafezinho fazendo-nos abalar para a Igreja Matriz de Alvito. Reconstruída na sua quase totalidade no século XVI conciliando vários estilos do gótico ao barroco, passando pelo manuelino, pelo renascimento e pelo maneirismo. A sua originalidade resulta do conjunto dos diversos tipos de revestimento no seu interior, nomeadamente o azulejo, a talha e a pintura mural, sobre a qual a nossa guia se deteve especialmente.



Em seguida fomos visitar a Ermida de S. Sebastião, patrono da peste, construída no século XVI no estilo gótico-mudejar, para proteger os habitantes dessa epidemia.

Interiormente as suas paredes estão nuas mas o tecto abobadado está inteiramente decorado com belas pinturas murais de anjos tocando instrumentos musicais da época.



Situadas sob a ermida e terrenos adjacentes existem as Grutas do Rossio, grandiosas pedreiras medievais donde se extraíam as melhores mós do reino, que também visitámos sob animada e curiosa descrição da sua guardiã Dona Arlinda.



Regressámos à Pousada para um almejado descanso muito reclamado por alguns de nós.

Por volta das 19 horas iniciámos curta caminhada para o Papa-Borregos onde nos foi servido um lanche ajantarado composto por caldo verde, petiscos regionais, água e vinho da Vidigueira. Parece que a água teve menos saída que o vinho, pois que o Grupo de Cante Alentejano que actuou durante a refeição se tornou muito mais animado com a inclusão de alguns de nós sob a regência do Peter.



E assim terminou animadamente o primeiro dia deste nosso passeio.

Pelas nove e vinte horas do segundo dia, bem radioso, após o pequeno-almoço na pousada, saímos no autocarro, sempre acompanhados pela nossa eficiente guia, para visitarmos nos arredores da cidade de Portel a Capela de S. Brás, do século XVI. As paredes e o tecto, em abóbada de berço, eram totalmente revestidos com pinturas murais que não foi possível restaurar
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O Grupo de Cante Alentejano
inteiramente. As pinturas da capela-mor representam episódios da vida do seu padroeiro. Nas pinturas vegetalistas do tecto foi inspirado o logótipo da Rota dos Frescos do Alentejo.


Nas paredes entre outras belas pinturas destacam-se as de Santa Apolónia e de Santa Madalena. Funciona hoje como capela mortuária por ter sido construído um cemitério ao seu lado.



Após se ter tirado uma fotografia ao conjunto dos 17 participantes desta visita, acompanhado da guia, retomámos os nossos lugares no mini-bus para visitar as ruínas romanas e Santuário de S. Cucufate na freguesia de Vila de Frades, onde chegámos cerca das 11:30 horas.

Antiga vila romana do século I revela vestígios de uma primeira ocupação no Neolítico final, sofrendo transformações diversas ao longo dos séculos. No piso térreo apreciámos as pinturas murais existentes em salas abobadadas que teriam servido para armazenar talhas de vinho, de azeite e outros produtos agrícolas da região.

Na época medieval, a ocupação religiosa transformou a vila romana num convento, em honra de S. Cucufate, o santo padroeiro que lhe deu o nome.



Como, pasme-se, este complexo monumental está fechado aos sábados, domingos e
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Santuário de S. Cucufate
feriados, só tivemos possibilidade de o visitar devido à boa vontade da Dona Gracinda que nos facultou a entrada e ainda nos ofereceu uns biscoitos regionais confeccionados na padaria da Dona Joana, sua mãe.

Saídos de S. Cucufate dirigimo-nos apressadamente à dita padaria, com medo que se esgotasse o seu delicioso pão alentejano, as pupias e as suas outras especialidades, o que realmente terminou por acontecer. Bom negócio para a Dona Joana!



Já mitigado o nosso apetite com alguns biscoitos abalámos para o restaurante “A Encruzilhada” em Vila de Frades onde nos aguardava um bom ensopado de borrego e, novamente, vinho da Vidigueira.

Seguimos depois para Cuba onde visitámos a sua Igreja Matriz, consagrada a S. Vicente que se encontra representado num painel de azulejos existente na frontaria. Tem uma só nave, planta rectangular e abóbada de berço. As paredes laterais encontram-se completamente revestidas com azulejos do século XVII, no estilo tapete na parte inferior e constituindo 21 belíssimos painéis representando cenas bíblicas, na parte superior. Fomos acompanhados nesta visita pelo Professor Nuno Soute que nos ministrou uma extraordinária lição.


A meio da tarde alguns elementos do grupo assistiram
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Santuãria Nossa Senhora de Aires
à missa celebrada na Igreja de S. Luís de Faro do Alentejo e apreciaram as pinturas murais do seu interior enquanto outros optaram pela ficar à fresca na esplanada de um café próximo.

Esta igreja data do século XVI e encontra-se revestida com excelente pintura mural em praticamente todo o interior. Na nave, junto ao arco que a separa da capela-mor foram aplicados no século XIX dois simples altares de madeira que infelizmente escondem parte da pintura mural. Desta destacamos as figuras de S. Miguel pesando as almas do Purgatório e de Santiago Mata Mouros.



Regressados à Pousada ainda tivemos algum tempo para repouso antes do bacalhau conventual que nos foi servido no seu restaurante.

Após o jantar o grupo dispersou-se, recolhendo uns aos seus quartos, efectuando outros um passeio pela vila, optando ainda alguns por uma partida de bridge. E assim terminou o segundo dia do nosso passeio.

O terceiro dia da nossa visita começou pelas 9 horas com a partida para o Santuário de Nossa Senhora de Aires, protectora dos animais e das colheitas, importante monumento barroco, contrastante com a típica arquitectura das igrejas alentejanas e que a
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Castelo + Igreja Matriz, Viana do Alentejo
muitos fez lembrar a Basílica da Estrela. As paredes da Sala dos Milagres e os corredores contíguos que se desenvolvem para ambos os lados encontram-se totalmente revestidos com ex-votos constituindo um dos conjuntos mais completos do país.



Seguimos para Viana do Alentejo onde começámos por visitar o Castelo, do século XIV e, no seu interior, a Igreja Matriz, do tipo salão, com um belíssimo pórtico manuelino, os seus azulejos e pinturas. No pátio apreciámos um bonito cruzeiro, também manuelino e descemos para o Paço de que vimos a parte que não se encontrava em restauro.


Saímos do castelo pela porta mais próxima do centro da vila e dirigimo-nos para a olaria do Sr. Feliciano Agostinho onde uns adquiriam algumas lembranças, outros mitigavam a sede num café da praceta próxima ou descansavam sentados à sombra.

O autocarro levou-nos depois para Vila Nova da Baronia, onde vive a nossa guia e se encontra a sede da “Rota do Fresco do Alentejo”. Aí almoçámos no restaurante “O Camões” - entradas regionais, açorda de cação ou lombo de porco assado, doces regionais e vinho de Pias.

Despedimo-nos então da guia agradecendo-lhe os ensinamentos que com tanta dedicação e simpatia nos proporcionou. Como lembrança e no intuito de a sensibilizar também para a beleza do nosso Norte oferecemos-lhe o livro “Douro”, de António Barreto com fotografias de Emílio Biel, Alvão e de Maurício Abreu.

De seguida iniciámos o regresso ao Porto.

Dado o êxito deste passeio espero que a Associação Porto-Bristol organize brevemente um novo, permitindo-me sugerir que seja mais atenta à sua designação, pois este em lugar de fresco só teve calor alentejano.

À Anabela e ao Peter os meus agradecimentos.

Maria Fernanda Figueiredo - Outubro de 2009



Additional photos below
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Pousada de Alvito
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O vizinho Restaurante “O Buraco da Zorra”


6th December 2009

Enriquecimento CULTURAL
Depois de termos lido este interessante relato da nossa querida Amiga Fernanda Figueiredo, ainda ficamos com mais pena de não termos podido particiar nesta maravilhosa iniciativa, que veio mais uma vez demonstrar o bom gosto da ANABELA edo PETER na escolha de itinerários culturais , para descoberta de tantas riquezas que o nosso país tem e que muitas vezes desconhecemos PARABÉNS a TODOS Maria Fernanda Lima Martins que o nosso paí tem e que muitas vezes desconhecemos

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